andam gastas e inúteis as palavras. andam acesas as "interioridades" e parcas as sedas e raras as casas da generosidade e enigmáticas as douradas vaidades. temporariamente frágil como uma grinalda em fim de tempo ou um anjo orgânico sucedem-se as línguas as águas o turvo o rubro dos contrários e o negro da fadiga. os olhos mutantes e o coração de um cello impaciente revoltam-se na cauda bífida da mais pobre geometria do casulo das abelhas. o dizer lamentativo é uma dor expulsável e uma faca como chicote. andam gastas as mãos de tanta colheita em vão._______lucidíssimo o vário dizer que amanhã não estaremos cá para cerzir o mapa da lucidez. a consciência é uma clara face a banhar-se no lago dos bárbaros.
(texto publicado pela autora, em 16/05/2018)
Isabel Mendes Ferreira - in Palavra
Anda a lucidez arredada dos nossos dias. Parece que as boas palavras já perderam o sentido. É bom que o silêncio se imponha, se levante e requeira para as almas ansiosas que pululam por aí uns minutos de reflexão.
Vamos pensar todos juntos. Há situações que não têm solução, isto é, aquelas que não dependem de nós e sabemos bem quais são (por exemplo: a morte, doenças incuráveis...). Mas a gestão do nosso quotidiano, das nossas querenças ou malquerenças, preferências por isto ou por aquilo são coisas a que podemos dar o rumo que quisermos.
A tendência para reacções acerbas pode ser condicionada e, estando nós de posse de todas as nossas faculdades mentais, isso é possível.
Bom fim-de-semana.
Abraço
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Imagem: daqui
Excelente reflexão.
ResponderEliminarDevia-se pensar nas consequências que as nossas palavras podem ter, antes de as pronunciar.
Beijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Uau!
ResponderEliminarPalavras sábias e certeiras: as tuas e as de Isabel Mendes Ferreira.
Palavras para ler e reflectir hoje porque «amanhã não estaremos cá para cerzir o mapa da lucidez».
Bela partilha, querida amiga.
Beijo e bom fim-de-semana.
As palavras são poderosas. Se usadas com amor formam uma corrente do bem mas se usadas com leviandade podem ferir e magoar
ResponderEliminarDiscernimento e lucidez no uso de tão poderosa ferramenta
Uma reflexão excepcional, Olinda
Beijos e uma feliz semana
É verdade. Minha avó sempre dizia que havia que ter cuidado com as palavras. Elas podem ser uma arma poderosa. E que uma arma dita sem pensar, era uma pedra arremessada. Nunca se sabia o estrago que poderia fazer.
ResponderEliminarAbraço e uma boa semana
Muito bom! Tantas vezes o silêncio vence tudo.
ResponderEliminarBeijinhos
Fantástica, sempre, a Isabel. Não se limita a escrever bem. É lúcida e faz-nos pensar. Também gostei do seu texto, que também me leva a uma reflexão.
ResponderEliminarUma boa semana.
Uma beijo.
Gostei das palavras, sábias e com arte. Beijinhos, boa semana!
ResponderEliminarandam poluídas as palavras, sim.
ResponderEliminarnesta agitação estéril da palavras, que permanentemente nos submerge, todas as significações se perdem e todos os sentidos se equivalem.
são os poetas da dimensão da Isabel Mendes Ferreira, quem as poderá resgatar (as palavras) levando-as ao limite, no equilíbrio sempre instável do entendimento e do prazer estético de sua fruição.
gostei muito, Olinda.
quando duas mulheres inteligentes, cultas e sensíveis se juntam, o resultado será sempre, maravilhoso.
