Talvez.
A Europa cindida, cultural e politicamente, em Leste e Oeste terá, efectivamente, muitas diferenças em termos de mentalidade, de vivências de séculos, mas sempre o mesmo ser humano com as suas alegrias e tristezas. No sofrimento somos todos iguais, tudo se esbate nas nossas fragilidades.
Quando invadem a nossa terra, bombardeiam os nossos hospitais, as nossas maternidades, os centros culturais;
quando temos de fugir, quem sabe, para nenhures, com as nossas crianças nos braços ou pela mão, os nossos velhos a arrastaram-se de lágrimas nos olhos, com os seus parcos haveres;
quando temos de deixar para trás, filhos, companheiros, pais, em idade activa, para combaterem por esse bem maior que é as nossas vidas organizadas em comunidades, com as instituições cujos representantes elegemos e que dão estabilidade à vida em sociedade;
quando somos desalojados das nossas casas e somos acordados pelo barulho do seu desmantelamento, caindo pedra sobre pedra, ficando soterrados ou alvejados...
Nessas horas a nossa condição humana, o instinto de sobrevivência, o apego ao quotidiano, uma espécie de paraíso perdido, irmana-nos na dor, e o sentimento de perda e impotência é o mesmo.
A invasão da Ucrânia pela Rússia, a 24 de Fevereiro, tem feito desfilar perante os nossos olhos o espanto de um regresso a tempos que já pensávamos ultrapassados. A aquisição de valores como a democracia, o direito de um povo decidir do seu destino, parece não ter importância para quem diz que o ocidente não terá sucesso no seu domínio do mundo.
Penso que temos estado um tanto adormecidos não ligando a ameaças que Vladimir Putin tem vindo a fazer, pensando, como dizem os entendidos na matéria, na reconstrução do antigo Império russo. No primeiro quartel do século XX caímos na mesma esparrela perante ao que Hitler vinha dizendo, palavras que ficaram registadas em livro tristemente famoso e na vida de milhões de pessoas.
Como e quando irá isto parar ninguém sabe, apesar do que dizem os muitos especialistas que por aí pululam, aventando várias saídas...ou saída nenhuma.
A cruel realidade é o sofrimento que esse desastre bélico está a causar a todo um povo que resiste e luta pelo direito à terra e à liberdade, com o perigo quase palpável de alastramento do conflito.
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Mapa: daqui
É o que todos nós que não somos entendidos em nada mais, que o sofrimento que vemos todos os dias sentimos.
ResponderEliminarAbraço saúde e boa semana
Todos pensávamos que não seria possível a execrável atitude de Putin, apesar dos indícios que deveriam ter tornado claro as suas intenções.
ResponderEliminarExcelente texto, gostei de ler.
Boa semana, amiga Olinda.
Beijo.
Bom dia de paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarDe fato, não sabemos onde tudo vai dar, "quando temos de fugir, quem sabe, para nenhures"...
É duro ver cenas horrendas de corpos na vala fria sendo jogados como lixo, crianças caminhando, quando com sorte, nos braços dos pais, idosos sendo forçado a darem mais do que podem na fuga desumana.
É tanta covardia de um tirano sobre o povo que não sei como pode existir um ser assim com sangue nos olhos.
Já não basta a Pandemia sem fim... A que eles também estão sujeitos na fuga cruel mais expostamente.
Amiga, uma outra Europa, um outro mundo como um todo estamos vendo crescer.
Tenha uma primavera abençoada!
Beijinhos
Apesar das imensas provocações que vinham sendo feitas, ninguém adivinhava esta guerra, que trouxe um enorme sofrimento a todos os que estão a passar por ela. Não se pode adivinhar o desfecho, mas não podemos fazer de conta que nada está a acontecer. Estamos com os ucranianos agora, como já estivemos com outros povos, também vítimas da ganância do poder. Nem vale a pena mencionar porque são demasiados. Que tenham coragem os que resistem e que a Paz volte de novo sem alastrar a outros países.
ResponderEliminarO seu texto é excelente, minha Amiga Olinda.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Os conflitos naquela zona normalmente alastram, infelizmente!
ResponderEliminarAbraço
Estamos em guerra na Europa : um drama que nunca imaginei vir a viver.
ResponderEliminarPobres vítimas das guerras que devastam o planeta!
Minha querida amiga, estreito abraço, boa semana
É uma dura realidade em vários “atos”. “Ato I” para os que vivem a guerra. Para os que tudo perderam e tiveram de se separar das famílias, dos maridos, dos filhos, isto sem imaginar se os vão voltar a ver. Pessoas que ficaram e enfrentam a morte, a fome, as condições assustadoras e degradantes.
ResponderEliminarAlguns estão a chegar à europa e para mim começa o “ato II”, com muitos já a esfregar as mãos e a pensar no que podem fazer com a mão-de-obra barata, frágil e que a pouco se negará ao estar fora do seu País e da sua zona de conforto, com um desconhecimento atroz dos direitos. Lá são alvos de morte, aqui são alvos de vida dos quais se espera que para mais, sejam explorados e ainda assim agradecidos…
Abraço e bom início de semana, uma excelente escolha, como sempre
Uma Guerra que não sabemos quando acaba. Infelizmente.
ResponderEliminar--
Queria ser a primavera em flor...
Votos dum excelente semana. Beijos
Uma guerra horrendo, louca que nunca imaginei ver online! O sofrimento não para, cresce e se alastra por caminhos diversos. O que é a ganância e a frieza com que disparam aqueles mísseis infernais, Olinda? Tem gente que não está nem aí para a paz e o sofrimento mundial! É assim que começam todos os absurdos que já pousou no planeta. Qual a 'reles justificativa' para tantas mortes, tanto sofrimento?
ResponderEliminarGrande postagem, querida Olinda, grande porque nos mostra o real, e expõem os corações que fazem força para explicarem o inexplicável.
Um beijinho, amiga, uma boa semana pra todos nós.
Um 'post' oportuno e louvável...
ResponderEliminarParece impossível, como há quem revele nas suas publicações
estar completamente indiferente à guerra europeia...
A caravana da Cruz Vermelha -- apesar dos muitos esforços -
- não consegue chegar a Mariupol, entretanto estão a morrer
crianças desidratadas...
Abraços, Olinda.
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Boa tarde Olinda,
ResponderEliminarUm magnífico texto que resume de forma brilhante o que se está a passar com a guerra na Ucrânia e com a atitude bélica e egocêntrica de Putin.
Em pleno sec. XXI era inimaginável que um flagelo desta dimensão pudesse ocorrer tendo em conta os catastróficos exemplos do século passado, mas a guerra aí está instalada e até onde irá ninguém sabe!
Todos ansiamos pela paz! Só Deus nos poderá valer iluminando aquele cérebro vil e sanguinário.
Beijinhos e continuação de boa semana.
Ailime
Estou inconformada com esta guerra, querida Olinda.
ResponderEliminarAté quando?
Espero, em Deus, que tenha um fim próximo.
Tenha uma abeçoada nova semana.
Um carinhoso abraço
Verena.
Uma outra Europa. uma outra América- uma outra África- uma outra Ásia
ResponderEliminarem suma - um outro Hpmem! mas a História não é uma linha recta...
abrço, minha Amiga