segunda-feira, 1 de junho de 2015

As entranhas da Terra



Quando a Terra resolve sacudir-nos, semeando a destruição, tomamos consciência da nossa fragilidade. Tudo o que já foi descoberto e estudado no sentido de nos ajudar a compreender esses fenómenos não se mostra ainda suficiente. Com efeito, a nós, leigos, espanta-nos e horroriza-nos, sempre, a força com que a Terra se manifesta. Cataclismos destroem civilizações. Temos bem presente os sismos ocorridos no Nepal, recentemente, massacrando as suas gentes, ao mesmo tempo que desapareciam testemunhos valiosos do seu património. 

Encaixado entre Índia e a China, o Nepal não faz parte do temível Círculo do Fogo do Pacífico, mas está lá perto. Ainda não há muito tempo vimos a devastação causada no Haiti (2010) e um pouco mais para trás (2004) o tsunami na referida zona, área de grande movimentação de placas tectónicas, associada a uma série quase contínua de trincheiras oceânicas, arcos, couraças e cinturões vulcânicos. Em 2011, o sismo que abalou o Japão trouxe um perigo acrescido: a explosão ocorrida na Central Nuclear de Fukushima. Anteontem, o Japão voltou a tremer. Tudo isso coloca-nos questões preocupantes.


Um dia destes o Google homenageou a geodesista e sismóloga dinamarquesa, Inge Lehmann. Através da análise de dados sísmicos, esta cientista concluiu que o centro da Terra não era constituído apenas de material fundido como se acreditava até então: para além da parte externa, material fundido, o núcleo* era também constituído por uma parte interna com características diferentes, isto é, com material sólido. Uma pequena pesquisa informar-nos-á da evolução das suas hipóteses, confirmadas em 1970.

Igualmente meritório o trabalho de outros sismólogos que tantas descobertas têm levado a cabo em prol do conhecimento sobre esta matéria. Mas,uma circunstância que continua a perturbar-nos é a falta de resposta em relação à previsão da ocorrência dos sismos. Não são reconhecidas variações de parâmetros simples ou conjuntos de parâmetros que permitam, por si só, estabelecer com certeza uma previsão quando, onde e com que magnitude vão ocorrer sismos, diz-nos o Instituto Português do Mar e da Atmosfera, aqui.

Eis uma brecha colossal, quase impossível de colmatar. Conhecemos as terríveis consequências desse desconhecimento. Provavelmente, haverá já estudos na procura de soluções. Talvez a prevenção no que diz respeito à edificação e à formação das pessoas fossem desejáveis o mais possível, aliás, ideias já aventadas como medidas de prevenção. Estarão a ser praticadas entre nós?  

Por cá, assombra-nos ainda o terramoto do 1º de Novembro de 1755, em Lisboa. Um castigo divino segundo a mentalidade da época. O certo é que vivemos no grande medo da sua repetição, dada a constância dos abalos sísmicos que se têm feito sentir um pouco por toda a parte. Não havendo possibilidades de se fazerem previsões bom seria se nos precavêssemos dentro daquilo que é possível fazer-se. Para isso, instituições competentes, sociedade civil, isto é, todos nós somos chamados para uma sensibilização efectiva nesta matéria. Esquecer o assunto não é solução.

Desejo-vos uma boa semana, meus amigos.

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* Núcleo terrestre
Imagens - Net

8 comentários:

  1. Noutro dia ouvi um documentário sobre o terramoto de Lisboa que referia a solução arquitectónica pombalina da construção em "gaiola", ou seja, com uma armação articulada em madeira, que faz com que o prédio oscile em caso de terramoto. Também referiam que, actualmente, nas remodelações das casas antigas, muitas vezes essa armação é incautamente destruída...
    Beijinhos, uma óptima semana :)

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  2. O que mais me custa é ver como são constantemente as mesmas populações a ser afectadas. Vi na TV uma senhora a guardar alguns poucos pertences antes de abandonar a sua casa para um local mais seguro...
    Beijinhos

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  3. Não sei se é possível fazer prevenção, a não ser na construção das casas e na educação dos povos, para essas tragédias. Mas em Portugal não me parece que se tenha em conta nenhuma delas.
    Um abraço e uma boa semana

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  4. Verdadeiramente é assustador tão só o pensar nas hipóteses de ocorrências destas, A Terra treme aqui e ali, quase imperceptível, como um murmúrio da sua vitalidade. Por cá, que se saiba (e devia saber-se!) nada está a ser feito, nem a nível teórico.
    Depois de casa arrombada...
    Oportuníssimo Post.



    Beijos


    SOL

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  5. Um texto que nos dá medo; Olinda, principalmente porque sabemos que pouco ou nada se tem feito no nosso país para atenuar as consequências deste tipo de tragédias. Não sei se algum dia o homem vai conseguir conhecer o que se passa nas " entranhas da terra " Ele não é capaz de cuidar da sua superfície, não por falta de conhecimentos, mas por ganância; Costumo dizer que em vez se preocupar tanto com o espaço, com os outros planetas, deveria sim, preocupar-se com o lugar onde vive tudo fazendo para preservar este nosso lindo planeta azul. Como dizia Guilherme Arantes numa música já muito antiga..." andam eles a fazer xixi nas estrelas " É isso mesmo que fazem!. São muito tristes essas tragédias que têm acontecido e parece que acontece sempre aos mesmos. Depois vem a comunidade internacional apelar à angariação de fundos para ajudar as populações atingidas e anos depois constata-se que nada ou quase nada foi feito. Aconteceu no Haiti para onde foi enviado tanto dinheiro e hoje não se sabe o que foi feito com ele. Com certeza o mesmo acontecerá nos outros locais afectados. Gostei muito de saber todas estas informações. Felizmente que há sempre alguém que se interessa em estudar e tentar minimizar os efeitos destes fenómenos. Obrigada, Olinda. Um beijinho e até sempre
    Emília

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  6. Olá, Olinda Melo

    ... passando para desejar-te um Feriado, muito bom.
    Um abraço.

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  7. Essas ocorrências são preocupantes. Até o Japão, que tanto se previne, não consegue fugir de calamidades. No Brasil, vem sendo registrados abalos, em algumas regiões. E as construções, por aqui, não tem sustentação adequada para algo mais forte. Bjs.

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