abraço
Incomensurável a nossa Isabel
ResponderEliminarbjs
Bom dia Olinda, obrigada pela visita e comentário no meu blogue. Como resposta à questão se os brincos não se desfazem com a água, dou a conhecer um pouco melhor o processo de elaboração: os brincos são efetuados com várias camadas de papel, todas elas têm cola que já fornece uma certa impermeabilização. As camadas juntas formam uma placa compacta, muito parecida com madeira. Finalmente, é aplicada uma ou mais (agora estou a optar por duas) camadas de cola verniz, que forma uma película que impermeabiliza. A cola utilizada traz também a indicação de vedar e resistir à limpeza. Fiz também a experiência de entornar um pouco de água sobre uma peça assim elaborada e aparenta realmente a tal impermeabilidade. Contudo, não sei até que ponto uma peça com estas características resiste a grandes quantidades de água ou ao contacto prolongado com a mesma. No geral, todas as bijuterias devem ser mantidas afastadas do contacto (principalmente prolongado, como tomar banho ou nadar) com a água, uma vez que correm o risco de deteriorar. Recomendo o mesmo com estes brincos. Beijinhos e continuação de boa semana! :)
ResponderEliminarOlá, Ana
EliminarMuito obrigada pela sua atenção em responder à minha pequena questão. Vejo que é uma técnica muito apurada o que levará a que as peças sejam muito bem-sucedidas. E tem razão, o tempo de exposição à água terá de ser limitado e isso diz respeito a todas as bijuterias.
Voltarei a visitá-la.
Bom domingo.
Beijinhos
Olinda
ResponderEliminarOLINDA MELO,
sou seu mais novo seguidor e que o número 194 além da minha chave,tragam para você toda a felicidade que ainda não conquistastes na sua vida.
Seu texto é de uma lutadora!
Sempre existe a possibilidade de conquistarmos,chegarmos onde queremos, passarmos por cima de montanhas escarpadas ou rios profundos, sempre existe a possibilidade de tentarmos e testarmos a teoria covarde do improvável consumado.
Quantos amores conquistamos que diríamos minutos atrás:" É muita areia para o meu caminhão" e então vemos que na nossa caçamba afetiva ele coube confortavelmente.
Lutar é um verbo obrigatório a ser conjugado pelos corajosos.
Em um dos meus blogues, o FALANDO SÉRIO, publico esta semana:RECADO PARA ADRIANA.
Gostaria que o visitasse e com sua expressão MAIOR feminina, deixasse lá consignado o seu pensamento representando seu blog FÁ MENOR.
Um grande abraço carioca.
Pura e doce sapiência nas palavras do texto. Fascinei-me a ler.
ResponderEliminarDeixando um Abraço
* Amor em Desejos Indefinidos *
É isso mesmo! Excelente a reflexão e as palavras/nota que a acompanham.
ResponderEliminarHá tanto ruído!
Beijinho
"lucidíssimo o vário dizer que amanhã não estaremos cá para cerzir o mapa da lucidez. " diz-nos e bem Isabel Mendes Ferreira.
ResponderEliminarRealmente este "post" leva a uma boa relexão, querida Olinda. E que a palavras não sejam inúteis nem vazias. "Vamos pensar todos juntos." Reflexão e "prazer estético" serão bons aliados.
Beijinhos.
Parabéns pela tua reflexão, em contraponto às palavras da Isabel Mendes Ferreira (que já há imenso tempo não lia, mas de quem gosto).
ResponderEliminarBom fim de semana, amiga Olinda.
Beijo.
Olá, querida Olinda!
ResponderEliminarOlha que duas, é caso para dizer!
Dois textos muito pertinentes e atuais, mas parece-me que estamos "a malhar em ferro frio".
Li o da Isabel com muita atenção, mas como ela foge à pontuação, por vezes, tive de voltar atrás. Modernices da escrita, mas uma vírgula faz toda a diferença e a autora sabe disso.
O texto da Olinda está excelente, semântica e morfologicamente falando. Entende-se melhor, na minha opinião.
Pois, "palavras leva-as o vento" diz-se, e cada vez mais há "temporais". As palavras têm de ser ditas, não de forma agressiva, necessariamente, mas com convicção e regras e estas poucos as aceitam, não sei se por relutância do cérebro, se por qualquer outro motivo. Anda muita gente aluada, como se diz no meu Alentejo.
