A PALAVRA
A palavra renova-se no poema.
Ganha cor,
ganha corpo,
ganha mensagem.
A palavra no poema não é estática,
pois, inteira e nua se assume
no perfeito,
no perpétuo movimento
da incógnita que a adoça.
A palavra madura é espetáculo.
Canta.
Vive.
E respira. Para tudo isso
basta
uma mão inteligente que a trabalhe,
lhe dê a dimensão do necessário
e do sentido
e lhe amaine sobre o dorso
o animal que nela dorme destemido.
A palavra é ave
migratória,
é cabo de enxada,
é fuzil, é torno de operário,
a palavra é ferida que sangra,
é navalha que mata,
é sonho que se dissipa,
visão de vidente.
A palavra é assim tantas vezes
dia claro
sinal de paisagem
e por isso é que à palavra se dá,
inteiramente,
um bom poeta
com os seus sonhos,
com os seus fantasmas,
com os seus medos
e as suas coragens,
porque é na palavra que muitas vezes está,
perdido ou escondido,
o outro homem que no poeta reside.
(1963-2014)
Narração do "Mundo dos Poemas"
Escritor moçambicano, Eduardo Costley White nasceu em Quelimane (Moçambique), a 21 de novembro de 1963 e faleceu a 24 de agosto de 2014. Numa preocupação com as origens, Eduardo White tenta na sua poesia refletir sobre a sua história e sobre Moçambique, numa tentativa de apagar as marcas da guerra e de dignificar a vida humana. Para isso, escreve através de um amor diversificado que pode ser pela amada, pela terra ou mesmo pela própria poesia, sempre num tom de ternura, de onirismo, de musicalidade e, por vezes, de erotismo. (Daqui)
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Poema - daqui
Vídeo - daqui
Querida amiga Olinda, bom domingo de paz!
ResponderEliminarImagem bonita e delicada além de muito expressiva para iniciar a leitura do poema.
"A palavra no poema não é estática,"
Sente-se o movimento da palavra ao longo da leitura.
Ela é viva e eficaz, respira em nós, nos representa no eu real que se reveste do ser pessoa.
Gostei muito, amiga.
O amor pela própria poesia se encorpa e toma a firma do coração do seu escritor.
Tenha novos dias abençoados!
Beijinhos
💐😘
Foi um gosto ler o poema de Eduardo White. Tão cúmplices, as palavras, de facto. Obrigada por divulgar minha Amiga Olinda. Tenha um domingo feliz.
ResponderEliminarUm beijo.
Bonito poema e uma bela foto!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Adorei ler a poesia tão especial! Lindo domingo! beijos, tudo de bom,chica
ResponderEliminarO poema é magnífico e ouvir sua declamação me deu imenso prazer. Não conhecia o escritor mas li e reli suas palavras com encantamento. Grande abraço.
ResponderEliminarOlá Olinda!
ResponderEliminarMaravilhoso poema
Tenha uma semana repleta de luz
Abraços Loiva
Profundo poema . La palabras simpre son un regalo o pueden causar daño te mando un beso.
ResponderEliminarUm bom escritor moçambicano.
ResponderEliminarE o poema que escolheu é de antologia, muito bom.
Boa semana, amiga Olinda.
Um beijo.
A Palavra renova-se no poema, na prosa e até nos lábios de todos os que desejam " amainar "o sofrimento de tantos, dando-lhes coragem para que continuem, apesar das feridas que sangram. Escolheste este belissimo poema para o partilhares com os teus amigos no dia de um dos mais terriveis acontecimentos causado pela bestialidade do ser mais inteligente do universo. Muito se escreveu, muitas palavras foram ditas , mas creio que ninguém foi capaz de encontrar as mais certas para classificar semelhante atrocidade. Não será possivel encontrar uma que dê " a real dimensão " da dor e o " sentido" de tamanha irracionalidade humana, Há palavra " se dá inteiramente um bom poeta " e ela se dá inteiramente a todos nós, esperando que a saibamos usar para " dignificar a vida humana " e não para ferir e matar os sonhos dos outros. Que a nossa palavra, dita ou escrita seja sempre " dia claro e sinal de paisagem ", verde como a esperança, a esperança de que a mão que a escreve, seja, não só inteligente, mas fraterna, solidária e pacifica. Perante tão belo poema, não sei que mais palaras poderei deixar aqui, mas uma, tenho que escrever, Olinda...OBRIGADA por me dares a conhecer este poeta e este lindo poema. Gostei muito do video também. Espero que estejam todos de saúde aí em casa e aos poucos, querida Olinda, vou visitando os Amigos. Encontrei tudo em ordem, felizmente, mas há sempre muito a fazer quando voltamos a casa, não é verdade? Beijinhos
ResponderEliminarEmilia 🙏 🌻
Mais uma palavra...corrigir
ResponderEliminarUm erro imperdoável....À palavra....
Emilia
Beijinhos
Obrigada por compartilhar tão lindo poema, Olinda.
ResponderEliminarGostei imenso.
Abençoada semana.
Beijinhos
Verena
Um belo poema. Realmente,palavra é movimento. Sente-se no decorrer da leitura e TB na eloquência de quem fala. Abraços.
ResponderEliminarTem texto novo lá no
Kantinhodaedite.blogspot.com
Olá Olinda!
ResponderEliminarMaravilhoso poema.
Também gostei muito do vídeo.
Não conhecia Eduardo White , foi uma pena ter partido tão cedo.
Foi uma excelente partilha.
Abraço e brisas doces ***
Grande poeta, bom ler esse poema que já conhecia!
ResponderEliminarAmiga Olinda, obrigada pela partilha.
Tenha dias de glórias
Beijinhos.
A palavra tem um poder imensurável, tanto pode ser suave como o voo de uma borboleta, como ferir como um punhal.
ResponderEliminarBelíssimo poema, não conhecia o poeta.
Obrigado pela partilha.
Beijinhos
Poetizada, a palavra se reinventa, ressignifica na arte da vida e do viver.
ResponderEliminarUm abraço. Tudo de bom.
APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.
Ai de nós sem as palavras que faz o nosso encontro Olívia
ResponderEliminarMuito bonito poema do moçambicano _ vou ler mais dele.
Um abraço grande e que as palavras sejam claras e migratórias
indo e vindo a nós.
Bons dias .
Olinda, querida, que belíssimo e forte poema de Eduardo White, poeta
ResponderEliminarque eu não conhecia. A palavra é isso tudo que li, é arma que destrói, palavras que acariciam, é perdão, é solidariedade, mas também é arma que venenosa que nos paralisa.
Muito lindo, mas tão verdadeiro querida amiga! Vou ler mais desse poeta. Emociona.
Beijinho, amiga, uma feliz semana, com carinhosas palavras...
A palavra também ganha mais vida com a leitura.
ResponderEliminarAbraço
Com esmero, o poeta esculpiu sua palavra em forma versada com nitidez. A palavra, matéria -prima possível e tangível.
ResponderEliminarBelo e pungente poema.
Grata pela partilha, Olinda.
Bjos,
Calu
Graças por aumentar os meus conhecimentos, querida Olinda.
ResponderEliminarGrande abraço
Minha querida Olivia... Sempre ficamos mais ricas de conhecimento quando por aqui passamos e eu tinha muitas saudades. Um beijinho com muito carinho.
ResponderEliminarGostei de revisitar este seu excelente post.
ResponderEliminarContinuação de boa semana, amiga Olinda.
Beijo.
Obrigado, Olinda. Ainda não conhecia a poesia de Eduardo White. Pois, ele sabe como poeta que este é aquele que trabalha as palavras com o suor do seu rosto. Bela partilha.
ResponderEliminarGrande o poeta, maravilhosa a postagem (como sempre)! Obrigada, minha amiga. Beijinho
ResponderEliminarBoa noite, querida Olinda,
ResponderEliminarQue poema imperdível você nos presenteou!
Adorei !!!A sua esolha foi maravilhosa!
Assim me defino no meu perfil:do meu blog:
" A palavra é barco que singra o mar
do imaginário e nos leva a viagens incríveis
pelas rotas do universo poético.
E é lá que eu me encontro"
Uma revelação, sem dúvida, conhecer este poeta, cujo valor o poema publicado atesta.
ResponderEliminarAbraço a amigo.
Juvenal Nunes
Desconhecia a poesia de Eduardo White. Foi o despertar duma revelação excessivamente curta cuja perda se lamenta.
ResponderEliminarObrigado, Olinda por no-lo trazeres á frente.
Beijo
SOL da Esteva
A passar por cá, hoje, para desejar bom fim de semana!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Que linda partiçha, adorei o poema. Eu não conhecia este poeta. Grata. Bom final de semana, bjsss
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