Quem sabia destas coisas era Tony de Matos, chanteur de charme, voz arrastada, inconfundível. Tanto Cartas de amor como Tu é que és a Tal, introduzem-nos nesse mundo romântico, onde tudo é encantamento e magia, enquanto dura a paixão, a novidade e, acima de tudo, o respeito e a admiração. E desejamos todos que seja assim para sempre. Só que o amor, esse amor cantado pelos poetas, é coisa finita. Ou não?
Todos sabemos que todas as cartas de amor são ridículas. Só o não são para o destinatário ou destinatária, desde que corresponda a tal sentimento. Na verdade, certas expressões de carinho e diminutivos apenas fazem sentido se lidos pela pessoa a quem são dirigidos.
Antigamente havia cartas de amor pré-escritas. Cartas que os apaixonados copiavam e endereçavam aos bem-amados. Ou então, quem não soubesse escrever teria de recorrer a quem tivesse algumas luzes, alguém que soubesse, pelo menos, desenhar as letras do alfabeto.
Já desempenhei essa função. Com os meus 8 anos de idade vi-me investida na responsabilidade imensa de passar para o papel as juras de amor de uma rapariga. Claro que deu para o torto. Ela ditava-me os seus anseios em determinado idioma e eu passava-os directamente para o português. Houve um dia em que uma palavra me atrapalhou. Não estive com meias medidas: pus na carta a que me pareceu melhor. Resultado: o seu bem-amado não gostou, zangou-se e a moça dispensou os meus serviços.
Quando os apaixonados se zangavam, devolviam as cartas. Quem que se considerasse ofendido ou defraudado nos seus sentimentos devolvia-as e exigia também a devolução das suas. Agora como é? Partindo do princípio de que se escrevem menos cartas, ou nenhumas, como é que se faz para devolver as sms, os e-mails, as mensagens no facebook? Talvez cancelando as contas? Bem, nada sei acerca disso.
É sabido que estes sucedâneos das cartas de amor não pertencem ao foro privado. O secretismo das palavras, quase sussurradas ao ouvido, e a solenidade dos pedidos de namoro ou de casamento foram substituídos, na maior parte das vezes, pelo hábito de propalar aos quatro ventos o pretendido. E nem é preciso dominar a escrita. É quase tudo instantâneo, com a utilização de símbolos, uma profusão de consoantes e abreviaturas que fariam inveja aos escrivães paleográficos.
Ainda que os meios sejam outros, mais rápidos, mais universais, menos exigentes no que à escrita diz respeito, o certo é que continua válida a retórica pergunta/afirmação:
É sabido que estes sucedâneos das cartas de amor não pertencem ao foro privado. O secretismo das palavras, quase sussurradas ao ouvido, e a solenidade dos pedidos de namoro ou de casamento foram substituídos, na maior parte das vezes, pelo hábito de propalar aos quatro ventos o pretendido. E nem é preciso dominar a escrita. É quase tudo instantâneo, com a utilização de símbolos, uma profusão de consoantes e abreviaturas que fariam inveja aos escrivães paleográficos.
Ainda que os meios sejam outros, mais rápidos, mais universais, menos exigentes no que à escrita diz respeito, o certo é que continua válida a retórica pergunta/afirmação:
Cartas de amor, quem as não tem...
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Canto da Boca trouxe-nos este lindo presente: Maria Bethânia e a sua Mensagem... com a declamação de: Todas as cartas de amor são ridículas. Obrigada, amiga.
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Ver post, no UJM, "O amor no Facebook (...)".
No espaço virtual, imenso, onde nos movimentamos, tudo é armazenado, nada se perde. Um tema muito sério.
Eu adorava escrever cartas. Nelas, era inteira e convencia. As cartas tinham personalidade e podiam fazer parte do mundo de apenas duas pessoas. Já as escrevi, também, a pedido de amigas (rss). Por muito tempo, fui a namorada oculta, pois eram minhas palavras que levavam as mensagens de amor. Esse mundo tecnológico não é romântico. E essas demonstrações exageradas, esses pedidos de casamento para chamar a atenção, não têm, para mim, idêntica magia. Cartas de amor... lamento não ter guardado as que recebi. Bjs.
ResponderEliminar✿•̃‿•̃✿
ResponderEliminarC'est très très beau !!!
Merci pour ce partage.
Bises d'Asie ღ !!!!
Olá Olinda!
ResponderEliminarBoa Noite !
Saudade de ti!
Depois de um tempinho ausente, aqui estou.
Parabéns pela bonita postagem!
Não existe coisa melhor e mais romântica do que receber, ou enviar uma carta , seja ela de amor, ou de amizade, a sensação é muito gostosa.
A carta vem com o cheiro, o toque de quem escreveu, isso que faz a diferença de um e-mail e de um sms.
Que coisa essa do rapaz não ter gostado da carta que escreveste rsrsrs, e você ainda dispensada.
Um abraço com carinho, e ótima semana!
Beijos grande!(•~?•~)? ? ?✽∿✽∿
Quantas saudades dessas cartas de amor...quantas lágrimas, suspiros e dor...
ResponderEliminarAmar de coração aberto disposto a dar e a receber...
Amar dentro do peito concebendo a vida com a força do querer...
Que lindo texto e imagens! Adoro a parte do desempenho de funções de passar para o papel as juras de amor daquela rapariga, é hilariante! :D
ResponderEliminarE só os bons compositores (autores) para ter uma ideia que falassem das cartas de amor, e dissessem ser ridículas.
ResponderEliminarMaravilha de leitura.
Abraço
Escrevi muitas cartas de amor para um amado em serviço no Ultramar, na Guiné. Algumas ele guardou, mas, se as lesse agora, talvez as achasse ridículas, sim. Hoje se as escrevesse, as palavras seriam outras, de amor também, mas de um amor mais maduro, menos sonhador. Cada tempo tem a sua marca e a minha, nesses tempos distantes, era aquela retratada em palavras sinceras, saídas de um coração apaixonado. Hoje...nem sei, mas, deve acontecer o mesmo, só que de uma maneira muito diferente; uma marca do tempo também. fizeste-me agora lembrar dos " testamentos " que escrevia;sempre longas as minhas cartas , pois essa é uma das minhas caracteristicas. Muito tempo esperava " pela volta do correio ", como se dizia , sempre com muita ansiedade, pois a saudade era muita. Beijinhos, Olinda e obrigada por este momento de boas recordações. Fica bem, amiga!
ResponderEliminarEmília
Ai que engraçado! Eu, que sou tradutora, mas na altura não era, já fiz o mesmo a uma amiga, que certa vez arranjou um amante francês (valha-nos Deus...), e era eu que traduzia a correspondência... ;)
ResponderEliminarBeijinhos
Tantos são os amores
ResponderEliminarTony de Matos ... E Corin Tellado, lembra-se da escritora catalã?
ResponderEliminarNem imagino o que escreveu para o moço acabar zangado, rrss
Não, Pessoa tem razão quanto às suas próprias cartas, que são realmente rídiculas. Mas um dos textos mais pungentes , dolorosos e sentidos que conheço é uma carta de amor escrita na prisão por Óscar Wilde.
Bons sonhos, querida Olinda
Muito belo o texto e as imagens...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
... Então eu chego e fico enlevada pelo tema! Quem nunca escreveu uma carta de amor ridícula, que atire a primeira pedra!
ResponderEliminarE lhe trago Bethania (que alguns amigos meus, portugueses não gostam) cantando, Mensagem: http://www.youtube.com/watch?v=V4NJepYXPSQ
"Mas afinal só as criaturas que não escreveram cartas de amor é que são ridículas"...
Beijos!