Nunca se falou tanto, disto e daquilo, como agora, mas parece-me que estamos a ter o efeito contrário. É preciso mudar muita coisa, o sistema, como dizia um dirigente desportista, mas não vejo "luz ao fundo do túnel".
E há tanta atividade lúdica e educativa nas escolas, 1ºciclo, especificamente, tentando consciencializar os mais pequenos para o sentido e importância das palavras, agora e futuramente. Em vão! Cada dia, concluo isso mesmo.
Eu fui consciencializada com afetos, mimos dos meus pais, tia e avô e apanhei umas palmadinhas da minha mãe, só da minha mãe, k era professora, por causa da matemática. Eu sabia a tabuada na ponta da língua, mas pôr o raciocínio a funcionar e aplica-lo aos números, era tarefa árdua. Já com as palavras, sempre tive um caso de amor bonito, longo, até hoje.
Beijos, boa sexta-feira e melhor fim de semana.
O pior é que, mesmo na gestão no nosso dia-a-dia, muitas coisas, por vezes as mais complicadas, não dependem só de nós.
ResponderEliminarBeijinhos
Querida Olinda, quero desde já pedir-te desculpa pela minha ausência. Já li várias vezes este texto, mas não deixei o meu comentário por falta de tempo e consequentemente, de disposição parz o fazer. O meu irmão veio cá passar umas duas semanas de férias e, claro tenho que lhe atenção; como gosto srmpre de ler com a devida atenção o que escrevem deixei para depois ascminhas palavras. Sabes, Olinda, aqui há tempos li um texto de Mia Couto onde ele escreve que o problema das sociedades de hoje é terem desamprendido de escutar e, com essa atitude, surgem todos estes problemas de violência, de incompreensão pelos actos do outro. Sempre admirei os brasileiros pelo facto de utilizarem muito mais a palavra " escutar " do que o verbo ouvir e com isso comecei a pensar que, na realidade há uma grande diferença. A todo o momento ouvimos, um ruído na rua, um barulho no andar de cima uma zaragata na esquina, mas nem sempre " escutamos " o que uma pessoa nos quer dizer, o que ela precisa de desabafar; escutar é prestar atenção ao que o outro fala, silenciosos olhando no olho daquele que está à nossa frente. Essa falta leva a que determinadas pessoas se achem deuses, pensem que são os únicos a conhecerem determinados factos, a que considerem que os outros não valem nada. Aqui, aproveito par lembrar o nosso António Arnaut que, de certeza, sabia escutar o povo português, sentir as suas necessidades mais prementes como a saúde e que por isso lutou para que essa necessidade nāo fosse esquecida. E as palavras, Olinda, têm um poder imenso e por isso devemos ter muito cuidade com o que dizemos e escrevemos; elas têm tanto poder que somis dapazes de conhecer uma pessoa só por aquili que ela escreve, por aquilo que ela intetpreta ao ler as palavras dos outros. Devemos também ter muito cuidado quando, ao escutarmos o outro, o nosso impulso é logo fazermos um julgamento sobre o que está a desabafar; escutar com atenção e tentar entender o pensamento, a atitude do outro. Fizessemos sempte assim e a violencia, a descriminação, a raiva, diminuiriam de certeza. A propósito, amiga, os brasileiros usam muito a palavra enxergar e nós dificilmente a usamos; sempre achei isso muito interessante a também penso que há há uma grande diferença; enxergar é, como costumamos dizer, olhar com olhos de ver, observar, admirar. Querida amiga, muito obrigada por este momento de reflexão e desejo-te um bom fim de semana junto dos teus. Um beijinho
ResponderEliminarEmília
Jamais saberemos do tempo certo, ou ele não existe. As palavras de hoje não (mais) terão valor amanhã.
ResponderEliminarCertamente ainda nos vamos culpar pelo que foi (ou não foi) feito.
Excelente nodo para despertar, Olinda. Talvez ainda se fosse a tempo.
Beijo
SOL
E agora vamos à correcção, pois os erros foram muitos, muitos.
