segunda-feira, 22 de julho de 2013

Hilda Hilst





Lobos? São muitos.
Mas tu podes ainda
A palavra na língua
Aquietá-los.
Mortos? O mundo.
Mas podes acordá-lo
Sortilégio de vida
Na palavra escrita.
Lúcidos? São poucos.
Mas se farão milhares
Se à lucidez dos poucos
Te juntares.
Raros? Teus preclaros amigos.
E tu mesmo, raro.
Se nas coisas que digo
Acreditares.


Hilda Hilst (Jaú21 de abril de 1930 — Campinas4 de fevereiro de 2004) foi uma poetaficcionistacronista e dramaturga brasileira. É considerada pela crítica especializada como uma das maiores escritoras em língua portuguesa do século XX.
Assuntos tidos como socialmente controversos foram temas abordados pela autora em suas obras. No entanto, conforme a própria escritora confessou em sua entrevista ao Cadernos de Literatura Brasileira, seu trabalho sempre buscou, essencialmente, retratar a difícil relação entre Deus e o homem. 
( Ler mais... Aqui )
»»»»»

Retomo aqui, com Hilda Hilst, o Meu Ano do Brasil em Portugal, a minha versão do Ano do Brasil em Portugal, como devem estar lembrados. O tempo urge, tendo em conta que o terminus do referido ano está perto ou já chegou ao fim, penso, a 10 de Junho. Mas, já se sabe, o tempo no Xaile de Seda é uma coisa bastante relativa, querendo dizer com isto que continuarei a trazer para o nosso convívio a excelência das letras brasileiras, em qualquer tempo, pelo prazer da leitura de autores que dignificam e enriquecem a língua portuguesa.

Desejo-vos uma óptima semana. 

Abraços

Olinda

Poema: Fonte aqui

20 comentários:

  1. Gostei do poema e concordo com a sua intenção de trazer grandes nomes da letras brasileiras, mesmo após o definido ano.

    Querida Olinda, uma boa semana para si.

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  2. Gosto muito desta poetisa que em tempos também postei no "A mulher e a poesia"
    E a saúde como vai? Tudo em cima?
    Um abraço e uma boa semana

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  3. As suas informações foram-me preciosas!
    Beijinho para si!

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  4. Querida amiga e poetisa Olinda !!!

    Perdoa-me a está importunando , mas sou finalista
    com a minha poesia “SONHOS” num concurso,
    Poesia no Blog. www.ostra-da-poesia-as-perolas.blogspot.com
    poderia conceder-me a honra de seu voto? Isso
    Se puder e não for incômodo. Ficaria imensamente
    agradecido.
    (A votação termina no sábado dia 27/07/2013)
    Vou orientá-la:
    -Na página, no lado direito, em Voto do Blogueiro, clique em
    Enviar mensagem, colocando seu primeiro nome,
    Email, Blog: www... , e no campo o nome da Poesia
    SONHOS.


    Após, PARA CONFIRMAR, logo abaixo tem um Selinho
    Com uma porta, clique na porta e vai abrir um outro espaço,
    Clique em enviar mensagem, coloque seu primeiro nome, o destinatário É LINDALVA (Responsável pelo Blog), Email,
    Blog. www... e o recado: Confirmo o meu voto na POESIA
    SONHOS. Obrigado pelo seu carinho.

    Beijos de luz !!!!

    POETA CIGANO – 24/07/2013

    Poesias do Poeta Cigano



    Obs: NÃO ESQUEÇA DE CONFIRMAR O VOTO, OK? SE NÃO CONFIRMAR O VOLTO SERÁ INVALIDADO, OK?

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  5. Obrigada por este belo momento de poesia e também pelas informações desta grande poetisa. Claro que fiquei felicissima por não deixares que acabe este " intercâmbio " de culturas de dois países que se querem cada vez mais irmãos. Sabes que me considero luso brasileira e que devo muito a esse país.Obrigada por esse carinho, Olinda. Já há muito que aqui não vinha pelos motivos que já conheces, mas li os teus últimos posts. De facto a situação no nosso país está uma confusão nunca vista antes. Não sei onde vamos parar com este bando de incompetentes. Quanto à tua cirurgia, felizmente tudo correu bem e já te temos de novo na nossa companhia. Que bom, amiga! Fica bem e desejo-te um belo fim de semana
    Emília

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  6. Minha querida

    Adoro a poesia de Hilda Hilst, é forte e profunda.

    Deixo um beijinho e desejo um bom fim de semana
    Sonhadora

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  7. Tanta beleza. Tanta sabedoria.
    Ontem como hoje recados que permanecem vivos e oportunos.
    De imensa oportunidade no caos humano que mais se pronuncia
    Bom fim de semana Olinda
    Beijinho

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  8. Querida Olinda
    Fiquei muito feliz por saber que a tua recuperação da cirurgia está
    correndo bem. Se Deus quiser em breve estarás completamente bem.

