Os jovens do baby boom, a explosão demográfica que se seguiu à segunda grande guerra, são os velhos de hoje*. Passaram por grandes mudanças culturais e sociais. Foram eles que, no nosso caso, andaram na guerra colonial e que, também, fizeram acontecer a Revolução de Abril. A eles devemos o dia que hoje vivemos, com a possibilidade de nos expressarmos livremente e de tomarmos decisões importantes para as nossas vidas. Contudo, há que ter em conta que a nossa liberdade termina onde começa a liberdade do outro. Isto já é quase um lugar-comum, muitas vezes só de boca, como diz o povo.
Hoje, pretendo apenas referir a situação da Mulher neste mundo que consideramos livre. Há uma violência contra ela que não abranda, chegando a extremos irreversíveis. E enquanto não lançarmos campanhas de mudança de mentalidade não vamos lá com decretos. Há uma falha civilizacional que persiste e não tem sido por falta de referências e de entrega em relação a pessoas que até com a própria vida têm tentado ao longo da História fazer valer princípios que deveriam ser ingénitos.
Dito isto, chego ao que aqui me traz hoje. Neste dia de comemorações, Dia da Liberdade, assinalo uma voz que emerge do Sec. XVIII. Uma voz de mulher que em plena Revolução Francesa, 1789, pugna pelos direitos da Mulher. Nada de admirar, dir-se-á. Não se trata da revolução que nos conduz à divisa Liberté, Égalite, Fraternité? Com efeito, uma revolução que, logo nos primeiros dias, produzira a Declaração tida como das mais inspiradoras no que aos direitos do homem diz respeito. Mas é precisamente nesse aspecto que falha: deixa de fora a Mulher que continuava sem direito ao voto, de acesso a instituições públicas, liberdade profissional, sem direitos de propriedade, entre outros.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, tantas vezes citada e louvada, é, assim, posta em causa por Olympe de Gouges, nascida Marie Gouze. Sobre o modelo da referida Declaração produzira uma outra a que dera o nome de Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, de 1791, dirigida à Rainha, Maria Antonieta, com o objectivo de que fosse aceite e aprovada pela Convenção Nacional, com as alterações devidas, frisando que a "Mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos".
Olympe de Gouges fora ostracizada, guilhotinada e esquecida pela gerações seguintes até que em 1986 a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, 1791, foi publicada por Benoîte Groult e:
Em 6 de março de 2004, em Paris, uma praça foi denominada como Place Olympe de Gouges. (...)Em 2007, a candidata presidencial francesa, Ségolène Royal expressou o desejo de que os restos mortais de Gouges fossem movidos para o Panteão. No entanto, seus restos, como os das outras vítimas do regime de terror, foram perdidos através do sepultamento em covas comuns.
HOJE E SEMPRE, HONREMOS OS NOSSOS MORTOS E SEJAMOS DIGNOS DO SEU LEGADO.
ABRAÇO.
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Hoje, pretendo apenas referir a situação da Mulher neste mundo que consideramos livre. Há uma violência contra ela que não abranda, chegando a extremos irreversíveis. E enquanto não lançarmos campanhas de mudança de mentalidade não vamos lá com decretos. Há uma falha civilizacional que persiste e não tem sido por falta de referências e de entrega em relação a pessoas que até com a própria vida têm tentado ao longo da História fazer valer princípios que deveriam ser ingénitos.
Dito isto, chego ao que aqui me traz hoje. Neste dia de comemorações, Dia da Liberdade, assinalo uma voz que emerge do Sec. XVIII. Uma voz de mulher que em plena Revolução Francesa, 1789, pugna pelos direitos da Mulher. Nada de admirar, dir-se-á. Não se trata da revolução que nos conduz à divisa Liberté, Égalite, Fraternité? Com efeito, uma revolução que, logo nos primeiros dias, produzira a Declaração tida como das mais inspiradoras no que aos direitos do homem diz respeito. Mas é precisamente nesse aspecto que falha: deixa de fora a Mulher que continuava sem direito ao voto, de acesso a instituições públicas, liberdade profissional, sem direitos de propriedade, entre outros.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, de 1789, tantas vezes citada e louvada, é, assim, posta em causa por Olympe de Gouges, nascida Marie Gouze. Sobre o modelo da referida Declaração produzira uma outra a que dera o nome de Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, de 1791, dirigida à Rainha, Maria Antonieta, com o objectivo de que fosse aceite e aprovada pela Convenção Nacional, com as alterações devidas, frisando que a "Mulher nasce livre e permanece igual ao homem em direitos".
Olympe de Gouges fora ostracizada, guilhotinada e esquecida pela gerações seguintes até que em 1986 a Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, 1791, foi publicada por Benoîte Groult e:
Em 6 de março de 2004, em Paris, uma praça foi denominada como Place Olympe de Gouges. (...)Em 2007, a candidata presidencial francesa, Ségolène Royal expressou o desejo de que os restos mortais de Gouges fossem movidos para o Panteão. No entanto, seus restos, como os das outras vítimas do regime de terror, foram perdidos através do sepultamento em covas comuns.