ResponderEliminarPara o fazer...dar-lhe atenção..sempre..as minhas ..desaprendido...somos capazes de ..interpreta..é tentar..
Prometo, amiga, que procurarei ter mais cuidado com o que escrevo, dando-me ao trabalho de reler no fim de cada frase, certo? Vamos ver se cumpro....
Beijinhos
Emilia
Ai minha querida amiga, "erros" que não são erros.
EliminarNão te preocupes com essas pequenas falhas a que todos nós estamos sujeitos, consequência do pouco espaço de que dispomos para escrever e do pensamento que acaba por ser mais rápido do que a nossa execução no teclado. :)
Desejo boas férias ao teu irmão e dias de muita alegria a todos.
Bom domingo.
Beijinhos
Olinda
Olinda passei para desejar um bom domingo e uma excelente semana.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria
Divagar Sobre Tudo um Pouco
As 'culpas' podem ser muitas e variadas. Mesmo que saibamos, fingindo ignorar, que são apenas muletas para nos desculpabilizarmos. A era digital hoje, a televisão ontem, são-no tanto quanto nós deixarmos que assim seja. Como todas as outras 'razões' para o egoísmo, a inveja, o permanente estado de conflito. Acabamos por nunca ter tempo para ter tempo, sem nos apercebermos que ainda nos falta o tempo para perder tempo. Que é uma coisa essencial à nossa saúde...
ResponderEliminarAbraço, amiga!
jorge
Sempre k aqui "entro" vejo a senhora da imagem a mandar-nos calar, e portanto lá se vão as palavras, ou talvez seja um pedido de reflexão, aquele dedinho. Creio ser a segunda hipótese.
ResponderEliminarGrata pelo seu comentário, que não me pôs a refletir mto, mas achei que devia passar por cá e num tête-à-tête, conversar com a Olinda.
Li o seu anterior post, que até posso relacionar com o comentário, que deixou no meu blogue e com o qual estou de acordo, pke soube interpretar mto bem (até parece k me conhece), o k penso e qual tem sido o meu estilo de vida, k não sendo igual ao seu, mas k se aproxima, em alguns aspetos, mesmo não tendo filhos e netos.
Em minha opinião, a essência das coisas e pessoas mantém-se, a não ser k haja uma catástrofe natural ou anímica, e por isso é que os maridos, companheiros, mulheres, companheiras são lugares estáveis, embora, de vez em qdo sofram pequenos abalos sísmicos -rs, como é salutar.
Numa relação a dois, séria e k já dure há "n" tem de haver mta cumplicidade, afetos e cedências, pke não há duas pessoas iguais. Eu não sou exceção, embora em poesia eu possa ser e dizer tudo, com termos, obviamente.
Sei k o "lugar" preferido do meu pai era a minha mãe, e vice-versa, embora tivessem feitios diferentes, opostos, até, mas um sem o outro era difícil sobreviver, qto mais viver.
Ela faleceu de cancro, repentinamente, aos 55 anos e o meu pai ficou um "farrapo". Foi o meu amor e o tempo, que o recompuseram, mas não foi nada fácil.
As mulheres conseguem fazer uma vida quase normal, qdo os maridos, os homens partem (morrem) ou se vão embora para novas experiências, e aí e se há filhos menores, começa aquela complicação dos fins de semana ou de 15 em 15 dias e parece k o miúdo ou a miúda, filhos, são "mercadorias". Nunca vivi esse cenário no tempo dos meus pais, pke eram um casal "normal" e nas "discussões" era quase sempre ele k cedia.
No meu dia a dia, também não vivo esses cenários e procuro entender o outro, o mais possível, embora sem "escravatura", nem dependências excessivas.
Beijinhos e boa semana.
:)))
EliminarTambém a mim a senhora da imagem já me está a cansar. Já pensei em substituí-la mas o melhor mesmo é trazer outro tema à vossa consideração.
Muito obrigada, Céu, pelas suas palavras.
Beijinhos
Olinda