Não sou poetisa mas querendo também comemorar o amor, deixo um poema que para mim representa tão bem esse sentimento incrível, intenso e que consegue até "mover montanhas", de Luis Vaz de Camões, "O amor é fogo".
Amor é fogo que arde sem se ver;
De:Maria
Blog: Divagarsobretudoumpouco
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade
É servir a quem vence o vencedor,
É ter com quem nos mata lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade;
Se tão contrário a si é o mesmo amor?
Luís de Camões
Mote deste post: Quinzena do Amor
Autoria do video:
By Luah (ver youtube)
Um bom começo, Olinda. Estava ansiosa pelo começo desta maratona. Parabéns à Maria pela bela escolha e à Olinda por esta iniciativa tão interessante. Um beijinho e até breve
ResponderEliminarEmília
Muito obrigada, querida Emília.
EliminarBeijinhos.
Olinda
;))))
ResponderEliminarHa muitos anos... ha tantos, que os meço já numa escala de eternidade, frequentava o meu secundário, quando conheci uma coleguinha linda e... enamorei-me.
Mas, de tão linda ser, mesmo sem nada por isso fazer, por ser natural a sua beleza, captava a atenção e o interesse de mais uma equipe de outros enamorados.
Todos os enamorados, talvez copiando os rituais de sedução de algumas aves, exibiam os seus dotes físicos, aprimoravam-se nas vestimentas e nos galanteios e desfilavam em frente à jovem diva, enviando sorrisos, piscar-de-olhos e, os mais atrevidos, mandavam beijinhos por via aérea, com a finalidade de conquistar tão belo exemplar femenino.
Eu, fazia parte da estatística, sem contudo fazer parte da lista dos exibicionistas. Olhava mais de longe e arquitectava mentalmente, fórmulas de aproximação e sedução, sem me decidir por aquela que me parecesse a mais apropriada e infalível.
Eu morava em Algés e com frequência viajava na mesma carroagem do comboio, onde a musa continuava depois de me apear.
Um dia, quase a chegar à minha estação, decidi resolutamente aproximar-me e... sem mais nem porquê, recitei para a minha musa, de seguidinha, estas quadras do Luis Vaz com que nos presenteias.
Ela, escutou sentada, com as mãos abraçadas sobre o regaço e os olhos fixos nas mãos. Eu, recitei de cor, sem ouvir o que estava a dizer. O comboio, parou com um solavanco, acordando-me do sonho que sonhei que sonhava, e saí num atropelo, antes que as portas se fechassem. Na gare parei, desorientado, tentando identificar a janela em frente ao banco onde ela se sentava. O comboio iniciou a marcha, o meu olhar saltou sôfrego de janela em janela, até a encontrar, sentada onde a deixei momentos antes, mas agora, tinha o rosto erguido e voltado para a janela... quando encontrou o meu, sorriu.
Senti o impulso de correr atrás do comboio, de o mandar parar, mas as pernas, os pés não se moviam, pareciam colados ao empedrado da gare. Já o comboio ía lá ao fundo, quando dei o primeiro passo, ainda com a sensação de estar a meio caminho entre o céu e a terra. Só depois senti a alegria imensa, a euforia que aquele sorriso provocou em mim.
No dia seguinte, na escola, fiz os possíveis para me cruzar com ela nos corredores, nos intervalos das aulas. Da primeira vez, trocámos desejos de bom dia e sorrimos. Das vezes seguintes, trocámos olás. Ao final do dia de aulas, esperei por ela a meio do percurso entre o liceu e a estação dos comboios, perguntei-lhe se a podia acompanhar, respondeu que sim; inventei uma conversa atabalhoada, sem jeito. Ao chegar à minha estação despedimo-nos com um olhar mais intenso e um até amanhã que soava a um "não vás" e a um "não quero ir"...
Com o fim do ano lectivo, vieram as férias e a separação, no ano seguinte andei como um zombi pela escola, procurando o rosto belíssimo da minha musa. Nunca mais voltei a vê-la.
Mas, fiquei a dever a Camões aquele namoro edílico, que quase me remeteu para angustia daquele outro soneto:
alma minha gentil que te partiste
tão cedo desta vida descontente...
;))))
Bartolomeu, esta tua história é tão linda, tão linda!
EliminarEsses tempos, esses amores de estudante é do mais puro e idílico que há, aproveitando a palavra que empregaste.
E relembraste aqui, também, aquele outro soberbo poema de Camões. 'alma minha gentil que te partiste...'
Muito obrigada, amigo.
Grande abraço.
Olinda
Sempre gostei deste poema.
ResponderEliminarMaior o nosso Camões!
Bjinhs
Olá, Fa
EliminarSim,ele é Grande tanto na épica como na lírica.
Bj
Olinda
Amor...é fogo é!
ResponderEliminarBoa ideia, vou escrever para ti...
Bjo*
É, Maria, é Fogo!
EliminarObrigada
:)
Bj
Olinda
Querida Maria
EliminarJá li o lindíssimo poema inspirado neste do nosso Camões, a que deu um título que me aqueceu o coração, 'Para ti Xaile de seda...Amor é Fogo'.
Nesta nossa 'Quinzena do Amor' em que celebramos o amor, a amizade, a solidariedade, é muito bom este intercâmbio.
Bjs
Olinda
Camões é atemporal e universal! Não há o que dizer diante dessa obra, apenas sentir os influxos que o poema causa/deixa em nós!
ResponderEliminarBeijos, Olinda querida!
;)
A lírica de Camões é mesmo assim como dizes, intemporal. impregnar-nos destes influxos ( que palavra bem escolhida!) e deixarmo-nos ir...acaba por ser uma forma de estar, uma forma de vida.
EliminarBeijos
Olinda