Havia somente as aves de rapina de garras afiadas as aves marítimas de vôo largo as aves canoras assobiando inéditas melodias...
Prelúdio
Jorge Barbosa
Quando o descobridor
chegou à primeira ilha
nem
homens nus
nem
mulheres nuas
espreitando
inocentes
e medrosos
detrás
da vegetação.
Nem
setas venenosas vindas do ar
nem
gritos de alarme e de guerra
ecoando pelos montes.
Havia
somente
as
aves de rapina
de garras afiadas
as aves marítimas
de vôo largo
as
aves canoras
assobiando inéditas melodias.
E a
vegetação
cujas
sementes vieram presas
nas
asas dos pássaros
ao
serem arrastados para cá
pelas
fúrias dos temporais.
Quando
o descobridor chegou
e
saltou da proa do escaler varado na praia
enterrando
o pé
direito na areia molhada
e se
persignou
receoso
ainda e surpreso
pensa
n´El-Rei
nessa
hora então
nessa
hora inicial
começou
a cumprir-se
este
destino ainda de todos nós.
Jorge Barbosa
HORA
GRANDE
1
O mar
sairá
Das
nossas ilhas
Das
nossas ruas
Das
nossas casas
Das
nossas almas...
0 mar
irá para o mar
E
limpos finalmente do lodo das algas
E
libertos do sal do nosso sorriso de enteados
Seremos
frutos de nós mesmos
Nascendo
da barriga negra da terra...
2
Os
náufragos
Do
lago da nossa quietação
Erguerão
os seus braços de todas as cores
E as
suas mãos se fartarão
Da
luz de um poente maduro!
0
negreiro estará perdido na légua do tempo
Porque
a alma das nossas vozes
Não
morrerá no fundo dos porões...
A
fome não se alimentará da fome
E
voaremos nas asas do Sol
Com o
destino na palma da mão!
3
Nas
feridas do seu parto
As
raízes do nosso umbigo beberão a seiva
E no
ventre da "mamã-terra"
Germinarão
as sementes das nossas certezas
E nos
embriagaremos da carne dos seus frutos...
As
crianças nascerão sem metas nos olhos
E as
suas mãos sujar-se-ão
Do
mel do nosso olhar...
As
crianças serão crianças!
Negras
e loiras e brancas
Serão
pétalas da mesma flor...
Onésimo Silveira.
Contradições do ilhéu. Há o mar que o
circunscreve a um espaço em que só a linha do horizonte lhe permite sonhar, (o que haveria para além dessa linha?) e o mar que o levará a descobrir outros mundos.
Nessa luta entre prisão e liberdade decorrem os seus dias entre incertezas e
vontade de levantar voo.
Da janela do seu quarto, Dufinha contempla
o mar calmo e a estrada de luz que lhe promete maravilhas. À noite, as luzes da ilha vizinha, pontinhos brilhantes ao longe, trazem-lhe notícias, embora veladas, do fim do lago da nossa quietação. Levaria tempo...
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Poemas : Jorge Barbosa, "Prelúdio"; Onésimo Silveira, "Hora Grande", do site
de António Miranda - aqui
1ª imagem - Ilha da Brava - Cabo Verde - Tema Biodiversidade - aqui
2ª imagem - Vulcão do Fogo Cabo Verde - erupção em 1995 - aqui
3ª imagem - Pormenor da Cidade da Praia em Santiago, Cabo Verde, a 1ª ilha a que os descobridores aportaram- aqui
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Ciclo Macaronésia -
ƸӜƷ Hello chère Olinda
ResponderEliminarMERCI pour ce partage ! C'est très BEAU !
BISOUS D'ASIE !!! 。♡♡彡
Bonne semaine ツ !!!! ≧^◡^≦
E assim se construiu o verdadeiro imaginário do povo Português...cada vez mais longínquo!
ResponderEliminarTudo é muito difícil de ser entendível...
ResponderEliminarO planeta Terra é ainda nalguns aspectos enigmático...mas simultaneamente
maravilhoso...e o Homem nem sempre o trata bem, e daí muitas vezes
a revolta...
Gostei muito deste seu post.
Bj.
Irene Alves
Olinda, fizeste um excelente post.
ResponderEliminarGostei de tudo, poemas e fotos.
Boa semana, querida amiga.
Beijo.
Bonitos poemas. Pela paixão que nós portugueses sentimos pelo mar podemos avaliar os sentimentos dos ilhéus.
