Bem escura, bem ventosa, bem fria e húmida surjas tu sempre, noite de 24 de Dezembro, que melhor então se avaliará pelo contraste a luz, o calor, o aconchego dos lares e mais íntimos se estreitarão os círculos da família em roda da ceia patriarcal.
"A Morgadinha dos Canaviais"
Um romântico incorrigível este nosso Júlio Dinis, citado num livrinho que me chegou às mãos, há dias, e que fala do "Natal à Portuguesa", no qual são apresentadas receitas dos pratos que fazem a nossa tradição. A autora, Edite Vieira Philips, refere a definição específica e muito bela da ceia da noite de Natal, Consoada, e indica a sua raiz e significado: consonare, soar juntamente, ou seja, uma coisa feita em conjunto, em reunião. Também traz referências aos diversos usos e costumes de cada região. De entre as variadíssimas receitas destaco: bacalhau com todos, arroz de polvo, roupa velha, peru recheado, pato com arroz, arroz doce, leite-creme, rabanadas, filhós, coscorões, broas, bolo-rei, enfim tudo pratos e doces que conhecemos e muitos mais.
Este ano resolvi voltar ao bacalhau com todos, pondo de lado outras experiências culinárias experimentadas nos últimos dois ou três anos. E, confesso, é como o bacalhau me sabe melhor, com batatas, couves, cenoura e grão, que não pode faltar, e tudo temperado com o nosso bendito azeite. No dia seguinte, a roupa velha, como não podia deixar de ser.
O arroz doce tem o seu lugar de destaque na minha mesa, feito à minha moda, isto é, aldrabado, o que envergonharia sobremaneira a minha avó, se fosse viva. Ainda me lembro de como ela descrevia os ingredientes indispensáveis a um bom arroz doce, o que, decididamente, colocaria o meu no final da lista se fizesse parte de algum concurso de culinária, desses que já tomaram conta das nossas vidas televisivas. Aliás, não há receita que não sofra transformações nas minhas mãos. E nem sempre bem sucedidas.
Outra iguaria natalícia que eu não dispenso: as fatias douradas ou rabanadas. Eu já sei que se não são comidas logo, acabadinhas de fazer, depois já não são saborosas porque ficam meio duras... mas, faço-as sempre e, claro, provo logo uma.
Porquê esta conversa agora que o Natal já passou e a Consoada já foi? Este post era para ter sido publicado, com o verbo no correspondente futuro próximo, no dia 23 ou 24, mas não tive oportunidade. É o que acontece com muitos tópicos que armazeno nos rascunhos e que depois acabo por não desenvolver e finalizar por falta de tempo e, consequentemente, não publicar. Mas como ainda estamos na quadra festiva, pareceu-me que este tema não estaria fora do tempo...
Imagens: recolhidas na Internet
Este ano resolvi voltar ao bacalhau com todos, pondo de lado outras experiências culinárias experimentadas nos últimos dois ou três anos. E, confesso, é como o bacalhau me sabe melhor, com batatas, couves, cenoura e grão, que não pode faltar, e tudo temperado com o nosso bendito azeite. No dia seguinte, a roupa velha, como não podia deixar de ser.
O arroz doce tem o seu lugar de destaque na minha mesa, feito à minha moda, isto é, aldrabado, o que envergonharia sobremaneira a minha avó, se fosse viva. Ainda me lembro de como ela descrevia os ingredientes indispensáveis a um bom arroz doce, o que, decididamente, colocaria o meu no final da lista se fizesse parte de algum concurso de culinária, desses que já tomaram conta das nossas vidas televisivas. Aliás, não há receita que não sofra transformações nas minhas mãos. E nem sempre bem sucedidas.
Outra iguaria natalícia que eu não dispenso: as fatias douradas ou rabanadas. Eu já sei que se não são comidas logo, acabadinhas de fazer, depois já não são saborosas porque ficam meio duras... mas, faço-as sempre e, claro, provo logo uma.
Porquê esta conversa agora que o Natal já passou e a Consoada já foi? Este post era para ter sido publicado, com o verbo no correspondente futuro próximo, no dia 23 ou 24, mas não tive oportunidade. É o que acontece com muitos tópicos que armazeno nos rascunhos e que depois acabo por não desenvolver e finalizar por falta de tempo e, consequentemente, não publicar. Mas como ainda estamos na quadra festiva, pareceu-me que este tema não estaria fora do tempo...
Imagens: recolhidas na Internet
Bom dia
ResponderEliminarO Natal já foi e a noite esteve fria e muito ventosa.
