Era Dezembro, no seu princípio. E nós éramos quantos? Eu, marido, filha, marido da filha, uma irmã, um casal de sobrinhos...Portanto, sete. Planeámos visitar a ilha de rochas sumptuosas, Santo Antão. Um dos meus primos cedeu-nos a sua casa em Porto Novo. Tomámos o barco em S.Vicente, chegámos ainda a tempo de tomar o pequeno-almoço num restaurante perto do porto. Fomos deixar as nossas coisas em casa e seguimos com o meu sobrinho a conduzir. Subimos até ao alto da Corda, onde o clima muda repentinamente, fresco quase frio, árvores frondosas, ambiente verdejante, e, ao longe, as nuvens davam-nos a ilusão de mar imenso. Visitámos vários sítios, subimos e descemos por caminhos impensáveis. Tinha estado a chover, as estradas quase aéreas mostravam vestígios de derrocadas. Houve momentos em que nos sentimos em perigo e a tracção a quatro rodas fez-se necessária. Voltámos ao Porto Novo pela tardinha, cansados e transpirados. Todos de banho tomado, o pessoal mais novo encalorado ligou ventoinhas, televisão, alguns puseram-se a ouvir música. E eu, tipo ave de mau agoiro: cuidado, não conhecemos a casa... E eles na maior descontracção, com a ideia de repor energias. De repente, um apito ininterrupto, um alarme estrepitoso soou e todos espantados à procura da sua proveniência. Fomos dar com um quartinho minúsculo, talvez 2x2m, se tanto, entre a sala e os quartos, com uma instalação de fios bem pregados à parede que desapareciam pelo tecto. Do lado direito um contador que marcava 25%.
Todos se interrogavam: o que será isto? Os especialistas de serviço, todos, a olhar para aquilo sem perceber nada, tudo em pânico pois receávamos ter dado cabo de alguma coisa... Os dois quartos foram destinados tacitamente a dois dos casais, a minha irmã encontrou um divã desdobrável que preparou na sala de jantar, filha e marido destinaram algumas almofadas que iriam colocar no chão da sala para dormirem. Ainda com aquilo a apitar, dirigi-me ao meu quarto premi o interruptor, ouviu-se um clique e foi escuridão total. Agora tudo às aranhas, ninguém sabia onde estavam as coisas. Às apalpadelas lá nos deitámos... Não passou muito tempo quando oiço a filha ao meu lado, aflita: mãe mãe passou-me um bicho pela cara acho que é um escaravelho, não quero ficar ali. Ajeitei-me para o meio da cama, ela deitou-se e, durante a noite, eu enchouriçada entre a filha e o pai sem poder respirar até que a manhã raiou (não: a manhã não raia, diz o poeta). A seguir, a utilização da casa de banho, com os banhos, a higiene, o pequeno-almoço atribulado...nisto chegou a senhora encarregada da casa e nós a prepararmos as nossas coisas para seguir viagem, para o outro lado da ilha. Muito embaraçados contámos o que tinha sucedido com a luz, o alarme, a atrapalhação e ela descontraidamente dirigiu-se ao quadro da luz e disse: Oh, quando aquele contador marca 25% é porque a energia solar acumulada vai esgotar e então liga-se a luz da Companhia. E foi o que ela fez. Simples.
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Imagens: net
Video: Cesária Évora: Nho Antone escaderode
Boa noite de domingo, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarOuvindo a música que gosto. Um ritmo que você aprecia e eu gosto quando posta o estilo.
Lendo sua crônica, atrevo-me a dizer que foi mais um "milagre" de Santo Antão. Poderia dizer também que os milagres passam pela intervenção de um anjo terreno que nos dá pistas para resolver problemas...
Gosto da sua prosa que prende a atenção do leitor.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos
Olá, amiga Olinda
ResponderEliminarCalculo que foi uma interessante experiência. São situações inesperadas que o acaso se encarrega de fazer acontecer. O importante em toda esta situação que aqui descreve, é que tudo se resolveu. Gostei desta sua interessante crónica, e da música divinal de Cesária Évora. Sublime!
