É brando o dia, brando o vento
É brando o sol e brando o céu.
Assim fosse meu pensamento!
Assim fosse eu, assim fosse eu!
Mas entre mim e as brandas glórias
Deste céu limpo e este ar sem mim
Intervêm sonhos e memórias...
Ser eu assim ser eu assim!
Ah, o mundo é quanto nós trazemos.
Existe tudo porque existo.
Há porque vemos.
E tudo é isto, tudo é isto!
Fernando Pessoa
in: O Cancioneiro
Penso logo existo? A partir da minha existência percepciono o céu e a terra, sinto o vento e a luz a trespassarem-me e tudo o que me circunda porque a mente é a minha fonte. Se o mundo é o resultado daquilo que trazemos em nós, então poderemos influenciar o vento que passa, o rugir dos vulcões, o borbulhar do incandescente. E se na minha ânsia de encontrar um pensamento primeiro, depois de eliminar do meu entendimento o supérfluo e os ensinamentos de antanho, cairei na dúvida metódica. Será bom negócio? Duvidando de brandas glórias, de vitórias poucochinhas talvez exercite em mim o poder do raciocínio lógico. Ou talvez não. Poderei, no limite, tropeçar no erro de Descartes.
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Poema: O citador
Imagem:daqui
Bom dia querida Olinda.
ResponderEliminarBelo poema somos realmente sonhos e memórias, passado e presente, futuro a planejar, somos este céu, esta terra, pois são nossas raízes, nosso firmamento e deles nossa existência.
Muito obrigada pelo carinho de suas palavras e tenha um excelente Domingo e feriado e ótima semana.
Beijos no seu coração.
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ResponderEliminar~ Se António Damásio diz que podemos tropeçar
no erro de Descartes, quem sou eu para duvidar?
~ No entanto, Pessoa
demonstra-nos o valor da máxima «cogito ergum sum»,
assegurando-nos que Descartes foi um ilustre sábio,
que nos ensinou a pensar, admirar e amar a filosofia.
~~~ Abraço, estimada Ollnda. ~~~
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Oi Olinda,
ResponderEliminarA vida não é como a gente quer e sim com ELES querem
Temos uma linda vida para viver
Beijos no coração
minicontista
Fernando Pessoa é sempre uma escolha preciosa.
ResponderEliminarBeijinhos
Maria
Saudade das belas tempestades
ResponderEliminarSaudade dos belos relâmpagos
ResponderEliminarHola de nuevo, bonitos versos estos también: la vida no siempre es como deseamos que sea, mas no dejemos de soñar y volar con la imaginación ya que como los pájaros no podemos.
ResponderEliminarUn placer, amiga.
Un abrazo y toda mi estima.
Feliz semana.
É bom começar a semana lendo Pessoa.
ResponderEliminarGrato abraço, minha amiga, com votos de excelente semana
O mundo à nossa volta é consequência do que pensamos,sentimos e fazemos. cuidemos do nosso mundo interior, que se reflete no mundo externo.
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ResponderEliminarOlá querida, passei por aqui para agradecer sua doce presença
no meu cantinho.Obrigada !!!
ENCANTADA COM ESTA POSTAGEM MARAVILHOSA!!!
Abraços, Marie.
Excelência de «post».
ResponderEliminarAh, querida Olinda, que reflexão...por mim tropeço quase sempre...sinto e sofro, pois penso o que sinto.
Beijinho
Olá, Olinda!
ResponderEliminarComeço por agradecer a sua visita ao meu blogue, tal como o inteligente comentário, sintético, é verdade, mas onde nada faltou.
Efetivamente, não tenho painel de seguidores, mas prometo, que virei visitar o seu espaço, com relativa frequência, e ficaria mto feliz se a Olinda entendesse fazer o mesmo em relação ao meu. Acrescento que, normalmente, não publico mais que duas vezes, por mês.
Fernando Pessoa e Descartes, embora em campos diferentes, talvez tivessem e tenham, ainda, algo ou bastantes conceitos/ideias em comum.
Creio que os génios, seja em que área for, são, normalmente, pessoas "desassossegadas", céticas, críticas, incompreendidas (só depois da morte é que o seu talento e obra são reconhecidos), pke desenvolvem teorias, fazem afirmações e exultam práticas, que estão longe, mas mto longe e que nada têm a ver com as k estão em "vigor".
No poema de Pessoa, aqui publicado, há uma brandura plácida/interrogativa e um tanto "narcisista", mas ao mesmo tempo desinquieta. Como quase todos os escritores, também Fernando Pessoa nunca se "encontrou", nunca se conseguiu "encontrar" com o seu ego, e ter com ele uma "conversa de homem para homem". Talvez tivesse mesmo duvidado, em alguns momentos, que foram bastantes, que existia e que pensava, acrescento eu. Talvez!