A ceia foi simples. O calor foram as mãos e os sorrisos. Os abraços e as esperanças de dias melhores. O Natal estará sempre incompleto enquanto houver irmãos com fome e sem abrigo
Haja saúde e paz, meu amigo, e a capacidade de darmos as mãos. Todos e cada um no seu círculo, no seu bairro, na sua comunidade, com palavras e obras conseguiremos pequenos-grandes milagres. É a nossa obrigação na qualidade de cidadãos activos da sociedade.
ResponderEliminarObrigada pelo seu comentário.
Abraço
Olinda
Olá, Olinda ! Adorei o seu post. Júlio Dinis é um dos grandes no meu Panteão dos lusófonos. Este ano, à moda do Minho de onde veio o meu rapaz há 45 anos, acrescentei polvo ( não sou fã de bacalhau COZIDO, embora cumpra sempre com a tradição, mas nunca é tarde demais para sermos rebeldes). Gosto mais de escrever sobre o que já foi, porque o passado tem os pequenos grandes pormenores que faltam ao futuro.
ResponderEliminarObrigada pela presença. Um excelente 2014 . Um Xi <3 da D.
Olá D
EliminarJúlio Dinis também é para mim um daqueles autores inesquecíííveis. Um caso de paixão. Quanto à gastronomia natalícia a variedade é tanta que satisfaz praticamente todos os gostos, não é?
É bom recordar. A tradição já não é o que era, mas alguma coisa ainda do passado vai resistindo às modas.
Beijinhos
Olinda
Meninia (o)Linda também eu andei sem tempo (e ando)...este ano tem faltado a saúde, bem tão necessário a todos nós...o Natal foi tempo de lágrima para mim, mas enfim... tempo de recolhimento interior e olhar em redor...sem dúvida um tempo para os mais pequeninos e os graúdos, pois então, agirem com o coração, mas não só agora...pelo ano inteiro fora!!!!...darmos as mãos em paz e serenidade...mas pronto, cada um fará a seu jeito para que o Mundo seja perfeito...aqui, respirei o perfume de um pouquinho desse preceito :) ...Bigada pela recordação da Consoada...e fica um grande beijinho e que o Novo Ano seja bonzinho e nos traga muiito Carinho, Saúúúde e Paaaz, que esteja escondidinho no Cabaz :)...e descobri-lo sejamos capaz! :)****
ResponderEliminarQuerida Levezinha
EliminarEspero e desejo que já estejas recuperada e consigas reencontrar a paz e a serenidade. Obrigada pela tua presença e pelas tuas belas palavras. Que este Ano de 2014 te traga todo o bem do mundo.
Beijinhos
Olinda
Bom ano
ResponderEliminarde preferência com pauzinho
na engrenagem
Bjs
Para a fazer a diferença, não é?
EliminarUm Bom Ano também lhe desejo.
Abraço
Olinda
Que recordação! Li todo o Júlio Dinis quase na infância...
ResponderEliminarObrigada, por toda a presença!
Passo para desejar um ano de 2014 mais próspero e pleno de saúde!
BJ
Querida Ana
EliminarO primeiro livro que li foi a 'Morgadinha dos Canaviais'. Depois vieram os outros, seguindo o gosto pela leitura dos meus pais que eram grandes apreciadores de autores do Sec.XIX, entre outros.
Agradeço e retribuo os teus votos.
Beijinhos
Olinda
Um ano novo repleto de conquistas e sonhos!
ResponderEliminarBeijo Lisette.
Muito obrigada, amiga Lisette.
EliminarQue continue no Ano de 2014 o seu grande trabalho.
Beijinho
Olinda
Passei para deixar um abraço e desejar que o novo ano seja de paz e tranquilidade para todos. Que a humanidade encontre o caminho para um mundo mais justo e fraterno. Feliz 2014
ResponderEliminarCara Elvira
EliminarObrigada. É isso mesmo, precisamos todos de paz, tranquilidade e de uma grande dose de amor ao próximo.
Tudo de bom para si e para os seus.
Bj
Olinda
ResponderEliminarMinha querida
Que o ano de 2014 seja pleno de amor e felicidade...de paz e prosperidade...repleto de realizações e de sonhos concretizados.
Minhas amigas e meus amigos...Obrigada por todo o carinho que me deixam em cada palavra que me adoça o coração.
FELIZ ANO NOVO
Um beijinho
Sonhadora
Cara RosaMaria
EliminarMuito obrigada por estas palavras que, acredito, vão ao encontro daquilo que todos nós desejamos do fundo do coração.
Feliz 2014.
Bj
Olinda
Foi de facto uma boa escolha.....
ResponderEliminarUm Fantástico 2014 para si..
Grande abraço
Também para si, caro Andradarte.
EliminarAbraço
Olinda
Este ano a noite do dia 24 foi bastante fria, chuvosa e com vento.
