E dói-me esse rio de já me não amares
de já me não quereres assim como eu te quero
de não sobressaltares porque sou eu que te espero
em esquinas de lágrima ou sorriso
foi-se o amor chegou o siso
e eu
que não nasci para ter juízo
E dói-me o teu ventre que não afago
como quem depois de amanhã se afoga
e hoje apenas está, dê para o que der
e doa a quem doer
Passam sanguessugas pelos trilhos da memória
umas são mortas, outras são vivas,
outras são glória
de já não existir e teimar em persistir
e eu vou ao vento, sou palmeira seca,
sou teimoso sou frágil sou de teca de cetim
sou uns dias teu, outros assim assim
E dói-me o teu ventre que não afago
como quem depois de amanhã se afoga
e hoje apenas sente, e já pouco quer
para além de seres mulher
E sei que já não sinto o que senti nem sei quem sou
mas seja eu quem for fazes-me falta, ainda és música
perdi a pauta, nada sei cantar, acho que esta conversa
é coça umbigo, vai ter que parar
Mas dói-me o teu ventre que não afago
como quem não sabe nadar
e hoje é de festa, amanhã é de mar
é de mar
Manuel Cintra
A editora Guilhotina publicou “Manobra Incompleta” em 2017, reunindo toda a poesia de Manuel Cintra.
"Geralmente escrevo o poema já pronto, quase sem correções. Faço os possíveis por não enlouquecer. Como sabemos, a poesia é uma arma, neste caso visceral. Sempre no limite. Sempre numa nova manobra. A evitar o acidente. Ou a vivê-lo a fundo”, costumava dizer o escritor, citado por Maria Quintans."
Joe Dassin, 40 ans déjà: “Un homme gentil, généreux, qui en imposait” - diz Charles Van Dievort - aqui
como quem não sabe nadar
e hoje é de festa, amanhã é de mar
é de mar
Manuel Cintra
(1956-2020)
Com este belo e sentido Poema, termino aqui, por ora, a homenagem a Manuel Cintra, autor de mais de vinte livros de poemas, tradutor, jornalista, actor e encenador, falecido no passado mês de Junho.
Com este belo e sentido Poema, termino aqui, por ora, a homenagem a Manuel Cintra, autor de mais de vinte livros de poemas, tradutor, jornalista, actor e encenador, falecido no passado mês de Junho.
A editora Guilhotina publicou “Manobra Incompleta” em 2017, reunindo toda a poesia de Manuel Cintra.
"Geralmente escrevo o poema já pronto, quase sem correções. Faço os possíveis por não enlouquecer. Como sabemos, a poesia é uma arma, neste caso visceral. Sempre no limite. Sempre numa nova manobra. A evitar o acidente. Ou a vivê-lo a fundo”, costumava dizer o escritor, citado por Maria Quintans."
Dele, trago hoje L'ÉTÉ INDIEN, uma das suas mais belas canções.
Boa semana vos desejo, meus amigos!
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Dois Poemas deste Autor, publicados - aqui no Xaile
Poema agora publicado : in Não sei nunca por onde,
Quasi Edições
Poema agora publicado : in Não sei nunca por onde,
Quasi Edições
Publicado por: https://casadospoetas.blogs.sapo.pt/60627.html
Nota: O título do post "E dói-me" foi retirado de um dos versos do poema.
Nota: O título do post "E dói-me" foi retirado de um dos versos do poema.
Dói sempre muito quando o amor se afasta, acaba, ou por uma razão qualquer deixa de existir.Poema lindíssimo.
ResponderEliminar.
Feliz inicio de semana.
Bom dia de nova semana, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarFoi o que mais gostei...
O afagar o ventre é como entrar no âmago, na essência do outro,
A falta disso nos põe em recisão do Amor perfeito e cúmplice.
Tenha uma nova semana cheia de ricas bençãos!
Bjm carinhoso e fraterno de paz e bem
Vou ver se compro esse livro "Manobra incompleta" pois não tenho nada de Manuel Cintra e como mostra este magnífico poema, ele á um poeta que me agrada. Obrigada minha Amiga Olinda pela informação e pelo poema.
