segunda-feira, 20 de abril de 2015

Impõe-se um novo conceito de Mare Nostrum

Espaço privilegiado de contactos culturais, intensas relações comerciais e de confrontos políticos, desde a antiguidade, o mar mediterrâneo vira florescer e desaparecer diversas civilizações. Vários foram os povos que habitaram e habitam as suas margens.

A queda de Constantinopla, em 1453, que ditara o início da idade moderna para a Europa, também dera azo, por outro lado, ao encerramento do lado oriental desse mar à penetração europeia, pelos otomanos. (Oportunidade para os portugueses ousarem o Atlântico em busca do caminho marítimo para a Índia).

Muitas veredas foram percorridas a partir dessa altura. Com a gradual decadência do império otomano a Europa e os Estados Unidos ganharam influência sobre a região na sequência das duas grandes guerras, da guerra fria, da criação da Nato, sem contar com os conflitos israelo-árabes. Parece, assim, afirmar-se o nome que lhe foi dado pelo romanos, Mare Nostrum, e nem sempre pelos melhores motivos.



Hoje, mais do que nunca, impõe-se que recuperemos esse conceito ou arranjemos um novo, que o aperfeiçoemos e adoptemos medidas de ajuda aos refugiados que tentam alcançar terra firme, em fuga pela vida e que acabam por morrer afogados à vista daquilo que eles consideram o eldorado, perseguidos pela fome, pelos horrores da guerra e por tudo o que no dia a dia lhes faz a vida insuportável.

O que fazer? Um trabalho aturado no terreno, procurando prevenir o que é imprevisível, inverosímil, e que acaba por nos dar a sensação de que nos ultrapassa a todos?Alargar o estatuto de refugiado político, abrangendo todos os que procuram protecção nessas circunstâncias?  Não há dúvida que o assunto terá de ser discutido por quem de direito, pelas instituições internacionais que têm poder de intervenção diplomática, de modo a minimizar o sofrimento desses povos martirizados.

E não esquecer que a Itália faz parte da União Europeia. Não é justo que esteja sozinha a braços com uma situação desta magnitude. É tempo desta entidade, a UE, assumir a sua responsabilidade neste contexto de tragédia humanitária. Mas, quem sabe se não accionou já as ferramentas necessárias nesse sentido. Esperemos que sim.

11 comentários:

  1. ~
    ~ ~ Simplesmente, contando com a sorte e caridade...

    Sem saberem nadar, arriscam apenas o que possuem: a vida.

    ~ ~ Brilhante crónica que subscrevo, em absoluto. ~ ~

    ~~~~~~ Grande abraço, Olinda. ~~~~~~
    ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

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  2. Tantos conceitos que precisam de ser redefinidos e reeditados...

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  3. Mare Nostrum transformou-se numa horrenda vala comum onde jazem ( e vão jazer mais ainda) milhares de pessoas desesperadas e sem saída fugindo das guerras financiadas pelo mundo dito desenvolvido e que acabará por sofrer as consequências do flagelo que friamente lançou sobre o martirizado continente africano ( e não só).

    Um abraço forte , dando parabéns pelo texto.

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  4. Lá no fundo o sistema não perdoa

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  5. C'est très intéressant !

    Merci infiniment pour ces informations chère Olinda !

    GROS BISOUS pour toi Olinda.

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  6. O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
    Por isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.(Fernando Sabino)
    Fico pensando como a humanidade não evolui nessas situações...
    Uma linda e abençoada semana!!!
    Abraços Marie.

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  7. Enquanto o Mundo se encher de assimetrias gritantes não há Mare Nostrum que salve a humanidade.

    Temos de repensar a coexistência entre países e as desigualdades.

    Beijinhos

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  8. O Clube, denominado União Europeia, só olha pelo seu umbigo. Os demais Povos são estrangeiros com o sentido (prático) dos inícios do Século passado.
    A sensibilidade do Clube, é aparente; só interessa resolver o que é incómodo.
    A Itália está só, mais como polícia do que com qualquer projecto que seja especificado de AJUDA.
    Os demais Países do Clube, assobiam para o lado porque não é nada com eles.
    Lamenta-se!



    Beijos


    SOL

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  9. Infelizmente não vejo uma solução para este flagelo.
    A UE funciona muito lentamente e burocraticamente...
    Pobres seres humanos...a que ponto chegámos.
    Bj.
    Irene Alves

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  10. Não consigo entender o comportamento das nações diante desses fatos. Horroriza-me a falta de humanidade. Bjs.

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  11. Excelente texto, muito equilibrado e coerente, sem acusações gratuitas. Sim, algo terá de ser feito, mas não há dúvida de que é difícil «prevenir o que é imprevisível, inverosímil». Sim, a UE afoga-se em burocracia e certos egoísmos. Mas como controlar criminosos sem escrúpulos, que prometem este mundo e outro a gente mal informada e/ou desesperada, apenas para lhe sacar dinheiro, não se importando com o seu destino?

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