Fui rocha em tempo, e fui no mundo antigo
tronco ou ramo na incógnita floresta...Onda, espumei, quebrando-me na aresta
Do granito, antiquíssimo inimigo...
Rugi, fera talvez, buscando abrigo
Na caverna que ensombra urze e giesta;
O, monstro primitivo, ergui a testa
No limoso paúl, glauco pascigo...
Hoje sou homem, e na sombra enorme
Vejo, a meus pés, a escada multiforme,
Que desce, em espirais, da imensidade...
Interrogo o infinito e às vezes choro...
Mas estendendo as mãos no vácuo, adoro
E aspiro unicamente à liberdade.
Antero de Quental,
in "Sonetos"
Antero Tarquínio de Quental (Ponta Delgada, 18 de abril de 1842 – Ponta Delgada, 11 de setembro de 1891) foi um escritor e poeta português do século XIX que teve um papel importante no movimento da Geração de 70.
Antero de Quental dedicou-se à poesia, à filosofia e à política. Deu início aos seus estudos na cidade natal, mudando-se para Coimbra aos 16 anos, ali estudando Direito e manifestando as primeiras ideias socialistas. Fundou em Coimbra a Sociedade do Raio, que pretendia renovar o país pela literatura.
Em 1861, publicou os seus primeiros sonetos. Quatro anos depois, publicou as Odes Modernas, influenciadas pelo socialismo experimental de Proudhon, enaltecendo a revolução. Nesse mesmo ano iniciou a Questão Coimbrã, em que Antero e outros poetas foram atacados por António Feliciano de Castilho, por instigarem a revolução intelectual. Como resposta, Antero publicou os opúsculos Bom Senso e Bom Gosto, carta ao Exmo. Sr. António Feliciano de Castilho, e A Dignidade das Letras e as Literaturas Oficiais. aqui
Veja :
Antero no Começar de Novo
Bom fim de semana, meus amigos.
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Poema -citador
Antero de Quental sempre tão sofrido!
ResponderEliminarAbraço
Siento leerlo traducido pero también me gusta.
ResponderEliminarSaludos.
Adorei a publicação!! :)
ResponderEliminar-
Coisas de uma Vida
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Beijos e um excelente fim de semana.
Grandes açorianos,
ResponderEliminarQue aqui também foram enormes
Com gestos e atos conformes
O ser dos seres humanos
Que em diásporas aos anos
Colonizaram o mundo
Por um saber tão profundo
O quanto era preciso
Para viver e incisivo
Para não morrer, no fundo...
Adoro Antero e outro açoriano João Cabral do Nascimento que compôs
O FAROLEIRO: Apenas este ilhéu é que é pequeno / O resto é tudo grande: o tédio, a vida, / O dia enorme, a noite mais comprida, / E o mar, calmo ou feroz, rude ou sereno; // O tempo, esse narcótico veneno... Abraço cordial. Laerte.
um poema lindo
ResponderEliminarbeijo
olá, Olinda! gostei especialmente dos últimos versos, e mais especialmente ainda do último verso, que é tão simples e ao mesmo tempo diz tanto! a imagem é uma bela tradução dos sentimentos do poeta. um beijo!
ResponderEliminarO Poeta humano "disse" de si mesmo o saber sentir e saber dizer. É Obra!
ResponderEliminarObrigado por no-lo trazeres assim.
Beijo
SOL
Como creio que já aqui disse uma vez, de Antero de Quental conheço além do nome, alguns poemas que vou encontrando pelo caminho literário que frequento. Nunca li um livro dele, nem tenho entre os mais de 20 que aguardam leitura, nenhum da sua autoria.
ResponderEliminarGostei do soneto.
Abraço, saúde e bom fim de semana
o "Santo" Antero, "quebrando-se na aresta do granito"
ResponderEliminar(notoriamente tem a pele pouco calejada) e o temos homem suspenso do vácuo
e, pois claro! - aspirando "unicamente a liberdade!..."
como se a liberdade fosse dádiva dos Deuses
e não conquista dos homens!
Poeta delicado e sensivel acaba mal
mas "salva-se" na beleza dos seus Sonetos.
abraço
e votos de excelente fim de semana
Muito bom ler um pouco desse líder intelectual que considerava a literatura a ferramenta que podia transformar uma nação.
ResponderEliminarUm interessante Soneto da sua 'Evolução'
Abraço ,Olinda obrigada da visita.
Querida Olinda, antes de mais, muito obrigada por " apresentares " o Começar de novo aos teus leitores. Sempre atenciosa com os outros!