    Gostei imenso deste poema, duma poetisa que muito admiro.
    Acho óptima a ideia de tentares manter estreitas as relações entre os dois países irmãos. Tenho muitas amigas (e amigos) do Brasil, com quem mantenho contacto quase diário (nalguns casos, diário, mesmo)por email, desde há bastante tempo. A primeira amiga brasileira que tive data de 2003. Tenho ainda guardadas coisas que ela me mandou nessa altura. (estou a falar de amigos virtuais, é claro!).

    E é tudo por agora, minha querida.
    Que tenhas um bom restinho de Sábado e um óptimo Domingo.
    Beijinhos
    Mariazita

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  9. Vamos viver o hoje,
    deixar o ontem e o amanhã,
    vamos construir hoje a felicidade,
    a paz, a harmonia, o amor,
    vamos deixar hoje que brilhe a
    luz que todos temos dentro de nós,
    para que se o amanhã existir possamos colher seus frutos,
    mas não esqueçamos que se houver amanhã,
    esse amanhã deverá ser vivido como um hoje
    e não como um ontem, nem como um amanhã.
    Tarefa difícil esta, eu sei,
    eu própria vivo dizendo a mim mesmo que o ontem já foi ,
    e o amanhã ainda não chegou.
    Que a Glória de Deus repouse sobre sua vida
    Hoje e Sempre .
    Que todas as promessas de Deus
    sejam Vitória e Vida para você.
    Que Deus faça prosperar tudo aquilo que
    vier até tuas mãos, e que de uma semente
    cresçam milhares de árvores frutíferas.
    Que seu Domingo seja de amor e infinita paz.
    Um abraço e beijos na sua alma.
    Evanir.

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  10. No meu blog OLHAI OS LÍRIOS DO MACUÁ
    publiquei hoje, dia 28/07/13, um poema da minha querida amiga brasileira Maria Lúcia.
    Gostaria de poder contar com a tua presença, homenageando-a.
    Desde já o meu “Bem hajas!”

    Mariazita

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  11. No meio do caos vive a poesia...
    Tudo parece (é) um estado lastimoso
    Mas lucidez e amor, no regaço
    Nem que seja um momento escasso
    Ressuscita e dá luz ao nosso espaço!

    Obrigada amiga (o)Linda! Tem dias felizes, recupera bem, e fica meu beijinho...voltarei por aqui a bailar, para de novo te "escutar" :)

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  12. A propósito (ou talvez só assim-assim...) li hoje que o Papa Francisco se havia preparado para, no Brasil, falar na língua nativa. Confessou, depois, e com algum humor 'que o português é um um espanhol mal falado'.
    Viva Portugal!

    abraço.

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  13. A língua portuguesa anda tão mal estimada... Bem precisamos de divulgar e promover os nossos autores! Nunca tinha lido Hilda Hilst.
    Beijinhos, bom domingo ;)

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  14. Bom dia, querida
    Vi no teu comentário a dificuldade que tens em aceder ao meu blog e vim logo, a correr :))), esclarecer-te, mas estou com muita pressa.
    Noutra altura falamos melhor. Agora é só para te dizer que, exactamente por causa dessa dificuldade - com que eu também me deparo em muitos blogs - é que comecei a colocar, no fim co comentário, este link
    Mariazita .
    A culpa é do Google+, que abarbata tudo o que pode, e depois "leva-nos" para eles, em vez de acedermos directamente aos blogs, como acontecia antes dessa porcaria do Google+.
    Eu, no Google+, tive o cuidado de colocar os links dos meus blogs todos, mas muitos não os têm, e depois, ou sabes o endereço, ou não podes visitar.
    Experimenta clicar por baixo dos "beijinhos", a ver se não vais directa ao meu «CASA».
    Beijinhos, querida.
    Mariazita

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  15. Uma maneira de divulgar a cultura de outros países.
    Desejo esteja bem.
    Bj.Irene Alves

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  16. Parabenizo por lembrar e colocar em compartilhamento a cultura do Brasil ressaltando a figura de Hilda Hilst, que realmente tem bagagem suficiente para tal.
    Agradeço pela presença lá no lucidreira.
    Abraço

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  17. Gostei da poesia da Hilda.
    Quanta sabedoria
    traduzida em poesia

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  18. Como sabes, Hilda é da minha Santíssima Trindade da poesia das mulheres do Brasil, não é possível falar em poesia brasileira e não mencioná-la. Entretanto, sua passagem por essa dimensão foi um tanto difícil, a sensação que eu tenho é que ela partiu para o "andar de cima", com muita mágoa desse mundo das artes...