E o talvez, leva-nos, sempre à dúvida, metódica ou não. Será bom negócio? A metodologia sempre deu jeito, pke a "casa", a mente fica, aparentemente mais arrumada, mas os trovões, os ventos e os vulcões internos, aparecem, de vez em qdo, na nossa nossa vida e na nossa memória coletiva. Não somos nós que os influenciamos, mas estes elementos a nós. Qdo os dias estão cinzentos, ficamos mais tristes, algo deprimidas e parece que nada brilha. Então, que/quem influencia quem?
As glórias, brandas ou significativas, nunca deixarão de ser vitórias, e já que somos ambas mulheres, falemos do cancro da mama, que tanto tem grassado e apoquentado as nossas companheiras. Vencem etapa a etapa, vitórias que elas sabem ser menos k metade, poucochinhas, mas são vitórias, e aquelas que julgam não conseguir ultrapassar aquele "Adamastor", são as k, inexplicavelmente o vencem, mas parecia tudo tão feio, difícil e quase impossível!
Não há verdades absolutas. Não, não estou a pensar bem, estou a tropeçar no erro, Olinda, elas existem, sim: o amor que as mães, falo de mães "normais", têm pelos filhos.
O ceticismo alastrou e está instalado e nem a "Crítica da Razão Pura", denominação que considero pejorativa, e k tantos "amargos de boca" trouxe a Kant, nem mesmo essa consegue apaziguar as mentes em reboliço. Raciocínio lógico? Mas, o que é a lógica para uns, pode não ser para outros, e então, temos tudo "embargado", mas pior ficou Descartes, que com 50 e poucos anos morreu vítima de pneumonia em poucos dias. Acho k, só nessa altura, ele entendeu a diferença entre dúvida e erro.
O percussor da Filosofia Moderna, que duvidou do seu próprio eu, foi sepultado num cemitério de crianças não batizadas em Estocolmo, porque ele, católico, não poderia coabitar cemitérios onde jaziam protestantes. Era o tempo das guerras, das lutas entre Protestantes (Evangélicos, mais recentemente) e Católicos, da célebre guerra k durou 30 anos entre as duas "fações", enfim, das dúvidas e dos tremendos erros, que, infelizmente, continuam a existir, mas segundo o neurologista António Damásio, o cérebro (cabeça) não é só um parte que está em cima do corpo, é algo mais, mas vou ficar por aqui, pke não devo "meter a foice em seara alheia", qdo não entendo nada, mas mesmo nada de Neurologia Científica.
Fiquei mto honrada e feliz com a sua presença no meu blogue, onde pensei que nunca deixaria uma sílaba.
Beijos, com mta estima e consideração.
Gostaria de saber comentar o texto. Como não sei limito-me a dizer que gostei do poema.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
À margem:
vim no seu encalço desde o Coisas Minhas.Em meados de Setembro desapareceram-me do Sexta todos os links dos blogues cujos nomes começavam com letra acima do F. Tenho andado aos poucos a recuperá-los, alguns busquei-os no google outros fui atrás dos amigos que me visitavam, pois não consegui lembrar de todos os nomes.
Um abraço e uma boa semana
É-me particularmente difícil "falar" acerca dos Escritos de Pessoa; talvez porque o haja adoptado por meu Mestre privativo. Da grande admiração que voto á sua Obra, apenas dou por mim, a não ter palavras apropriadas.
ResponderEliminarDa perturbação, que se sentia,
Fosse branda ou dura de pensar,
Há, no fundo, um "quê" de nostalgia
Que não é possível apagar.
Beijos
SOL
シ
ResponderEliminarAmo Fernando Pessoa e não conhecia essa poesia.
Como ele próprio disse: "tudo vale a pena se a alma não é pequena."
Boa semana, cheia de alegrias.
Beijinhos.
✿˚° ·.
«Existe tudo porque existo.»
ResponderEliminarE este "tudo" a que Pessoa se refere, é mesmo tudo, Universo inclusive.
Aliás, a regra confirma-se, aqui; se o Xaile existe, é porque algures neste infinito universo, existe uma Olinda.
;)
Olinda, passei para deixar um abraço.
ResponderEliminarMaria
Oi querida
ResponderEliminarPassando para lhe desejar um lindo resto de dia
Beijos no coração
minicontista
Sempre bom reler Pessoa
ResponderEliminarBoa semana, querida Olinda
Olá, Olinda!
ResponderEliminarPassei por cá para saber de si e, simultaneamente, verificar se haveria nova publicação. Não há. Aguardarei!
Boa semana.
Beijos.
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
A grande admiração que o escritor sempre despertou nos leva a ler seus escritos com o coração. Creio que cada indivíduo é um mundo especial e único. Mas existimos em um outro, carregando memórias e sonhos. Um outro com inúmeros limites a serem descortinados. Bjs.
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