Salve, Aquiles. Não nos faltou o repasto onde todos são iguais, nem na tenda de Agamémnon, o Atrida, nem, agora, aqui: pois vós nos servistes os manjares apropriados, com abundância. Mas as refeições agradáveis não nos importam. Uma enorme desgraça, ó criatura de Zeus, atrai os nossos olhares e assusta-nos; não sabemos se salvaremos ou se perderemos os navios bem carpinteirados, a não ser que tu revistas a sua valentia. Porquanto os Troianos fogosos, e os seus aliados dos países longínquos, estabeleceram o seu acampamento perto dos navios e do baluarte; eles acenderam muitas fogueiras nas suas linhas, e afirmam que já não os deteremos, e que atacarão as negras naus. Zeus, filho de Crono, fez aparecer sinais, relâmpagos, à direita deles. Heitor, muito orgulhoso da sua força, assolou furiosamente, confiante em Zeus, e deixou de respeitar homens e deuses. Alimenta-o uma raiva potente. Ele ora para que surja o mais depressa possível a divina Aurora; na varanda, diz-se capaz de cortar a ponta extrema dos nossos navios, de lhes abrasar os cascos num fogo ardente; e de degolar os Aqueus junto dos seus barcos, enlouquecidos pelo fumo.Temo terrivelmente, em minha alma, que estas ameaças sejam consumadas pelos deuses, e que seja nosso destino perecer em Tróade, longe de Argos, nutridora de cavalos.
Ilíada - Homero
Excerto, pg. 128,
Palavras do divino e prudente Ulisses
Provavelmente pereceremos!
ResponderEliminarBeijinhos e boa semana, enquanto nos é permitido :)
Um texto que obrigará uma reflexão.
ResponderEliminarDesejando que se encontre bem.
Bj.
Irene Alves
Será que o povo vai vergar Atenas?
ResponderEliminarSerá que ainda se encontra senso nos Ulisses deste tempo?
ResponderEliminarO tema deixa pontas para se meditar o tempo presente.
Apropriado e bem escolhido excerto de Homero.
Beijos
SOL
~~~
ResponderEliminar~ Presentemente, não há salvação possível para os gregos, nesta refrega:
ou resistem à extrema miséria da bancarrota, ou assinam o direito perene
da supremacia dos povos ricos da Europa...
~ De qualquer modo, nós saímos perdendo...
~ Muito!
~~~
Pesadas botas bárbaras tentam esmagar o país que idealizou a democracia!
~~~
~ Porém,
«perder uma batalha, não significa perder uma guerra»
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
~ ~ ~ Beijinhos, amiga. ~ ~ ~
.
Olá, Olinda.
ResponderEliminarBelíssimo texto repleto de receios tão válidos diante da tempestade que ameaça nos céus.
Terra que pariu a Cultura, que ainda hoje encanta e alinhavou a Democracia que hoje enche a boca de muitos e o coração de poucos.
Irresponsabilidades graves e inadmissíveis assim como inegáveis de quem tem em mãos problemas já de si difíceis, dum lado.
Mas, do outro lado, a irrevogável supremacia de quem observa do alto do monte, onde crê que o mar revolto não lhe molhará os pés - mas não?
Insensato o homem que acredita que a vida é uma reta infinita, que a terra é plana, que o amanhã ainda está muito distante.
um bj amg
Querida amiga
ResponderEliminarNestas histórias
algo é atemporal:
- a sua mensagem.
Por meio de metáforas,
lendas, e entrelinhas,
podemos imaginar
os personagens ao nosso redor,
ou nos identificar intensamente
com os mesmos...
Um imenso abraço.
Excelente Texto para ler e refletir !
ResponderEliminarMesmo sem ler o texto, muito estão a refletir sobre as questões que aborda, tão presentes! As interrogações pairam no ar e nos corações. Bjs.
ResponderEliminar