Guardas as estações do sol e as harpas.
Os perfumados símbolos da terra cantam
no primeiro verão do olhar.
As mãos levam-te a vasos de margaridas brancas,
sinuosos e claros oceanos.
Sentas-te à mesa da tribo e repartes o pão.
Um homem que ama nas sombras o fulgor e as essências,
nunca chega tarde aos degraus da alegria, dizes,
o cheiro do vento e do trigo entre os dedos.
Não podes morrer contra o sonho contando as lágrimas,
a face reflectida nos espelhos da alma.
Nunca partas dessa casa onde cresce agora
a voz das crianças, os templos da sua inocência,
as mais bravas e fragrantes ervas do amor.
Queres, eu sei, esse mar, a breve cama dos pombos
quando se abrigam nos rumores.
Não há maior orfandade que chegar à ternura
sem palavras.
Eduardo Bettencourt Pinto
Nasceu em Gabela, Sul de Angola, em 1954. Residiu temporariamente na Rodésia e viveu sete anos em Ponta Delgada, Açores, onde iniciou a sua actividade literária. Reside no Canadá desde 1983. Além de vários livros publicados nos géneros de poesia e ficção, tem colaboração dispersa por jornais e revistas da diáspora norte-americana e europeia.
Ler mais em Correntes d'Escrita - aqui
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LURA
Eclipse - B.Léza
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Poema in "um dia qualquer em junho", pg 31
Ed. Instituto Camões
Imagem - daqui
Excelente escolha, belíssimo poema.
ResponderEliminarBom domingo
Beijinhos
Maria
Muito obrigada pela sublime partilha. Adorei :))
ResponderEliminarHoje : Deslumbras-te na essência da minha tez
Bjos
Votos de um óptimo Domingo
um poema que vem de longe para refrigério de todas as orfandades - "não há maior orfandade que chegar à ternura sem palavras", lembra o Poeta.
ResponderEliminarirresistível poema, em seu apelo de permanência!
magnífico poema e um grande, grande Poeta
grato, Olinda
por dar a conhecer.
abraço
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Basta uma frase para salvar um poema, mas estes tem tantas imagens fascinantes que me apetece deixar, à querida amiga Olinda, um vaso de margaridas brancas e um ramalhete de beijos.
ResponderEliminarBelo poema, e há nele uma espécie de delicadeza um tanto melancólica que desperta uma suavidade em nós enquanto lemos. O vídeo possui, além de tudo, imagens lindas. Um abraço.
ResponderEliminarPenso que estivemos ambos a residir em Ponta Delgada,
ResponderEliminarem simultâneo e transitoriamente...
Da Gabela para o Canadá... grandes contrastes!
Gostei muito do poema, Olinda. Grata...
Dias muito agradáveis.
Beijinhos
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Muito obrigado pela partilha, foi uma boa escolha, pessoalmente desconhecia.
ResponderEliminarObrigado e bom início de semana
Grata pela partilha. Não conhecia.
ResponderEliminarAbraço e uma boa semana
"Um homem que ama nas sombras o fulgor e as essências,
ResponderEliminarnunca chega tarde aos degraus da alegria, dizes,
o cheiro do vento e do trigo entre os dedos."
Tão belo! Mais um poeta para eu descobrir. Obrigada, minha Amiga Olinda.
Que tenhas um Natal cheio de conforto e um ano de 2020 com tudo o que desejas.
Um beijo.
Já deixei algumas residências e todas trazem-me saudades, mas há uma muito especial, a que me viu nascer e que, agora vazia de gente, parece chorar sempre que olho para ela; olho pouco, confesso...entristece-me que já mal se segure de pé e faz-me lembrar que o principal cuidador dela já partiu e a que mais se dedicava a ela com desvelo imenso esteja também a fraquejar; as duas são fortes e, apesar das marcas do tempo, continuam esistindo para felicidade minha. Nesta residência só se escondem boas lembranças, querida Amiga e por isso, ve-la assim, causa-me uma nostalgia muito grande.
ResponderEliminarAmiga querida, tenho passado por aqui quase todos os dias, mas, não tenho podido comentar; a Beatriz está a dormir aqui ao meu lado e só espero que ela me dê mais uns minutinhos para terminar. De tarde fica sempre comigo e, como está a dar os primeiros passos tenho de ficar muito atenta, pois só gosta de andar agarrada às coisas, de um lado para o outro, larga as mãos e cai. Está uma sapequinha. Quero desejar-te um natal muito alegre, com todos os que amas e agradecer-te todo o carinho que tens tido para comigo. Enquanto a vida o permitir, estarei por aqui e a minha sincera amizade também. Bendigo a hora em que criei o começar de novo, pois através dele conheci pessoas maravilhosas como tu, Grande Amiga és. Muito obrigada e daqui te mando um abraço e preso a ele com um lindo laço, vai um montão de beijinhos
Emília
Querida Olinda
ResponderEliminarComeçando pelo fim... maravilhosos vídeo!
Gosto muito de música cabo-verdiana, especialmente mornas, que ouço sempre com uma certa emoção porque o meu marido adorava! E, invariavelmente, lembro-me dele sempre que ouço uma morna. Está é lindíssima!
O poema é soberbo. Não conhecia este autor, e fiquei encantada. Tenho que ir à procura de mais...
É como te digo, minha querida, vir aqui significa aumentar o conhecimento. Sempre!
Se não nos “virmos” antes do Natal...
Boas Festas com muito amor envolvido.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Tão belo que, para deleite, preciso reler...
ResponderEliminarBoas Festas, querida Olinda!
Beijinho
Boa noite de semana pré natalina, querida amiga Olinda!
ResponderEliminar"Um homem que ama nas sombras o fulgor e as essências"...
Só se vê bem com o 💟 as essências...
Sem ternura, somos órfãos do Amor.
Trago um convite com todo carinho: participe se gostar... Ficarei muito feliz.
https://www.idade-espiritual.com.br/2019/12/minha-noite-de-natal-x-interacao.html
Tenha dias abençoados e felizes!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem