Vós mi defendestes, senhor,
que nunca vos disse ren
de quanto mal mi por vós ven,
mais fazede-me sabedor,
por Deus, senhor, a quen direi
quan muito mal lev’e levei
por vós, se non a vós, senhor?
Ou a quem direi o meu mal,
se o eu a vós non disser?
Pois calar-me non m’é mester
e dizer-vo-lo non m’er val.
E, pois tanto mal sofr’assi,
se com vosco non falar i,
por quem saberedes meu mal?
Ou a quen direi o pesar
que mi vós fazedes sofrer,
se o a vós non for dizer,
que podedes conselh’i dar?
E, por en, se Deus vos perdon,
coita d’este meu coraçon,
a quen direi o meu pesar?
Dom Dinis
Poema:
Casa Fernando Pessoa
Olinda.
ResponderEliminarQuanta sapiência vertida do coração deste rei- poeta, que me parece, foi o grande incentivador para o desenvolvimento da nação portuguesa em vários setores.
Quem sabe, penso eu, e sem pretensão, imaginar que não é dele que herdamos esse gosto pela poesia, e em deixar que a alma fale através das letras?
Mesmo sendo num português arcaico, da gosto ler este requintado poema.
Como sempre, teu blog é um espaço para a cultura e o saber.
Um fraterno abraço, beijos.
Sempre gostei da època trovadoresca e das cantigas d'amor!
ResponderEliminarSe a ninguém contar como sabereis do meu sofrer, senhora?
Linda, esta composição.
Obrigada.
Grande D.Dinis...será que era melhor poeta que
ResponderEliminarrei,,,,O poema é lindo...
Bom Fim de semana
Beijo
Olá, Antônio
ResponderEliminarTem razão no que diz.Rei-poeta que oficializou a língua portuguesa e que fundou a primeira universidade portuguesa.É fantástica a sensibilidade deste rei que, enquanto resolvia os assuntos do reino incrementando o seu desenvolvimento,vertia em lindos versos os 'ais' da alma. E é mesmo, talvez venha daí este gosto pela poesia que nós temos...
Grande abraço
Olinda
Querida Blue Shell
ResponderEliminarA época trovadoresca tem aquele quê sempre nos atrai...
'Ou a quem direi o meu mal,
se o eu a vós non disser?'
Mal d'amor, mal do coraçon.
Beijinhos
Olinda
Grande poeta, sim, Andradarte.
ResponderEliminarPenso que foi um rei que procurou incentivar várias áreas, como a agricultura, a pesca, o comércio.
Abraço
Olinda
A propósito de D.Dinis,
ResponderEliminarCRISTINA TORRÃO
escreveu um livro sobre ele.Deixo aqui o título e o endereço do blog:
D.Dinis- A Quem chamaram 'O Lavrador'
andançasmedievais.blogspot.com
BJ
OLINDA
Grande poeta, um dos nossos melhores Reis.
ResponderEliminarSoube lavrar e semear a terra, soube ser poeta.
Gosto dele nas duas vertentes.
Beijinho
Maria
tenho a felicidade de ser essa a minha área de estudos...
ResponderEliminarExcelente escolha.
D. Dinis foi um homem invulgar para o seu tempo e um líder inteligente, no meio da cegueira a que quase sempre estamos sujeitos.
Beijo
Querida amiga
ResponderEliminarMas isto é uma verdadeira relíquia!
Há tanto tempo não me lembrava que D.Dinis foi poeta...
É uma das grandes vantagens de visitarmos blogs amigos - sempre aprendemos ou recordamos coisas interessantes.
D.Dinis foi um dos reis que mais gostei de estudar. E a história da Rainha Santa é maravilhosa.
Era bom que hoje houvesse homens empreendedores como ele foi.
Bom fim de semana. Beijinhos
Uma belíssima e forte oração Olinda!!
ResponderEliminarBeijos
Olinda, minha querida Amiga; já referiste em comentário anterior o livro escrito pela Cristina Torrão, nossa companheira bloguista.
ResponderEliminarNesse livro, a Cristina tem inscrito o poema do teu post. E, o poema tem uma história, tal como todos os que o rei-poeta escreveu.
Espero que a Cristina não me leve a mal, resumir aqui essa história porque ele é bela, mais ou menos ficcionada pela autora.
Era uma noite de tempestade no noroeste transmontano quando D. Dinis chegou ao Castelo de Trancoso, onde iria cear com a Cátara e Rosacruciana (estes dois substantivos são especulação minha)Isabel de Aragão, a Rainha Santa de Portugal. D. Dinis e Isabel tinham casado por procuração e as bodas tinham decorrido em Trancoso, castelo que D. Dinis tinha oferecido a Isabel. Quando se encontraram para cear, o nosso rei notou que Isabel tinha crescido desde a última vez que tinham estado juntos e impressionou-se com a sua beleza. Durante a ceia, D. Dinis cantou os versos transcritos neste post, os quais tinha composto para Isabel. No final, a rainha mostrou-se profundamente emocionada e declarou ao rei o seu amor por ele. Começou assim, uma aproximação mais íntima entre ambos, e os primeiros beijos apaixonados.
Nessa altura, começaram a ouvir os lobos uivar, cada vez com maior intensidade e D. Dinis notou que a rainha ficara pálida. Quando lhe perguntou o que estava a sentir, D. Isabel respondeu que se aproximava desgraça e efectivamente, passados alguns momentos, entraram na sala mensageiros de Castela, anunciando a morte do pai da rainha.
Resumindo; a noite de núpcias ficou em águas-de-bacalhau, mas o amor entre ambos prevaleceu.
Um romance, entre outros, escrito pela autora com imensa imaginação, mas muito bem fundamentado.
Imperdível! (passo a publicidade)
;)
Querida amiga D. Dinis, um Rei empreendedor e um grande poeta. Foi um dos reis que mais gostei de estudar.
ResponderEliminarUm excelente fim de semana.
Beijinhos
Maria
É a primeira vez que encontro D. Dinis na blogosfera ...e ando por cá há bastante tempo!!
ResponderEliminarIncrível, não é?
Desejo uma boa semana.
Ora direis, ora dirás, ora diremos, haverá de ter um novo Dom Dinis, para salvaguardar essa "pequena nesga que se debruça sobre o mar", da voracidade do capital e do descaso de uns poucos que brincam com o destino, a vida e a esperança de tantos?
ResponderEliminarDeixo meu beijo e meu carinho, Olinda, além dos meus desejos de felicidades e vitórias!
Querida Maria
ResponderEliminarÉ verdade, Maria, um dos melhores Reis.Para além de grande trovador, foi um hábil diplomata, nomeadamente, na definição das nossas fronteiras.Entre outras qualidades...
Bj
Olinda
Ai, Ana, uma área lindíssima que eu adoro. Em relação às 'cantigas d'amor, de amigo, d'escarnio e mal dizer', há uma musicalidade que não se encontra em mais nenhuma época...
ResponderEliminarBj
Olinda
Querida Mariazita
ResponderEliminar'O Milagre das Rosas', lembra-se? A Rainha Santa Isabel e a sua bondade seria, por si só, um marco nesta época da História de Portugal: 'O que levais aí, Senhora? Rosas, meu Senhor!Rosas em Janeiro?' E depois é o que se sabe, não é?
A memória colectiva, mesmo em se tratando de lendas, é fundamental para que um povo possa seguir em frente...
Beijinhos
Olinda
Olá, Carla
ResponderEliminarTem mesmo uma toada que lembra uma oração, não é? Então, o pormenor de o trovador tratar a sua amada por 'Minha Senhor' revela bem o sentimento que domina a poesia trovadoresca.
Beijinhos
Olinda
Um boa semana, queida, BSHell
ResponderEliminarAté um rei precisa de ter quem o ouça, quem escute o seu coração que, como o de qualquer simples mortal, se sente desconsolado. E quem diria que um rei a quem chamaram de lavrador fizesse tão bela poesia? Bem...preconceito nosso...todos os seres são capazes de fazer poesia; podemos e devemos fazer de cada actividade nossa um verdadeiro poema; é só querer, é só tentar ver em cada pormenor da vida um lindo verso e a cada dia juntar a esse um outro e assim vai...no fim teremos, pelo menos uma bela quadra.Gostei muito, pois até já me tinha esquecido dessa faceta do nosso D. Dinis. Um beijinho, Olinda e desejo-te uma bela semana, cheia de poesia
ResponderEliminarEmília
Uma boa semana também para ti, Blue Shell.
ResponderEliminarBeijinhos
Olinda
Bartolomeu, meu amigo
ResponderEliminarQue bom trazeres-nos o resumo desta parte do romance de Cristina Torrão, que referenciei acima. Penso que ela não levará a mal :)e, pelo referido resumo mostra bem a excelente escritora que ela é, pois, não fugindo ao rigor histórico transforma estes factos em matéria agradável à nossa imaginação quanto ao que poderá ter sido uma declaração de amor naqueles tempos, condimentando-a com toda a ambiência exterior.
Confesso, que não li ainda este romance da nossa companheira bloguista, o que penso fazer em breve, aproveitando também o desconto de 30%, por motivo do 750º aniversário de D.Dinis, nascido a 9 de Outubro de 1291 (fui ver ao blog).
Um grande abraço
Olinda
Só tenho de agradecer seu carinho para comigo, diariamente ou apenas quanto
ResponderEliminarsobra aquele tempinho tão desejado.
Como todos nos gostariamos de estar sempre presente,
mais na realidade temos dois mundos real e virtual.
O real nos chama as responsabilidades do nosso cotidiano;
O virtual faz parte do nosso coração cada amigo tem seu cantinho reservado
dentro de nos.
Um cantinho muito especial onde nada pode tocar .
Que Deus te cuide com carinho, Que indique o melhor caminho, Que te ensine sobre o verdadeiro amor,
Que te perdoe quando preciso for. Só Deus pra fazer tudo tão perfeito! Ser sua amiga é Perfeito!!
Te desjo uma de muito Amor. Paz e Luz.
Carinhosamente.
Evanir
Estou seguindo-te e te amando para sempre.
Olinda!
ResponderEliminarGostei da história de Portugal, e gosto das historiazinhas que se vão contando envolta daqueles castelos.
Ficava presa ao ecrã qiando aparecia o Hermano Aaraiva de Carvalho, não me cansava de ouvir, sabendo que pelo meio era muito floreado, tive bons professores e exigentes.
Gostei do poeta -lavrador (este também tem a sua poesia, o gosto pela terra, a creação)
Até breve
Herminia
Gostei do poema. Conheço pouco das canções de amor de D. Dinis, embora conheça muitas das cantigas de amigo.
ResponderEliminarUm abraço
Olá, São
ResponderEliminarSoube através do blog do Zé do Cão que o seu blog fez agora 4 anos.Quatro anos, é obra!
Gostei muito da sua visita.
:)
Bj
Olinda
Também eu, Maria, gostei muito de estudar D.Dinis e, claro, uma das primeiras coisas que fiquei logo a saber é que ele tinha mandado plantar o pinhal de Leiria e, por consequência, o seu cognome, 'O Lavrador'.Isso no tempo em que tínhamos de saber os nomes dos reis todos, os cognomes, e as dinastias, na ponta da língua...
ResponderEliminarDesejo-lhe também uma óptima semana.
Bj
Olinda
Olinda, que delícia!
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana!
Madalena
Canto da Boca
ResponderEliminarComo sois generosa, Senhora minha! :)
Belas palavras, minha querida, muito obrigada. Realmente precisaríamos agora de cabeças que soubessem pensar e deixassem de lado querelas partidárias, interesses próprios e privilegiassem o bem comum. A Europa, na qual estamos inseridos, necessita com urgência de uma renovação de mentalidades, de pessoas com ideias que consigam ter uma visão de conjunto para a resolução dos problemas.
Beijinhos, minha amiga, e votos de felicidades.
Olinda
Querida Emília
ResponderEliminarTem muita razão.A nossa capacidade é imensa,só não faremos aquilo a que não nos propusermos. E só é preciso acreditar e pôr as mãos à obra.E também a persistência é importante pois nada se faz se ao primeiro desaire pensarmos que não somos capazes. Verso a verso, pedra a pedra,passo a passo, até construirmos algo útil para nós e para os nossos semelhantes.
Uma semana com tudo de bom, minha amiga.
Beijos
Olinda
Querida Evanir
ResponderEliminarNessa viagem que empreendeu, tem sempre uma palavra amiga e gestos muito bonitos para com os seus amigos virtuais, que traz sempre no coração. Muito obrigada pela parte que me toca nessa linda partilha. Desejo-lhe saúde e toda a felicidade do mundo.
Muitos beijinhos.
Olinda
Hermínia,amiga!
ResponderEliminarQuão deliciosas e cheias de magia as histórias que envolvem castelos, princesas a que nunca falta o príncipe encantado, muitas vezes montado num cavalo branco!
Tem razão quanto ao programa a que se refere o qual, ao fim e ao cabo, preencheu (ou tem preenchido) uma lacuna quanto a programas relativos à História de Portugal. Deveria haver mais nesta área, não é? Com a expansão do mundo tecnológico cada dia se dá menos importância a esta matéria.
Beijinhos
Olinda
"Ai flores, ai flores do verde pino,
ResponderEliminarse sabedes novas do meu amigo!
ai Deus, e u é?
..."
Pois eu também, Elvira.Esta cantiga é das mais conhecidas e acho que sempre a soube, esta e outras, mais que as cantigas de amor.
Beijos
Olinda
Querida M.
ResponderEliminarMuito obrigada e também uma belíssima semana para si.
Beijo
Olinda
Olá, boa noite!
ResponderEliminarAlgum muito trabalho tem-me afastado dos comentários.
Agora reponho em dia a Leitura.
Saudações minhas!
Lindíssimo o poema Olinda.Não conhecia essa canção do D. Dinis . Beijos e ótima semana!
ResponderEliminarSó hoje aqui vim e estou extremamente sensibilizada com a atitude do Bartolomeu. Ao ler este post, deparei com um dos poemas que utilizei no meu romance sobre D. Dinis. Tencionava dizer isso e mencionar a cena. Mas, qual não é meu espanto, quando a vejo descrita pelo Bartolomeu!
ResponderEliminarD. Dinis foi de facto um grande poeta. É claro que usei a imaginação, ao escolher os poemas, adaptando-os a determinadas situações, pois ninguém sabe (nem saberá nunca) em que o rei-poeta estava a pensar quando os escreveu. Mas, como o Bartolomeu reconheceu, esforço-me por fundamentar as escolhas.
Olinda, espero que consiga arranjar o livro com desconto. Se tiver dificuldades, diga-me alguma coisa.
Sim, Vieira Calado, eu sei...
ResponderEliminarEle é eventos, ele é medalhas!!!
Muitos Parabéns, meu amigo.
Olinda
Querida Smareis
ResponderEliminarComo se costuma dizer por cá, 'Há sempre um Portugal desconhecido' :))
Obrigada, amiga.
Beijos
Olinda
Olá. Cristina
ResponderEliminarNa realidade, o amigo Bartolomeu veio prestigiar sobremaneira este post, trazendo-nos este excerto...
Aprecio a forma como apresenta as situações, quando procura dar-lhes um rosto, uma personalidade, um carácter, produzindo uma história dentro da História.
Muito obrigada quanto ao desconto do livro :) e sim, se tiver dificuldades digo-lhe.
Bj
Olinda