ResponderEliminarComo prometido, cá está um novo soneto de Antero, soneto que mostra bem os " conflitos " internos deste nosso escritor. Não temos certeza nenhuma de onde viemos, se evoluimos de uma rocha, de algum tronco de árvore, se fomos monstros rugindo nas cavernas, ou se somos criação de um Deus Maior, como muitos até hoje creem. Sabemos, com toda a certeza que hoje somos homens que tantas vezes se questionam e que tantas outras também choram. Acredito que os questionamentos são normais e que são feitos amiúde por qualquer um de nós, só que conseguimos lidar com essa falta de resposta e seguir em frente, embora muitas vezes abalados pela inquietação que essa falta nos provoca. Como diz o nosso amigo, Manuel , um ser humano " delicado e sensivel acaba mal", precisamente por não conseguir adaptar-se ao mundo onde vive. Por acaso, no Começar de novo, há um video de Raúl Seixas, um outro " sensivel " que não encontrou forças para prosseguir a caminhada. Evoluimos para " Homens", seres inteligentes, racionais, mas, muito, muito imperfeitos e que, em muitos casos, não merem a denominação se seres racionais e humanos.
Olinda, como sempre, um post muito interessante, onde me deste a conhecer mais um soneto do nosso Antero de Quental que tanto lutou pela liberdade. Um abraço do tamanho do mundo, e a minha sincera amizade. Saúde para todos aí em casa
Emilia
Corrigindo...merecem
ResponderEliminarAproveito para te dizer que gostei muito de ouvir a Simone. Tive o prazer de a ouvir ao vivo, junto com o Ivan Lins e, claro cantaram a música Começar de Novo. Os filhos ofereceram-nos esse presente que adorei. Eles sabiam! Beijinhos e desculpa esta intromissão no tema. Sei que não te importas...
Emilia
Querida Emília
EliminarAdorei teres referido a Simone e o "Começar de Novo"
Ei-la aqui também :)
Obrigada, minha amiga.
Beijinhos
Mas que miminho bom, logo de manhã, querida Amiga! Muito obrigada! Sabes, gosto muito desta letra, porque a vida é um constante começar de novo e " vale sempre a pena ter amanhecido". Foi muito gostoso recordar a Simone cantando esta bela canção. Mais uma vez, obrigada pelo carinho. Um bom Domingo e que todos os dias a vida te dê um bom começo, sempre com SAÚDE. Beijinhos. Amiga!
EliminarEmilia
Olá, Olinda, admiro muito a poesia de Antero de Quental, e esse poema é muito bonito, estou lendo pela segunda vez, a primeira foi no blog da nossa querida amiga Emília Pinto. Foi bom publicá-lo no teu espaço.
ResponderEliminarGrande abraço, um bom domingo.
Um espírito elevado, inquieto e conturbado,
ResponderEliminarnuma pessoa muito desadaptada da vida.
Desperta-me sempre carinhosa comiseração.
Gostei destes bons momentos de leitura.
Beijinhos, querida amiga.
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Tenho um episódio liceal relacionado com Castilho de que me lembro ainda hoje e a sorte foi que tinha uma excelente professora de Português , avançada para a época.
ResponderEliminarBeijinho e feliz domingo
Olá, São
EliminarAntónio Feliciano de Castilho?
Fiquei curiosíssima. :))
Beijinho
Olá, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarA imagem está fechando vem os dois últimos versos.
Reflexivo o poema do Antero.
Suas escolhas são ímpares, amiga.
Tenha um ótimo domingo!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Gostei muito do soneto que escolheu. Eu o tenho como um grande poeta. Bjs.
ResponderEliminarAntero de Quental: um Mestre no soneto sempre magistralmente elaborado. É muito bom que a literatura portuguesa o não esqueça...
ResponderEliminarFoi bom ouvir também o "Começar de novo" da Simone.
Cuide-se bem minha Amiga Olinda.
Um beijo.
Gostei do soneto, versos conflitantes, muito bom, fechou com a merecida liberdade. Excelente partilha.
ResponderEliminarBoa semana.
Abraço!
A sua publicação recorda-nos o grande vulto das letras poéticas portuguesas que foi Antero de Quental.
ResponderEliminarNum poema que se inicia pelo seu lado telúrico, o poeta acaba por revelar todo um sentir da sua angústia existencial.
Abraço poético.
Juvenal Nunes
Fabulous blog
ResponderEliminarFabulous blog
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