sábado, 23 de fevereiro de 2013

Festa de Xailes



(1)

Xaile

Eu tenho um xaile também.
Não é de seda, é de lã.

Herdei-o de minha mãe.
Foi nele que me embalou
Ao som de uma canção.
É nele que me embrulho
Se estou triste ou sinto frio,
Fica calmo o coração
Mas toda eu me arrepio.
Falta-me ouvir a voz terna
Que me embalava a cantar:
“Papão não faças barulho,
Não me vá ela acordar”.
Ai, falta-me a voz materna,
Doce como um rouxinol,
Quente, como é o sol
Num dia quente de Verão
Alegre como a manhã.
Eu tenho um xaile de lã.



(2)


Os Xailes são abraços

Xailes são abraços.Pontas sem nós
Sem laços...

Riscos de seda no ar.
E mesmo sem nós querermos.
Os xailes são danças.
voltas e reviravoltas
de vida, 
que ajudam a sonhar.




(3)

O xaile da minha avó

Eu quero andar embrulhada
No seu xailinho de seda
Aquele que a avó sempre leva
Quando vai à descamisada.
E quero levá-lo ao baile
P´ra nele abraçar o meu par
Avó, deixe-me embalar
E adormecer no seu xaile!



(4)

O meu xaile de sonho

Eu tive um xaile de seda
Que em tempos me fez sonhar
lembra-me sempre de ti
de tudo o que não quero largar
Eu tive um xaile de seda
que cheirava a Amor
tinha a cor do meu sangue
e uma ponta de oiro em cada flor
que afinal nunca foi meu
embrulhei-o com força no peito
e no coração que é teu.



(5)


*****

Trago, hoje, a história ou histórias do Xaile de Seda escritas e dedicadas, há um ou dois anos, pelas amigas Maria, Mariana Reis, George Sand e Histórias de Nós. Histórias retiradas do baú das suas recordações e do imaginário, sentimentos de carinho que a visão de um xaile suscita. 

Se, nesta Quinzena, que já vai longa contra todo e qualquer calendário, pretendemos tecer um Xaile de Afectos, vide post de 4 de Fevereiro, a verdade é que ele já vem sendo tecido, com o vosso contributo, há uns setecentos e tal dias. Pois é, o doce, prémio cobiçado :) e não alcançado, ficará para melhores dias. Será que o suspense continua?


Meus amigos:

Vêm aí mais poemas e prosas poéticas.

Entretanto, desejo-vos um excelente fim de semana.

Abraço

Olinda


Imagens Internet:(1)desacatos e desevolturas. Blogspot.com (2)sandrawaihrichtatit.blogspot.com (3)vagalume.com.br (4)cafeportugal.ne (5)lisboameninaemoca.blogs.sapo.pt (As imagens serão retiradas se ferirem susceptibilidades ou implicarem direitos de autor. -Agradecimentos)

16 comentários:

  1. Parte da nossa indumentária de 1950. Depois começou a cair em desuso.
    Lembro que as senhoras levavam um xaile grosso pelas costas quando iam à missa.
    A minha mãe tinha uns poucos e eram todos pretos.
    Hoje ninguém os está usando.
    Era o sitio melhor para adormecer. Os braços da minha mãe e o calor daquele xaile grosso.

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  2. Bonitos poemas. Curioso que nunca me lembro de ver a minha mãe de xaile, e ela tinha-o. Decerto porque a memória o associou a algo mau e apagou daela a visão de minha mãe com ele vestido. Explico. Quando minha mãe tinha 57 anos sofreu um AVC tão intenso que a deixou paralizada por 27 anos até à sua morte. E o que lembro é que ela de Verão ou inverno sempre queria quando a sentavamos na cadeira de rodas ou no sofá, um xaile de lã preto com umas riscas bordeaux que tinha em casa. E já velhinho comprei-lhe uma mantinha, mas ele rejeitou-a e continuou a querer o xaile. Penso que esse facto ficou de tal modo gravado na minha memória que apagou tudo o resto.
    Eu tinha um xaile pequenino rosa. O xaile onde me embrulharam no dia do batizado. Há 5 anos atrás dei-o juntamente com algumas roupinhas do tempo em que o meu Pedro era bebé, para uma mãe que precisava. Nesse mesmo ano no Verão a minha sogra deu-me um xaile, que ela fez dum lenço minhoto, acrescentando-lhe uma barra de croché e as respetivas franjas.
    Um abraço e bom fim de semana

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  3. Muito lindo Olinda.

