domingo, 25 de junho de 2017
Para ti
Foi para ti
que desfolhei a chuva
para ti soltei o perfume da terra
toquei no nada
e para ti foi tudo
Para ti criei todas as palavras
e todas me faltaram
no minuto em que talhei
o sabor do sempre
Para ti dei voz
às minhas mãos
abri os gomos do tempo
assaltei o mundo
e pensei que tudo estava em nós
nesse doce engano
de tudo sermos donos
sem nada termos
simplesmente porque era de noite
e não dormíamos
eu descia em teu peito
para me procurar
e antes que a escuridão
nos cingisse a cintura
ficávamos nos olhos
vivendo de um só
amando de uma só vida
In: Raiz de Carvalho e outros poemas
Mia Couto
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Poema: Citador
Imagem: Pixabay
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Adoro Mia Couto. Também tenho este livro.
ResponderEliminarUm abraço e bom Domingo.
Cada palavra deste lindo poema nos acolhe como um abraço
ResponderEliminarAdoro os poemas de Mia Couto
Beijos minha querida e um excelente domingo
Que linda é esta forma de amar. Só um poeta consegue desfolhar a chuva e dar voz às mãos. O, quem sabe, um poeta apaixonado.
ResponderEliminarGrata pela partilha.
Ruthia d'O Berço do Mundo
É profundamente belíssimo...
ResponderEliminarTambém tinha este poema para publicar...
Não faltarão outros.
Beijinhos, estimada Olinda.
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Para Si!
ResponderEliminarhttps://www.youtube.com/watch?v=m1QXKYxejtE
Magnífico, o Mia Couto!
ResponderEliminarBeijos.