quarta-feira, 25 de maio de 2016

Não tenho pressa. Pressa de quê?

E para quê se a Terra continua na sua rotação, imperturbável, rolando os dias e as noites em que todos os elementos seguem o seu trilho pré-estabelecido? Bom mesmo é aproveitar o Sol, quando faz Sol, a chuva quando chove e a brisa, marítima ou do campo, quando nos acaricia a face. Enquanto isso, costuremos emoções, boas emoções, nos pensamentos que nos visitam. Sigamos o Mestre, homem sem pressas, um guardador de rebanhos que almeja trincar a terra toda.  





Não Tenho Pressa


Não tenho pressa. Pressa de quê?
Não têm pressa o sol e a lua: estão certos.
Ter pressa é crer que a gente passa adiante das pernas,
Ou que, dando um pulo, salta por cima da sombra.
Não; não sei ter pressa.
Se estendo o braço, chego exactamente aonde o meu braço chega -
Nem um centímetro mais longe.
Toco só onde toco, não aonde penso.
Só me posso sentar aonde estou.
E isto faz rir como todas as verdades absolutamente verdadeiras,
Mas o que faz rir a valer é que nós pensamos sempre noutra coisa,
E vivemos vadios da nossa realidade.
E estamos sempre fora dela porque estamos aqui.

Alberto Caeiro
(F.Pessoa)

====
Poema (Poemas Inconjuntos): Citador
Imagem:Pixabay

12 comentários:

  1. Adoro Alberto Caeiro.
    Um abraço e bom feriado

    ResponderEliminar
  2. Uma excelente escolha minha amiga.
    Não devemos ter pressas, é importante saborear cada momento que a vida nos vai oferecendo.
    Espero que esteja melhor, quanto ao meu genro faz a sua vida normal, mas continua com consultas regulares no IPO.
    Um grande beijinho
    Maria

    ResponderEliminar
  3. Esta pressa incontida de querer sempre tudo a correr , perseguindo a própria sombra , atrás de tudo e de ninguém ... Quem inventou ? A inquietação de querer o que possivelmente , aqui, nada nos preenche e completa . Tenhamos a paz e paciência da árvore plantada , presa ao chão ; tudo aceita com a mesma resignação .
    Beijinho

    ResponderEliminar
  4. Já corri e alcancei.
    Já corri e desgostei...
    Agora, discorro sobre tudo e sobre nada
    e apenas ando conforme a passada.
    Parabéns pela postagem.
    :)

    ResponderEliminar
  5. Pois... a mim, em contrapartida, tem-me assustado a pressa com que o tempo passa. Será de mim?
    Beijinhos e rápidas melhoras! Vai ver que o bom tempo ajuda!

    ResponderEliminar
  6. Querida Olinda
    Há coincidências engraçadas... Acabei de referir o "Mestre" num comentário que acabei de fazer (agora mesmo!) ao último post do nosso amigo Jaime Portela, e venho aqui deparar-me com um seu (dele, Mestre)
    poema!
    De facto vivemos uma vida de correria, sem nos lembrarmos, a maior parte do tempo, que a vida é efémera, dum momento para o outro tudo se acaba, e partimos sem dela termos aproveitado o melhor que tem para nos oferecer.
    Com a idade aprende-se... e eu já prendi que "devagar se vai ao longe"...

    Bom Fim-de-semana
    Beijinhos
    MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS

    ResponderEliminar
  7. Belo devaneio poético ou não viesse de quem vem!
    Eu detesto ter pressa, mas tenho :)
    Beijinhos

    ResponderEliminar
  8. Olá, Olinda.
    Tanta pressa, tanta correria, tanta vida que cai pelo caminho, na corrida.
    Na pressa, esquece-se do mais importante: o momento, a pessoa, a serenidade.
    Como tens estado, Olinda?
    Eu espero que o sol se imponha e nos ilumine o corpo e alma. Mas o cinzento do tempo parece mais forte, este ano ;)

    bj amg

    ResponderEliminar
  9. Um belo pauzinho na engrenagem

    ResponderEliminar
  10. ~~~
    ~Bem vinda, estimada Olinda!
    Desejo muito que esteja completamente recuperada.

    De facto, as populações que habitam lugares mais calmos,
    deslocam-se a um ritmo diferente das pessoas que vivem nas cidades.

    Há fases na vida que andamos completamente a contra-relógio.
    Viver sem pressa é, sim, ter um estilo de vida com mais qualidade.

    ~~~ Beijinhos. ~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

    ResponderEliminar
  11. Não sei se estou enganada, querida Olinda, mas tenho a ideia de que quando era criança, adolescente, jovem adulta e vivia na minha aldeia não havia tanta pressa, tanta correria. Se calhar havia, mas o facto de ser jovem essa pressa não me perturbava; a criancice, a juventude desejam crescer, querem ser rapidamente adultos, anseiam que o tempo passe. Será isso? Deve ser! O avanço tecnológico, o amontoado de informações que nos chega a cada instante através dos variadissimos meios de comunicação, a internet, os telefones, telemóveis, os meios de transportes cada vez mais rápidos, tudo isto nos dá a sensação de uma pressa tremenda, de uma correria desenfreada.Não sei, mas.....noutros tempos nada disso havia e, embora todas estas novas tecnologogias sejam muito importantes, a calma era maior ou pelo menos dava essa ideia. Mas, deixando as minhas dúvidas de lado, o que importa é que agora sinto que temos de fazer como a terra que gira a seu ritmo certo, sem pressa e que, tendo em conta o tempo que a vida nos tem dado até agora, devemos sossegar e aproveitar cada instante com vagar, com sabedoria, com prazer, porque o tempo que teremos não será tanto como o que tivemos até aqui. Não conhecia este poema de Alberto Caeiro e gostei muito. Estamos ainda a tempo de aprender a dar passos mais pequenos e é pena que não tenhamos aprendido há mais tempo, Olinda. Beijinhos e obrigada pelo alerta que nos dá sobre a pressa com que andamos. Um beijinho, uma boa semana e os meus desejos de que já estejas boa do joelho.
    Emilia

    ResponderEliminar
  12. Pressa pra que? De que? O importante é ir devagar e aproveitando cada momento oferecido pela vida.
    Andei dando uma pequena pausa que acabou se alongando. Mais a saudade bateu, e de volta estou no meu blog. Tem postagem por lá!
    Um abraço e ótima semana Olinda!

    ResponderEliminar