ResponderEliminarUma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
Muito linda e bem intensa, profunda poesia! Que tua semana seja LEVE e linda! bjs, chica
ResponderEliminarGracias por compartir el poema.
ResponderEliminarFeliz semana.
Besos.
Olá Olinda!
ResponderEliminarBelíssimo poema e belíssima homenagem a Manuel Cintra!
Também não tenho nada de Manuel Cintra. Talvez encontre aqui na Biblioteca Nacional. De qualquer forma, vou ver se compro esse livro!
Um abraço e uma semana feliz!
A.S.
A publicação desse poema revela-me Manuel Cintra, autor que desconhecia e que é sempre bom ser divulgado.
ResponderEliminarSaudações poéticas.
Juvenal Nunes
"e hoje apenas está, dê para o que der
ResponderEliminare doa a quem doer..."
prosápia de poeta, que bem sabe que regressa
sempre aos lugares onde é feliz!
poema visceral e "teca de cetim"
na polpa dos dedos...
admirável poeta
e belíssimo poema
gostei muito, Olinda
Gostei bastante desta publicação!! :)
ResponderEliminar*
Chegando devagar... :)
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Uma semana recheada de emoções ... ultima partilha.
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Beijo e uma excelente noite!
Que belo poema, querida Olinda! Dor de amor, uma dor diferente, é uma dor na alma, a gente acha sempre que é a dor mais injusta do mundo. O amor monopoliza e absorve tanto que não se entende o sofrimento por amor, por amar. Estranho sentimento.
ResponderEliminarGostei de conhecer o poeta, como é bom passar aqui, amiga e desfrutar das tuas postagens.
Uma semana leve pra você!
beijo, até mais!
Bonito poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Minha querida Olinda Vim para te desejar um lindo dia e dizer que teu voto no Ostra da Poesia foi validado. Beijos no ♥
ResponderEliminaruma dor que não se quer sentir, mas que sempre inspira os poetas. E nada como versos para uma homenagem a quem deles viveu. Muito belo! Bjs.
ResponderEliminarQue bem me soube ouvir L'ÉTÉ INDIEN, de Joe Dassin, a atravessar um magnífico Outono! E o poema de Manuel Cintra é magnífico. A perda dói em todos os pontos.
ResponderEliminarE,também, nos dói a sua recente partida.
Bela homenagem, minha amiga!
Um beijo.
E não podia terminar melhor. O poema é lindo.
ResponderEliminarAbraço e saúde
Lindo de se ler! Gratidão!
ResponderEliminarBeijinho
Fanny
Magnífica escolha, de um grande poema de um grande escritor.
ResponderEliminarTambém gostei da música.
Obrigado pela partilha.
Bom fim de semana, querida amiga Olinda.
Beijo.
Maravilha de poema, quanto sentimento há em todas as palavras, em todos os versos. Grato pela partilha e bom fim de semana!
ResponderEliminarThank you for sharing this wonderful post keep your awesome work
ResponderEliminarI have many hobbies. I love to travel and read. But my favorite hobby is cooking. Let me tell you why! First, I'll tell you a little bit about why I started cooking. Secondly, I'll give you some information about what I like to cook. Third, I will say how I use the Fooddy Blog for cooking.
When I started cooking, I was 10 years old. My mom wants me to be a chef. She has always believed that girls have to make different types of food, because one day they will get married. In my country, it is normal for girls not to cook. I feel lucky because I can cook many dishes. Now that I cook some of the dishes my children and husband love, I become happy and proud of my mother and myself. Foody
Poema sublime, sentido e extremamente profundo.
ResponderEliminarTrazê-lo aqui é uma justa homenagem a Manuel Cintra que tão cedo nos deixou.
Beijo
SOL
Bonito poema.
ResponderEliminarBom fim de semana!
Isabel Sá
Brilhos da Moda
O sentimento da dor profunda expresso em versos fabulosos
ResponderEliminarBeijinhos querida Olinda