Seguindo o exemplo de Ptolomeu, os cosmólogos europeus menosprezavam o Oceano Pacífico, que cobre um terço da superfície do mundo, nos seus mapas e apresentavam interpretações incompletas do continente americano baseadas em relatórios e rumores, em vez de em observações directas. As omissões de Ptolomeu inadvertidamente encorajaram a exploração, porque ele fazia com que o mundo parecesse mais pequeno e mais navegável do que realmente era. Se tivesse apresentado uma estimativa correcta do tamanho do mundo, a Época dos Descobrimentos poderia nunca ter acontecido.
O mapa-mundi ptolomaico, 1486.
Os mapas baseados na obra de Claudius Ptolomeu,
o astrónomo e matemático de origem grega-egipcia,
distorciam ou omitiam partes significativas do globo.
Isto é-nos dito por Laurence Bergreen, na sua obra Fernão de Magalhães-Para além do fim do mundo, na qual relata a odisseia que foi a viagem de circum-navegação iniciada por Fernão de Magalhães em 1519, um homem que se sentia incompreendido na sua própria terra, tido em pouca conta pelo rei apesar dos serviços prestados, até então, ao reino. Ofereceria o seu projecto ao rei de Espanha.
1544, Mapamundi portulano de de Battista Agnese
Com efeito, Magalhães empreende essa viagem memorável e ao deixar o Atlântico foi surpreendido por aquele mar imenso e o estreito que depois tomou o nome de "Estreito de Magalhães" quase os ia engolindo. Nem me passa pela imaginação sequer o espanto que não se terá apossado daqueles homens à medida que iam avançando rumo ao desconhecido. A pouco e pouco, e à custa de muitas vidas, o conhecimento necessário foi sendo adquirido até se ter uma noção bastante exacta da realidade. Como sabemos, a viagem foi concluída por Juan Sebastián Elcano por motivo da morte de Fernão de Magalhães, nas Filipinas, em 1521.
E porquê trazer agora este tema?
Li que: Portugal terá apresentado à Unesco Candidatura da Rota de Magalhães para Património Mundial sem mencionar que a viagem foi custeada pela corte espanhola; no ano passado foi publicado em Diário da República o programa das Comemorações do V Centenário da Viagem de Circum-Navegação; o mesmo deverá ser apresentado, em detalhe, nesta semana.
E esta, hein?!
Consta que Espanha não gostou.
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1 -NOTÍCIA - AQUI
2 - FIM DA POLÉMICA
Encontrei agora outra notícia dizendo que as dúvidas entre os dois governos foram dissipadas e que vão apresentar a candidatura em conjunto: Aqui
Obra mencionada:
Em conjunto é o correto.
ResponderEliminarAbraço
Que interessante, Olinda, eu nunca saio ileso daqui, sempre aprendo algo! Há por aqui conteúdo valioso. Um abraço.
ResponderEliminarParece-me correcto ser um conjunto.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Não é novidade esse 'em bicos de pés' à conta do Magalhães. Que, curiosamente, já não é a primeira vez que a pátria lhe faz semelhante. Mesmo que o tenha mandado 'tocar a outra porta' e lhe tenha feito negaças às portas da morte.
ResponderEliminarAbraço.
jorge
www.tintapermanente.pt
O que mais me preocupa é o tempo que faz e se repete
ResponderEliminarUm post bastante oportuno. Faz-se justiça a quem arriscou e deu a conhecer um novo mundo. Uma gigantesca odisseia, na verdade. E, para além da homenagem, fica ainda mais clara esta página da história.
ResponderEliminarMeu beijo, querida Olinda.
Não sabia dessa polémica...
ResponderEliminarRealmente, em terra, somos peritos em fazer figuras tristes...
Agradeço a informação, querida Amiga.
Abraço grande.
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Muito rigoroso e apropriado. Realmente interessante.
ResponderEliminarVivemos tempos muito fúteis e é necessário aprofundar...Obrigada.
Tenho acompanhado a polémica. Ontem, finalmente vi uma notícia da TVE com a cerimónia conjunta. Ainda bem.
Beijo
"As omissões de Ptolomeu inadvertidamente encorajaram a exploração, porque ele fazia com que o mundo parecesse mais pequeno e mais navegável do que realmente era"
ResponderEliminaraqui está um "pormenor" verdadeiramente significativo e para mim completa novidade (mea culpa), mas não completamente inesperado...
de facto, tantas vezes a História (como a vida) se resolve pelo "lado errado", quer dizer, pelo lado imprevisto ...
quanto a polémica, a Ibéria é o meu país!
abraço
O melhor mesmo é a presentar a candidatura em conjunto. Se o dinheiro era espanhol, o executor era português...
ResponderEliminarNão tinha conhecimento desta candidatura nem da polémica que se lhe seguiu.
Olinda, um bom fim de semana.
Beijo.
Polémica de egoísmos e velhas inimizades nunca sanadas. O mais ajustado seria a união de propósitos (que o foram de facto) para o ajuizamento e eventual correcção da História com as verdades do tempo.
ResponderEliminarBeijo
SOL
Querida Olinda, gostei de saber por ti que Portugal prepara a Candidatura da Rota de Magalhães para Património Mundial. Em conjunto com Espanha... lá terá de ser mas parece-me uma acertada decisão.
ResponderEliminarTanto tenho eu aprendido no teu Xaile, amiga. Obrigada!
Beijo e bom domingo.
Mais uma vez aprendi muito neste post! Com o tempo, factos da nossa história que aprendemos vão caindo no esquecimento e é bom que alguém os faça presentes, como é aqui o caso. Não sabia destas intenções portuguesas, mas é lógico que a Espanha não tenha gostado da nossa atitude; ainda bem que tudo se resolveu e essa candidatura vai ser feita em conjunto. Obrigada, querida Olinda, pelas informações aqui deixadas; saio daqui sempre mais informada. Beijinhos e os votos de que estejam todos bem aí em casa. O frio tem sido muito, mas por cá, tirando umas constipações leves, está tudo bem. Até. ..
ResponderEliminarEmilia
Minha querida Amiga Olinda, soube pelas notícias da preparação da candidatura da Rota de Magalhães a Património Mundial. Gostei de saber que Portugal se uniu com a Espanha para o fazer. É justo. O livro "Fernão de Magalhães: Para além do fim do mundo" deve ser muito interessante.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Ah pois não devem ter gostado, não :)
ResponderEliminarBeijinhos