Excelente partilha.
Deixo os meus votos de uma boa semana, com tudo de bom.
Beijinhos, com carinho e amizade.
Mário Margaride
http://poesiaaquiesta.blogspot.com
https://soltaastuaspalavras.blogspot.com
Te hace pensar. Te mando un beso.
ResponderEliminarObrigada por esta partilha. Boa semana!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Desconhecer o ambiente onde nos encontramos pode causar dissabores como o de ficar sem luz durante uma noite.
ResponderEliminarGostei da sua crónica, muito agradável de ler pela prosa bem estruturada e apelativa.
Boa semana amiga Olinda.
Um abraço.
Bah, que situação!
ResponderEliminarE era algo tão simples, mas por vocês desconhecido.
Imagino o susto da filha ao entir um bicho passar sobre o rosto...Na certa, imaginação pelo medo,rs...
Linda crônica e música!
beijos, ótima semana! chica
Olá, tudo bem?
ResponderEliminarOlha, que aventura!!
Que situação. O desconhecimento causa sustos e mal estar. Novas aventuras sempre nos trazem aprendizagem, Gostei da sua partilha, curiosa segui o fluxo. grata. Boa semana.
ResponderEliminarNovidade:
https://pensandoemfamilia.com.br/memorias/tempo-das-costuras/
espero que consigas sem dificuldade acessar. Bjsss
Imagino que tenha sido o/um passeio perfeito.
ResponderEliminar.
Feliz semana. Saudações cordiais.
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rsrsssss, gostei da história, querida Olinda, com aranhas eu passei
ResponderEliminarpor situação pior, nunca esqueci na vida. Alugamos uma casa na Serra,
lugar cheio de aranhas, casa de pedra!! Fui lavar uma xícara uma enorme aranha cabeluda grudada! Cidade fria elas entram para dentro de casa pela chaminé! Horrorrrr!
A da luz foi terrível, hein?
Nossa Senhora... mas deu para 'espraiar', né amiga? rss
Beijinho, querida, gostei de ler, mas recordei de coisas muito parecidas...
Uma feliz semana!
Adorei o texto. A minha mãe dizia: "Quem não sabe, é como quem não vê" foi o que vos aconteceu, não conhecendo a casa nunca iriam saber dos pormenores mesmo que fossem básicos, como esse da luz. Foi uma aventura, fora e dentro de casa. eh!eh!eh!
ResponderEliminarExcelente escolha musical, e sempre um prazer ouvir Cesária Évora.
Beijinhos
Texto fabuloso! Os meus parabéns!
ResponderEliminarBeijos e Abraços,
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Olá, linda :)
ResponderEliminarImagino a confusão.
Valeu que eram muitos, assim não foi tão assustador.
Imagine se fosse só uma pessoa numa casa ás escuras, sem saber para onde ir e com bichinhos a passar lhe pela cabeça :)
Uma experiencia que vão guardar e falar daqui a muitos anos.
Gostei muito de ler e a Cesária fica aqui muito bem.
Deixo abraço e brisas doces ****
Um lugar diferente do nosso e o som de alarme deve ser um terror amiga.
ResponderEliminarimagino o susto e o medo a reinar.
Bela musica com esta titã da musica.
Abraços
Passando para desejar um bom resto de semana!
ResponderEliminarBeijos e Abraços,
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Muito bom quando nos aventuramos num passeio em família. Haja conversas e novidades pelo caminho. Um texto delicioso de ler, a espera de alguma coisa trágica ... e foi apenas um 'simples assim'.
ResponderEliminarGostei, Olindia , minha linda ! ;))
Uma boa noite e um bom amanhecer de quinta-feira.
com beijinhos
Quem sabe, faz a diferença, neh, OLinda.
ResponderEliminarCasa estranha aos nossos hábitos nos prega surpresas indesejáveis. Ainda bem que não houve maiores transtornos e puderam seguir os passeios programados.
Uma ótima quinta-feira e igual final de semana.
Bjkas,
Carmen