nos escassos dias da mortal residência na terra
não há quem não a busque
mística ideal solitária carnal geográfica ou comunal
inseparável de longas veias e bandeiras
nunca houve quem não a desejasse colhida nas mãos em concha
como água purificadora desses escassos dias de residência
volátil volúvel sublima-se e desespera ao mínimo gesto
do toque e do encantamento o achador
qual a tua rosa?
temos cada um de nós a rosa eletiva e nunca idêntica
por mais próxima mística ideal ou comunal à do outro
a rosa (in)fixa só aparentemente se movimenta
somos nós atrás dela velozes e perdidos
ansiosos de busca do que não temos ou temos imperfeitamente
cada um quer a sua rosa
clandestina mas rosa
apaixonada mas rosa
solitária — todas as rosas são solitárias — mas ainda assim rosa
comunal porém de todos rosa
carnal ou mística sempre e ainda rosa rosa mesmo que conspurcada
e rosa da rosa-dos-ventos rosa é
desabrochada sobre o mundo
de ilha a continente
de mar a mar
de pólo a pólo
levada pelos ventos
ó rosa que nos diversificas no âmago de ti própria!
qual a tua rosa?
rosa de ninguém porque minha e eletiva
não há quem não persiga a sua rosa
inagarrável estrela que adia a mortal residência
e nos sobra no leito ao acordarmos
nem sabemos em que horizontes de outras rosas.
Oswaldo Osório
Rosa (in)fixa.
Todos procuram a sua de modo a fixá-la nas suas vidas.
É a procura da Felicidade, talvez...
"cada um quer a sua rosa
clandestina mas rosa
apaixonada mas rosa"
clandestina mas rosa
apaixonada mas rosa"
Oswaldo Osório, do seu nome próprio Osvaldo Alcântara Medina Custódio é uma referência na literatura cabo-verdiana; nasceu em Mindelo a 25 de Novembro de 1937. Terminou o liceu e ingressou no Seminário Nazareno, tendo exercido várias funções profissionais, como trabalhador de rádio, funcionário público, empregado de comércio, presidente da União dos Sindicatos e jornalista no semanário Voz di Povo
Poema muito bonito que me agradou muito ler. Cuidado com as Rosas. Os seus espinhos por vezes são terríveis.
ResponderEliminar.
Feliz domingo
Cuide-se
.
Pensamentos e Devaneios Poéticos
.
Não conhecia o Poeta. Fiquei a conhecer. Adorei a publicação! :)
ResponderEliminar-
Esta noite... quero que me seduzas
.
Beijo. Um confinado e feliz Domingo
E quem não persegue uma Rosa ?
ResponderEliminarEu tenho a Rosa-dos-Ventos inscrita no coração!
Abraço
Que ritmo gostoso tem a música do vídeo! Amei!
ResponderEliminarTambém creio que essa rosa, tão procurada, tenha um significado especial. O poema é muito bem construído. Gostei muito! Bjs.
Oswaldo Osório. Mais um poeta cabo-verdiano que desconheço. Gostei deste poema. Gostei do fulgor posto na imagem da rosa que imaginamos, que queremos, que sonhamos, só nossa, seja ela clandestina, apaixonada, solitária...
ResponderEliminarUma boa semana, minha Amiga Olinda.
Muita saúde.
Um beijo.
Mais um poeta de que não me lembro ter lido nada, embora o seu nome não me seja desconhecido. talvez tenha lido um ou outro poema isolado em algum blogue mas não me lembro.
ResponderEliminarabraço e saúde
Este poema deixa o sabor de busca e de infinitude poética. A rosa representa o inalcançável, o âmago do amor. E de amor é este ciclo no Xaile de Seda. Que agradável surpresa! Não quero perder nada. Nem Oswaldo Osório, nem Carminho, nada.
ResponderEliminarUm beijo e saúde, querida amiga Olinda.