1
Onda a onda
O mar
Se anuncia.
2
Cada onda do mar
É um oceano
De mensagens.
3
Persistente
O mar desdobra
Repetidos lençóis
4
Vista do mar
A terra
Não tem equilíbrio.
5
Por vezes o silêncio
Do mar
Prepara tempestades.
6
Pelo mar
Fomos.
Pelo mar somos.
7
Durante a noite
O mar
Espelha solidões.
8
Sereno ou medonho
O mar é o amante
Infatigável da areia.
9
O mar era imenso.
Grande era a terra.
Faltava o navegador.
10
Frente ao mar
Que voz é esta
Que nos seduz?
11
No cimo da onda
A gaivota espera
A dádiva do mar.*
12
Águas do mar
Que olhos te seguem?
Que segredos segredas?*
Liberto Cruz
* Estes asteriscos aparecem na publicação, assim como estão, e referenciam: 'Publicados em Sequências'.
DE FRENTE PARA O MAR, pgs.96 a 107, Colectânea integrada por dez poetas portugueses e organizada por David Rodrigues.
in:
DE FRENTE PARA O MAR, pgs.96 a 107, Colectânea integrada por dez poetas portugueses e organizada por David Rodrigues.
Voltando ao Prefácio, continuo a registar aqui as palavras de David Rodrigues:
Dez poetas portugueses contemporâneos aceitaram contribuir para que este livro que é, de certa forma, uma celebração da ponte que ligou Portugal e o Japão no século XVI: o Mar. "De Frente para o Mar" (e com a Europa nas costas) foi certamente a postura de sonho, de partida e de viagem que levou os navegadores portugueses a globalizar a geografia e as relações entre civilizações e pessoas. De frente, na fronteira do Mar. Hoje são diferentes as viagens e os seus meios; mas o sonho do outro e da distância permanece incólume como tão claramente se descortina nos haiku escritos neste livro. Pg.8
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