ResponderEliminarA nossa ceia foi simples. O bacalhau foi para o dia 25. A reunião da família faz sempre a festa A fogueira sempre nos aconchega e aproxima.
Os nossos sonhos são sempre simples e dentro da nossa realidade de cada dia.
Que haja paz - Pão - Amor e respeito em todas as mesas e durante todos os dias do ano.
Caro Luís
EliminarMuito obrigada por mais este contributo.
Trata-se realmente de uma época que só faz sentido com a família reunida, vivendo e compartilhando o pouco ou o muito de que cada um disponha. Por isso, é tão triste para quem vive sozinho, altura em que a solidão aperta mais.
Grande abraço
Olinda
As receitas natalicias têm sempre demasiadas calorias mas eu abuso super dos doces nesta época. Durante o resto do ano evito-me bastante mas na época do natal e ano novo,ui ui,sou bastante doce!! Espero que tenhas tido boas festas!! Até breve!!
ResponderEliminarCara Joaninha
EliminarQue comentário mais doce! Adorei.
Esta quadra festiva é complicada é, especialmente para quem não pode nem deve abusar, por motivos de saúde. Mas com alguma contenção, penso que se poderá atravessá-la incólume. :)
Feliz Ano de 2014.
Bj
Olinda
Hummm, já eu não gosto das rabanadas acabadas de fazer, acho enjoativas, prefiro no dia seguinte, mas não ficam duras, porque eu embebo-as bem na preparação ;)
ResponderEliminarQuando ao farrapo velho, detesto, e as batatas com bacalhau e couve, detesto ter de as preparar na passagem de ano para muita gente (16 pessoas): sai-me sempre mal...
Beijinhos
EliminarAh! Com que então há um truque para as rabanadas, hein?!! E que preparado especial será esse? :)
Na verdade, cozinhar para muita gente e fazer com que tudo saia perfeito é difícil.
Assim, é preferível optar pelos pratos que conseguimos preparar com mais à vontade.Como não sou grande cozinheira, sigo sempre esta regra que inventei para mim.
Bjs
Olinda
Olinda, é este: http://apanificadoraribeiro.blogspot.pt/2010/01/as-rabanadas-e-aletria.html
Eliminar;)
Obrigada,Gata.
EliminarPor sinal é um blog que eu sigo. Vou lá espreitar. :)
Bjs
Olinda
Eu sei, Olinda, a autora é a mesma ;)
EliminarJá lá fui e gostei. Vou ver como é que me saem as rabanadas, com este preparado.
EliminarDe vez em quando ponho-me a pensar, a pensar :)... e chego à conclusão de que devia fazer rabanadas mais vezes no ano, isto é, sem ser apenas na época natalícia. É uma boa maneira de aproveitar o pão do dia anterior.
Beijinhos
Olinda
Não me recordo de ter lido algo do Julio Dinis... :(
ResponderEliminarMas o poste me encheu de fome. Eu adoro rabanadas, feitas na hora, no dia seguinte...Diga aí para esta sua amiga brasileira, o que é "roupa velha"?
Beijos!
;))
Minha querida amiga brasileira
ResponderEliminarEça de Queirós disse, em 'As Farpas', que Júlio Dinis, (na verdade, Joaquim Guilherme Gomes Coelho), 'viveu de leve, escreveu de leve e morreu de leve', talvez não reconhecendo profundidade à sua escrita. Mas eu nem quero saber das farpas do Eça.:)
Júlio Dinis morreu com apenas 30 e poucos anos, vítima da tuberculose, contudo, os seus romances mostram uma visão positiva da vida. E penso que na sua obra se encontra uma boa dose de crítica social.Li, praticamente, todos os seus livros e gosto muito dele.
E quanto à 'Roupa velha (de bacalhau)' - é um prato que se faz no Dia de Natal com as sobras do 'bacalhau com todos' da ceia e, então, lasca-se o bacalhau, corta-se aos bocadinhos a batata, a cenoura, as couves, os ovos...Leva-se ao lume azeite com alho picadinho, deixa-se alourar. Junta-se tudo, deixa-se aquecer, mexendo de vez em quando...Serve-se de imediato. Bom apetite. :))
Beijinhos
Olinda
Mesmo a esta distância temporal importa comentar. Júlio Dinis é uma figura grada da nossa Literatura. Foi um dos precursores de escola romântica, em Portugal. Interessado nos usos e costumes dos portugueses, naturalmente que alusões ao Natal não poderiam faltar.
ResponderEliminarBoas Festas
Juvenal Nunes
Olá Juvenal
EliminarMuito sensibilizada com o seu comentário.
Júlio Dinis é um dos meus preferidos e os seus livros são sempre fonte de inspiração para mim.
BOM NATAL!
Abraço
Olinda