domingo, 20 de outubro de 2019

Um Acaso de Sonho, Um Som Inesperado





São, por vezes, compassivos os deuses
E, em seu arbítrio, permitem a glória de seu rosto.
E sonhos de Eternidade...

Incautos então os homens se incendeiam
Fogos-fátuos de intenso brilho a atravessar
O Universo. E a arder em Desejo fugidio.
E se esgotam em inútil bater de asas.

E nesse percurso de solidão e morte talvez
Um acaso de cor, ou um som inesperado,
Ou um clarão intenso, sejam lenitivo.
Ou sejam queda. Ou novo ritmo.
E regresso ao barro.

E talvez os deuses ignorem...

E o delírio passageiro se erga e ganhe forma
Inesperada. E Eros reine (breve que seja).
E amor seja florescência consumada.

E o sonho expluda. E as estrelas se percam
Em fantasmagórico bailado.

MANUEL VEIGA

in: Caligrafia Íntima
pg.58


Como preferir, Caro Poeta, determinado Poema seu em relação a outro ou outros também seus? Impossível! Assim, há que lê-los, apreciá-los e, num dia em que sentimos que nos falta algo, abrir um dos seus livros e apenas interiorizar aquele que aparecer. Acaso? Obra desses deuses compassivos, por vezes, e noutras jogando aos dados? Que importa? Deixemos então que o sonho expluda e as estrelas se percam em fantasmagórico bailado.


Meus amigos:

Deixo-vos este belo Poema de Manuel Veiga ao mesmo tempo que vos desejo a continuação de um bom fim-de-semana.

Abraço.

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Imagem: daqui

5 comentários:

  1. Um poema muito bonito:)) Adorei:))

    Hoje :- Melancolia da lágrima

    Bjos
    Votos de um óptimo Domingo


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  2. Querida Olinda, creio que não tem importância que eu, neste post com um belo poema do nosso amigo Manuel Veiga, escreva sobre o anterior dedicado à nossa lingua Potuguesea, dado que o Manuel representa muito bem a riqueza desta lingua, hoje em dia tão " desprezada " por nós portugueses. Não sabia dessa noticia e, claro, fiquei muito muito contente, pois é uma lingua riquissima que merece essa distinção. Quando digo que nós a estamos a desprezar referiro-me ao usa exagerado da lingua inglesa por todo o nosso Portugal.Nas vitrines das lojas dá-se as boas vindas ao Outono em Inglês ( aqui na minha cidade) , nomes de restaurantes e lojas em Inglês, etc, etc. Temos uma riqueza imensa de vocábulos e ainda precisamos de usar uma lingua tão pobre em palavras e chega-se ao cúmulo de, por vezes aparecer erros no uso do
    Inglês, A Tais, fala no museu da lingua Portugues em S, Paulo e du tive o prazer de o ir visitar pouco depois de ele ter sido criado. É na antiga estação da Luz e é uma preciosidade...muito bem imaginado. Não sabia que no Brasil já havia um dia dedicado à lingua Portuguesa, mas sempre soube que os brasileiros conhecem muito bem os nossos escritores e uma coisa que me impressinou, quando para lá fui ( tinha 25 anos ), foi o grande conhecimento que as pessoas tinham da obra, por exemplo de Fernando Pessoa, e outros poetas ; vale salientar que eu não morei em S, Paulo, cidade enorme que nunca dorme e com uma variedade cultural imensa; vivi em Guaratinguetá, cidadezinha pequena do interior onde, claro, o povo não tem tanta formação e, mesmo assim, fiquei surpreendida. Não quero, de maneira nenhuma, dizer que os portugueses não amam a sua lingua, mas que estamos a dar demasiada importância à lingua inglesa, mais do que os brasileiros, isso eu digo, sem medo de me acusarem de exagerada. Digo também que gosto muito de inglês, mas, considero que estamos em Portugal e portanto, a nossa língua deve ter prioridade Querida Olinda, obrigada pela noticia maravilhosa que me deste e, se não te importas, deixo também o meu agradecimento ao Manuel pelas informações que nos deu aqui no teu Xaile . Aprendi muito hoje, aliás, desta casa sai-se sempre mais enriquecida. Uma boa semana, querida Amiga. Um beijinho e a minha sincera amizade
    Emilia

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  3. O Manuel Veiga. Cada poema dele nos surpreende. É por isso que é bom ir encontrando um aqui e outro ali, mesmo que tenhamos os livros. Este é simplesmente magnífico, porque o sonho explode e as estrelas se perdem em fantasmagórico bailado.
    Uma boa semana, minha Amiga Olinda.
    Um beijo.

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  4. Muito grato, amiga Olinda
    pelo seu gesto de amizade e pelo prazer de ver, mais uma vez. um poema meu publicado neste espaço de cultura, inteligência e sensibilidade.

    agradeço-lhe também as amáveis palavras e a consideração (que retribuo, com afecto) que manifesta sobre o autor.

    bem haja,

    abraço

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  5. Com Manuel Veiga até os deuses ficam compassivos e permitem fantasmagóricos bailados.
    Este poema abre uma visão extraodinária do universo. Clarões de Eros, breves que sejam.
    Excelente escolha, querida Olinda.
    Beijos.

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