segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

SOBERBA E ALTIVA



No seu afã de defender a portuguesa língua de influências estranhas e incentivando a escrita em português, António Ferreira escreve uma carta apaixonada a Pêro Andrade de Caminha. E dessa carta, não há dúvida, este excerto é deveras empolgante. Mal sabia ele que ao longo dos tempos esta língua iria ter experiências jamais sonhadas. Acompanhara os navegadores, estabelecera-se além-mar e quando voltou vinha cheia de requebros, dengosa, macia, tropicalíssima. E agora, tal como a cantiga da rua, ela não é de ninguém é de toda a gente. Parafraseando Chico Buarque, ela ainda vai cumprir seu ideal.


Floreça, fale, cante, ouça-se e viva

A Portuguesa língua, e já onde for

Senhora vá de si soberba, e altiva.

Se téqui esteve baixa e sem louvor,

Culpa é dos que a mal exercitaram:

Esquecimento nosso, e desamor.

Mas tu farás, que os que a mal julgaram,

E inda as estranhas línguas mais desejam,

Confessem cedo ant'ela quanto erraram.

E os que depois de nós vierem, vejam

Quanto se trabalhou por seu proveito,

Porque eles para os outros assi seja.


                                                                                                                                 António Ferreira -Sec.XVI


Excerto da carta de António Fereira retirado de:

2 comentários:

  1. Como dizia F. Pessoa - A minha Pátria é a língua portuguesa.

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  2. Excelente escolha numa época em que a Língua Portuguesa tem sido tão maltratada, tão desvirtuda!
    Um beijo e bem haja pelas suas tão simpáticas palavras.

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