HOJE E SEMPRE, HONREMOS OS NOSSOS MORTOS E SEJAMOS DIGNOS DO SEU LEGADO.
ABRAÇO.
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Veja este post, de 29/04/2018, do blog Entre as Brumas da Memórias:
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*em grande parte.
Leia:
A declaração e contrato social
Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã
Déclaration des droits de la femme et de la citoyenne
Foi muito bom termos conquistado as liberdades fundamentais com o nosso 25 de Abril...
ResponderEliminarHomenagear o 25 de Abril, SEMPRE!
Um tributo que devemos aos valentes capitães.
Saudações democráticas.
~Ps~ Claro que há, em todos os países, muitas
reivindicações sociais a fazer...
Beijo.
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A seguir aos 'velhos de hoje', eu sei, lá está o asteriscozinho que, presumo, deverá quer dizer um 'desculpe lá qualquer coisinha...'. Não acuso o toque. Até porque já esclareci que não sou velho, sou... clássico.
ResponderEliminar'O que faz falta...', é não esquecer, sim. Mas também é preciso continuar Abril.
Abraço, amiga Olinda!
jorge
Desconhecia esta grande senhora, e a sua luta. Obrigada pela partilha.
ResponderEliminarE em Portugal foi ontem homenageada na Estefânia em Lisboa, Carolina Beatriz Ângelo, a primeira mulher portuguesa a votar em 1911
Abraço
Querida Olinda
ResponderEliminarFoi óptimo ler-te, especialmente porque desconhecia essa senhora, ou antes, Mulher, Marie Gouze. E gosto sempre de aprender algo...
De facto o 25 de Abril trouxe-nos a "Liberdade", sem qualquer dúvida.
Nunca é demais lembrar e homenagear os Homens que promoveram e levaram a cabo a "nossa" Revolução.
Contudo... muito há ainda a fazer.
No que respeita a violência... parece recrudescer a cada dia que passa.
E também a sua forma é cada mais mais "requintada" no que toca a malvadez.
Lembro-me muitas vezes duma frase que li há muito tempo, não sei onde nem quem a escreveu, mas que considero muito acertada:
"Vivemos num mundo feito pelo Homem para o Homem".
Por isso a Mulher tem sido sempre relegada para segundo plano.
Há dias um amigo meu, que muito considero e grande admirador da Mulher, dizia-me: "As mulheres só não estão no poder porque os homens não deixam. E eles é que têm a força. Veremos até quando...".
Desculpa, querida, acho que me alonguei demasiado :))), mas estes assuntos empolgam-me.
Continuação de boa semana.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Belo e pertinente artigo a lembrar que há vidas que não foram em vão. Olympe de Gouges é um bom exemplo. Outras e em diversos países deram o seu contributo. Lembremos e continuemos dando passos pelos direitos de cidadania.
ResponderEliminarBeijinho, Olinda.
excelente texto e excelente tema.
ResponderEliminartambém no plano da designada "emancipação" feminina a realidade social post 25 de Abril deu passos irreversíveis, como texto bem refere.
... e bem sabemos que a alteração das estruturas mentais tem um ritmo bem mais lento que a transformação das estruturas sociais e jurídicas
e, nesse medida, as "revoluções" são sempre "inacabadas", a exigirem permanente a esforço de aprofundamento.
gostei muito, Olinda
abraço
Infelizmente as mulheres continuam a não ser respeitadas e valorizadas em condições de igualdade com os homens. Claro que tem havido progressos e nada é comparável ao que se passava no século XVIII. Mas ainda há muito progresso a fazer...
ResponderEliminarExcelente post, parabéns.
Bom fim de semana, amiga Olinda.
Beijo.
Não conhecia esta Senhora Marie Gouze e foi bom saber do tanto que ela lutou pelos direitos da mulher e da cidadã. Temos de reconhecer que muito tem sido feito a favor da mulher, mas, infelizmente, há alturas em que somos obrigados a pensar que esse " muito" parece estar a diminuir e a transformar-se em ' muitom muito pouco" . Falo isto, tendo em conta o teu ultimo post que trata dos migrantes que todos os dias chegam à Itália. O que dizer de tantas mulheres que nem sequer têm a opotunidade de salvar os seus filhos das atrocidades das
ResponderEliminarguerras e de impedir que eles sejam levados para o fundo do mar quando, aflitas, fazem de um tudo para os proteger? Não lhes é dada o minimo de dignidade; tudo lhes é tirado. Não sei, se, ao vermos tudo isto, nós, mulheres de outros cantos podemos reclamar de alguma coisa . beijinhos, Olinda e muito obrigada pelo tanto que aprendi aqui hoje. Este Xaile está sempre aberto e pronto a aconchegar os amigos na sua seda macia
Emilia