    Eu tenho um xaile de seda :)

    Beijinhos

    Ana

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  4. Oi Olinda.
    Venho te felicitar por nos presentear com xales poéticos.
    Ao ler os poemas e ver as imagens,lembro de minha irmã quando bem pequena, usando um xale bege.
    Por ora, um fraterno abraço e um beijo.

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  5. adorei este momento...


    Lágrima

    Lágrima marota
    Cai no meu rosto
    E vai rolando...
    De mansinho...
    Por toda a cara...
    Vai saboreando...
    E vai deixando
    Um pouco de água
    Um pouco de sal...

    Sal de amargura...
    Mas que é necessário...
    E, assim vou ficando
    Com o rosto mais doce...
    Com o rosto molhado
    E vou sentindo...
    Lágrima marota.
    O teu rolar...
    E vou gostando...
    Que te sirvas de mim
    Para te acostares...
    E quando quiseres
    Podes voltar!...

    LILI LARANJO


    Depois de limpar a minha lagrima coloco um sorriso e deixo-te um beijo com muito carinho...

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  6. Olinda, venho deixar um abraço, e também deixar um beijo.
    Lindos xales, lindos poemas, que adornam teu blog.

    Habita em nós um universo vibrante, apaixonado,
    A alma cintila nas energias, e a fonte é o coração.
    O corpo desperta um dia, e à luta vai preparado,
    Desponta num alvorecer, renasce com toda paixão.

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  7. Minha amiga que festa de encanto e charme em xailes e poesia.
    Bom restinho de domingo
    Beijinhos
    Maria

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  8. Além das poesias lindíssimas, o xaile que faz parte de uma grande parte do folclor português. Os de seda são um encanto.
    Delicioso este seu post, Olinda.
    Bji

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  9. Olá Olinda,
    Depois de ver o outro comentario, voltei para dizer que esteja à vontade.
    Bji

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  10. Sempre gostei imenso de me envolver em capas, écharpes, xailes...e de ser abraçada pelas costas.

    Um excelente domingo,querida amiga.

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  11. O xaile fez desfilar um mundo de recordações!
    ------
    Que a felicidade ande por aí.
    Manuel

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  12. Amiga Olinda,

    Lindíssimo este post onde a poesia e as imagens se aliam na perfeição a essa peça do vestuário feminino que tanto encanto dá à mulher.

    Ficarei à espera de mais, tal como foi prometido.

    Beijinhos

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  13. Olá amiga Olinda!
    Há um fado que diz " o xaile de minha mãe que me aqueceu com carinho, mais tarde serviu também p'ra agasalhar meu filhinho.."Ora, também eu tenho xailes feitos pela minha mãe e que são um encanto!
    Claro que os de seda e bordados têm um ar mais chic. Obrigada pela partihla.
    Abraços.
    M. Emília

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  14. Adorando aqui
    ja seguindo
    voltarei com certeza.
    Bjins
    Catiaho Reflexo d'Alma

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  15. E a festa de xailes já começou, Olinda com estes lindos poemas a eles dedicados. Gosto muito de xailes; a minha mãe faz muitos e deu às netas uns feitos de seda e com brilho; ficaram lindos para usar em ocasiões especialis. Eu também já fiz alguns de crochet, mas em lã macia; houve um Natal em que fiz nove para oferecer. Agora...estou muito preguiçosa para trabalhos manuais. E, amiga, vaqmos lá então continuar a festa e ver afinal o que aí vem...." o suspense continua " Um beijinho e boa noite
    Emília

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  16. A beleza da subjetividade, onde cada uma decompõe e traça seu "Xaile" muito particular, onde cada fio no entrançado da vida, vai tecendo a beleza da unicidade, formando essa bela composição! Lindos, lindos, Olinda!

    Beijo!

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