ResponderEliminarUm abraço e uma boa semana
Vozes ao alto
ResponderEliminarMuito boas escolhas, amiga, tanto de fotos como de poemas....
ResponderEliminarAbraço grande
E de novo o mar sempre tão ligado ao nosso país, à nossa história, o mar que encanta, que amedronta que aprisiona; o mar que nos levou longe em viagens fabulosas , doloridas, tortuosas e para muitos, mesmo muitos, viagens sem volta. E mais uma vez, Olinda. me dás a conhecer dois escritores que desconhecia e que cantam o mar, elemento inseparável da nossa história de conquistadores. Obrigada, amiga, pela partilha e mais uma vez, desculpas pela minha ausência. Aos poucos as coisas vão ficando em ordem. Um beijinho e desejo-te uma boa semana, sempre com muita saúde
ResponderEliminarEmília
A Olinda encontra sempre tesouros da Língua Portuguesa, totalmente desconhecidos por mim!
ResponderEliminarBeijinhos, bom dia!
❀ ❀ ❀
ResponderEliminarBonjour Olinda !
MERCI pour tes mots et ton passage sur mon petit blog ce matin. Tu es ADORABLE !
je te souhaite un agréable mardi !!!
BISES D'ASIE jusqu'au Portugal
❀ ❀ ❀
"Aqueles que passam por nós, não vão sós,
ResponderEliminarnão nos deixam sós.
Deixam um pouco de si, levam um pouco de nós." (Antoine de Saint-Exupéry)
Uma linda e abençoada semana.
Beijos Marie
~ ~ Uma inteligente e maravilhosa homenagem ao jovem país insular...
ResponderEliminar~ ~ Às suas gentes...
~ ~ E à sua cultura...
~ ~ ~ Tenho raízes na Macaronésia...
~ ~ ~ Parabéns pela qualidade e sensibilidade.
gosto das inspiradoras ilhas
ResponderEliminarum abraço
A reflexão e introspecção que o início nos deixa, é sempre um bom momento para sabermos onde estamos a cada momento...
ResponderEliminar:)
Bem vinda......Apreciei imenso mais este maravilhoso Post...
ResponderEliminarÉ mais um.....outros virão..
Boa semana
Abraço
Maravilha de versos. Só encantamento. Quando leio poemas assim ricos, perco-me no mundo dos escritores e em suas colocações maravilhosas. É o sentimento que nos chega que faz crescer o amor pela leitura. A última estrofe da poesia de Onésimo Silveira contém um sonho de todos nós. Bjs.
ResponderEliminarÉ grande a Natureza, bem expressa nas suas imagens!
ResponderEliminarBjsss
Reflectivo e inspirador. As fotos são fabulosas.
ResponderEliminarAdorei ler. :)
Bj. D
http://acontarvindodoceu.blogspot.pt
OI OLINDA!
ResponderEliminarOS POEMAS SÃO LINDOS E AS IMAGENS NÃO MENOS.
ABRÇS
http://zilanicelia.blogspot.com.br/
A Natureza é (tão) mais magnífica que a Humanidade sobretudo quando a Humanidade falha á Natureza.
ResponderEliminarBelíssimos Poemas e imagens soberbamente adequadas.
Beijos
SOL
Querida Olinda,
ResponderEliminarque bom encontrar aqui a beleza da lusofonia! E como sempre, minuciosa na apresentação e na análise.
«É preciso partir, é preciso ficar.»
Beijo
(•ิ‿•ิ)✿
ResponderEliminarUn petit bonjour amical chez toi !
GROS BISOUS D'ASIE et bon début de semaine ! :)
Trazer o princípio da vida insulana, de forma tão precisa e bela,é bem da Olinda!
ResponderEliminarPoesia nas palavras e imagens, mais que encantadoras... Daqui, vou passear, por
outras partes desse agradável espaço.
Um beijo, querida amiga, de saudade e amizade.
Lúcia
Belas imagens e textos...
ResponderEliminarAbçs
Olá, como está?
ResponderEliminarVim ver as novidades...
Deixo
Saudações Poéticas!
Dois magníficos poemas e umas fotos maravilhosas.
ResponderEliminarFizeste mais um grande post.
Boa semana, querida amiga Olinda.
Beijo.
Que belas imagens traçadas com letras!
ResponderEliminarBeijinhos, boa tarde, ainda que chuvosa!