No avesso das palavras
na contrária face
da minha solidão
eu te amei
e acariciei
o teu imperceptível crescer
como carne da lua
nos nocturnos lábios entreabertos
E amei-te sem saberes
amei-te sem o saber
amando de te procurar
amando de te inventar
No contorno do fogo
desenhei o teu rosto
e para te reconhecer
mudei de corpo
troquei de noites
juntei crepúsculo e alvorada
Para me acostumar
à tua intermitente ausência
ensinei às timbilas
a espera do silêncio
in 'Raiz de Orvalho'
E as timbilas obedeceram à voz de quem sabe das coisas.
Mia Couto e Joe Dassin iniciam esta Quinzena do Amor. Se tudo correr bem aqui para as minhas bandas, publicarei um poema ou dois todos os dias. O que quer dizer, meus queridos amigos: aprestem-se a ler, preparem os olhos, assestem os óculos ou monóculos que esta quinzena vai ser de muita leitura, e de que maneira!
Abraços
Olinda
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Mia Couto, pseudónimo de António Emílio Leite Couto (Beira, 5 de julho de 1955), é um escritor e biólogo moçambicano. Dentre os muitos prémios literários com os quais foi galardoado está o Prémio Neustadt, tido como o Nobel Americano. Couto e João Cabral de Melo Neto são os únicos escritores de língua portuguesa que receberam esta honraria. daqui
Bom início da sempre esperada Quinzena de Amor, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarEstou ouvindo o vídeo, tão lindo!
"Na minha solidão eu te amei"
Que profunda afirmação de Amor!
Só os que amam conseguem guardar o silêncio no coração suficientes a eternizar um amor sublime.
A última esperança do poema é belissima.
Tenha (mos) uma Quinzena abençoada, minha Amifa!
Beijinhos festivos e fraternos
*suficiente
Eliminar**Amiga
Bjm
Mia Couto tem essa veia especialíssima para a poesia. Apesar de se dedicar à prosa com o jeito que lhe imprimiu, ele tem poemas belíssimos de uma sensibilidade extraordinária.
EliminarMuito obrigada pelo seu belo comentário.
Beijinhos
Olinda
Lindo, lindo, lindo! Olinda!
ResponderEliminarMia Couto me encanta em cada verso e António Emílio foi uma grata surpresa conhecer!
Gratidão pela linda partilha!
Um abraço fraterno e saudoso! <3
Olá, Vanessa
EliminarGostei muito que tenha regressado, com o seu dinamismo e vontade de nos transmitir as suas ideias.
Já fui ao seu blog ver o que nos trouxe. Ouvi com muito prazer o video com o seu poema que é belíssimo.
Beijinhos
Olinda
Beleza de partilha da arquitetura da amada no poetizar fantástico de Mia. Bela idéia de trazer o amor puro amor na mais linda tradução.
ResponderEliminarGrato Olinda.
Abraços e paz amiga.
Olá, caro Toninho
EliminarUma arquitectura poética muito bem alicerçada.
Mia Couto faz tudo com coração e talento.
Eu é que agradeço a sua vinda.
Abraço
Olinda
Simplesmente uma abertura triunfal por aqui nessa quinzena que promete desfilar lindezas e muito amor!
ResponderEliminarLindo fevereiro, tudo de bom! beijos, chica
Olá, Chica
EliminarEspero saber apresentar os autores da forma merecida.
E que o desfile agrade aos leitores :)
Beijinhos
Olinda
Lindíssimo poema de Mia Couto para começar a quinzena do amor.
ResponderEliminarBeijinhos
Neste ano, Mia Couto abriu a "Quinzena do Amor", com um poema
Eliminarde que gosto muito, é verdade.
Beijinhos
Olinda
Eis a minha participação, querida Olinda
ResponderEliminarSoneto de fidelidade
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo. e sempre, e tanto
Que mesmo em face de maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor ( que tive ):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
Vinicius de Moraes
Escrito no Estoril (em Portugal), em outubro de 1939, e publicado em 1946 (no livro Poemas, Sonetos e Baladas),
Emília
Querida Emília
EliminarUm soneto que nos leva em direcção ao amor terno e dedicado.
Vinicius de Moraes tem essa sensibilidade à flor da pele
e mostra-a nos seus poemas e na sua música.
Muito obrigada.
Beijinhos
Olinda
Lindo!
ResponderEliminarÉ uma pena não podermos introduzir aqui uma canção, eu também iria para uma francesa de Gilbert Bécaud " Je reviens te chercher" !
Abraço
Também gosto muito de Gilbert Bécaud e desta canção: "Je reviens te chercher". Ela ainda há-de aparecer um dia destes por aqui...
EliminarAbraço
Olinda
Falar de amor é a melhor maneira de amar, Olinda
ResponderEliminarE se trazes o assunto à baila teremos novamente uma quinzena linda, certamente. Mia Couto dá início de forma magistral:
'Para me acostumar /à tua intermitente ausência/ ensinei às timbilas/ a espera do silêncio'. E é assim vamos, sibilando ...
Um abraço grande, Olívia
Estarei lendo os amigos porque o amor é para ser declarado _ venho declarar assim que estiver inspirada, ok?
Beijinhos
Tem razão, Lis. Ao falar de amor vamos fazendo
Eliminarcom que ele se propague e leve alguma paz aos
corações.
Cá a espero, minha amiga :)
Beijinhos
Olinda
Uma música inesquecível por muitos anos que passem.
ResponderEliminarUm abraço.
Confesso que gosto muito de Joe Dassin e esta é uma das
Eliminarsuas canções que não me canso de ouvir.
Um abraço
Olinda
Não sou muito destas coisas de quinzenas e de dias mas o poema do Mia Couto é muito bonito.
ResponderEliminarSim, Mia Couto não nos deixa indiferentes tanto na poesia como na prosa.
EliminarUm abraço
Olinda
Que me perdoe o Mia Couto mas primeiro deliciei-me com a poesia de Joe Dassin porque afinal "Si tu n´existais pas?"A música não nos estremeceria tanto talvez, assim como outras artes.
ResponderEliminarMia Couto é um icon incontornável que nos maravilha com a sua poética e não só e partilha uma poesia belíssima
Parabéns, Olinda.
Beijinho
Por falar em Amor... estou a postar no reflexõesfloridas ( incrível mas não sei fazer o link para la chegar...) um texto onde divago sobre amor . O de um merlo. Ou a leitura que faço deste galã...
Querida Manuela
EliminarÉ já proverbial este meu gosto pela música de Joe Dassin. Esta canção já a publiquei umas quantas vezes. Ela exprime uma forma de amar profunda e plena.
Mia Couto, em poesia, acho-o de uma sensibilidade maravilhosa.
Fui ler o seu lindo texto em que o Melro é protagonista. Um texto em que mostra a sua prosa poética impressiva e fantástica.
Muito obrigada, minha amiga.
Beijinhos
Olinda
Boa tarde Olinda,
ResponderEliminarMagnífico poema de Mia Couto, do qual admiro mais a poesia que a prosa.
Joe Dassin e esta canção são inseparáveis.
Um beijinho.
Emília
Mia Couto e Joe Dassin aliam-se, nesta publicação, e concedem-nos momentos de grande alegria, pela belas palavras e excelente música.
EliminarObrigada, Ailime.
Beijinhos
Olinda