    Trago-te como já é de hábito, sites, ou algo que possa ajudar na sua apropriação da nossa poesia, da nossa cultura, eis aqui um site onde vais saber um pouco mais sobre a Hilda Hilst:
    http://www.hildahilst.com.br/site/

    E um dos meus poemas preferidos dela:

    CANTARES DO SEM-NOME E DE PARTIDAS

    I

    Que este amor não me cegue nem me siga.
    E de mim mesma nunca se aperceba.
    Que me exclua do estar sendo perseguida
    E do tormento
    De só por ele me saber estar sendo.
    Que o olhar não se perca nas tulipas
    Pois formas tão perfeitas de beleza
    Vêm do fulgor das trevas.
    E o meu Senhor habita o rutilante escuro
    De um suposto de heras em alto muro.

    Que este amor só me faça descontente
    E farta de fadigas. E de fragilidades tantas
    Eu me faça pequena. E diminuta e tenra
    Como só soem ser aranhas e formigas.

    Que este amor só me veja de partida.



    II

    E só me veja


    No não merecimento das conquistas.
    De pé. Nas plataformas, nas escadas
    Ou através de umas janelas baças:
    Uma mulher no trem: perfil desabitado de carícias.
    E só me veja no não merecimento e interdita:
    Papéis, valises, tomos, sobretudos

    Eu-alguém travestida de luto. (E um olhar
    de púrpura e desgosto, vendo através de mim
    navios e dorsos).

    Dorsos de luz de águas mais profundas. Peixes.
    Mas sobre mim, intensas, ilhargas juvenis
    Machucadas de gozo.

    E que jamais perceba o rocio da chama:
    Este molhado fulgor sobre o meu rosto.



    III

    Isso de mim que anseia despedida
    (Para perpetuar o que está sendo)
    Não tem nome de amor. Nem é celeste
    Ou terreno. Isso de mim é marulhoso
    E tenro. Dançarino também. Isso de mim
    É novo: Como quem come o que nada contém.
    A impossível oquidão de um ovo.
    Como se um tigre
    Reversivo,
    Veemente de seu avesso
    Cantasse mansamente.

    Não tem nome de amor. Nem se parece a mim.
    Como pode ser isto? Ser tenro, marulhoso
    Dançarino e novo, ter nome de ninguém
    E preferir ausência e desconforto
    Para guardar no eterno o coração do outro.

    VII

    Rios de rumor: meu peito te dizendo adeus.
    Aldeia é o que sou. Aldeã de conceitos
    Porque me fiz tanto de ressentimentos
    Que o melhor é partir. E te mandar escritos.
    Rios de rumor no peito: que te viram subir
    A colina de alfafas, sem éguas e sem cabras
    Mas com a mulher, aquela,
    Que sempre diante dela me soube tão pequena.
    Sabenças? Esqueci-as. Livros? Perdi-os.
    Perdi-me tanto em ti
    Que quando estou contigo não sou vista
    E quando estás comigo vêem aquela.


    VIII

    Aquela que não te pertence por mais queira
    (Porque ser pertencente
    É entregar a alma a uma Cara, a de áspide
    Escura e clara, negra e transparente), Ai!
    Saber-se pertencente é ter mais nada.
    É ter tudo também.
    É como ter o rio, aquele que deságua
    Nas infinitas águas de um sem-fim de ninguéns.
    Aquela que não te pertence não tem corpo.
    Porque corpo é um conceito suposto de matéria
    E finito. E aquela é luz. E etérea.

    Pertencente é não ter rosto. É ser amante
    De um Outro que nem nome tem. Não é Deus nem Satã.
    Não tem ilharga ou osso. Fende sem ofender.
    É vida e ferida ao mesmo tempo, “ESSE”
    Que bem me sabe inteira pertencida.


    IX

    Ilharga, osso, algumas vezes é tudo o que se tem.
    Pensas de carne a ilha, e majestoso o osso.
    E pensas maravilha quando pensas anca
    Quando pensas virilha pensas gozo.
    Mas tudo mais falece quando pensas tardança
    E te despedes.
    E quando pensas breve
    Teu balbucio trêmulo, teu texto-desengano
    Que te espia, e espia o pouco tempo te rondando a ilha.
    E quando pensas VIDA QUE ESMORECE. E retomas
    Luta, ascese, e as mós do tempo vão triturando
    Tua esmaltada garganta... Mas assim mesmo
    Canta! Ainda que se desfaçam ilhargas, trilhas...
    Canta o começo e o fim. Como se fosse verdade
    A esperança.



    Beijos!!

    ;))




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