No último sábado, no programa Mar de Letras*, num dos canais da RTP, ouvi uma passagem da entrevista a Jorge Araújo, escritor e jornalista cabo-verdiano, em que referia que, para escrever os seus livros regressa sempre ao lugar das memórias da infância, um manancial inesgotável, a Mindelo - S. Vicente.
A par disso, falava com gosto das figuras relevantes da sociedade cabo-verdiana, nomeadamente, de Baltasar Lopes da Silva que ele considera o maior autor cabo-verdiano. E eu gostei de ouvir aquilo. Tenho um certo carinho por Baltasar Lopes e pela sua obra bem como pela sua mulher, Teresa, senhora muito bela, doce e carinhosa, amorável. E de voz maviosa, porque também cantava ou, em determinada altura, resolvera gravar algumas músicas como, por exemplo, 'Ó comadre Quetirinha', (que eu sei trautear...)
A par disso, falava com gosto das figuras relevantes da sociedade cabo-verdiana, nomeadamente, de Baltasar Lopes da Silva que ele considera o maior autor cabo-verdiano. E eu gostei de ouvir aquilo. Tenho um certo carinho por Baltasar Lopes e pela sua obra bem como pela sua mulher, Teresa, senhora muito bela, doce e carinhosa, amorável. E de voz maviosa, porque também cantava ou, em determinada altura, resolvera gravar algumas músicas como, por exemplo, 'Ó comadre Quetirinha', (que eu sei trautear...)
Em 1936, Baltasar Lopes da Silva, Manuel Lopes e Jorge Barbosa fundaram a revista literária e cultural, Claridade, revista que lhes servia de veículo para a denúncia de problemas como a seca, a fome, a emigração. Estes claridosos marcaram de forma indelével a literatura e a sociedade de Cabo Verde.
Como veem nas imagens, ele aparece como Baltasar Lopes mas também é Osvaldo Alcântara, seu pseudónimo poético, assim apresentado no 'Reino de Caliban', antologia poética dos países africanos de língua portuguesa, de que possuo o primeiro volume. Também era tratado, carinhosamente, pelos alunos, por 'Nhô Balta'.
Eis um dos seus poemas, do qual ressalto, como que um resumo de tudo o que é dito no mesmo, 'Mas todos os que vierem me encontrarão agitando a minha lanterna de todas as cores//Na linha de todas as batalhas:
Ressaca
Venham todas as vozes, todos os gritos e todos os ruídos;
Venham os silêncios compadecidos e também os silêncios satisfeitos;
Venham todas as coisas que eu não consigo ver na superfície da sociedade dos homens;
Venham todas as areias, lodos e todos os fragmentos de rocha que a sonda recolhe nos oceanos navegáveis;
Venham os sermões daqueles que não têm medo do destino das suas palavras;
Venha a resposta captada por aqueles que dispõem de aparelhos apropriados;
Volte tudo ao ponto de partida,
E venham as odes dos poetas,
Casem-se os poetas com a respiração do mundo,
Venham todos de braço dado na roda dos pecadores,
Que as criaturas se façam criadores,
Venha tudo o que sinto que é verdade
além do círculo embaciado da vidraça...
Eu estarei de mãos postas, à espera do tesouro que me vem na onda do mar...
A minha principal certeza é o chão em que se amachucam os meus joelhos doloridos,
Mas todos os que vierem me encontrarão agitando a minha lanterna de todas as cores,
Na linha de todas as batalhas.
Chiquinho é o seu romance mais conhecido e também considerado o primeiro romance genuinamente cabo-verdiano. Li-o há já algum tempo e tenho um exemplar que não encontro, neste momento, de modo que não sei se a capa que apresento aqui é a mesma, pois há outras edições. Aqui, encontrarão uma antologia da obra. Vale a pena lê-la.
Como veem nas imagens, ele aparece como Baltasar Lopes mas também é Osvaldo Alcântara, seu pseudónimo poético, assim apresentado no 'Reino de Caliban', antologia poética dos países africanos de língua portuguesa, de que possuo o primeiro volume. Também era tratado, carinhosamente, pelos alunos, por 'Nhô Balta'.
Eis um dos seus poemas, do qual ressalto, como que um resumo de tudo o que é dito no mesmo, 'Mas todos os que vierem me encontrarão agitando a minha lanterna de todas as cores//Na linha de todas as batalhas:
Ressaca
Venham todas as vozes, todos os gritos e todos os ruídos;
Venham os silêncios compadecidos e também os silêncios satisfeitos;
Venham todas as coisas que eu não consigo ver na superfície da sociedade dos homens;
Venham todas as areias, lodos e todos os fragmentos de rocha que a sonda recolhe nos oceanos navegáveis;
Venham os sermões daqueles que não têm medo do destino das suas palavras;
Venha a resposta captada por aqueles que dispõem de aparelhos apropriados;
Volte tudo ao ponto de partida,
E venham as odes dos poetas,
Casem-se os poetas com a respiração do mundo,
Venham todos de braço dado na roda dos pecadores,
Que as criaturas se façam criadores,
Venha tudo o que sinto que é verdade
além do círculo embaciado da vidraça...
Eu estarei de mãos postas, à espera do tesouro que me vem na onda do mar...
A minha principal certeza é o chão em que se amachucam os meus joelhos doloridos,
Mas todos os que vierem me encontrarão agitando a minha lanterna de todas as cores,
Na linha de todas as batalhas.
Chiquinho é o seu romance mais conhecido e também considerado o primeiro romance genuinamente cabo-verdiano. Li-o há já algum tempo e tenho um exemplar que não encontro, neste momento, de modo que não sei se a capa que apresento aqui é a mesma, pois há outras edições. Aqui, encontrarão uma antologia da obra. Vale a pena lê-la.
Ver: Literatura cabo-verdiana (Periodização)
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Imagens: Internet. Os meus agradecimentos às pessoas que as disponibilizaram.