domingo, 29 de janeiro de 2012

Sem que tu soubesses


Falei de ti com as palavras mais limpas
Viajei, sem que soubesses, no teu interior.
Fiz-me degrau para pisares, mesa para comeres,
tropeçavas em mim e eu era uma sombra
ali posta para não reparares em mim.

Andei pelas praças anunciando o teu nome,
chamei-te barco, flor, incêndio, madrugada.
Em tudo o mais usei da parcimónia
a que me forçava aquele ardor exclusivo. 

Hoje os versos são para entenderes.
Reparto contigo um óleo inesgotável
que trouxe escondido aceso na minha lâmpada
brilhando, sem que soubesses, por tudo o que fazias.



Poema de:
Fernando Assis Pacheco
In: A Musa Irregular
VER



13 comentários:

  1. Ai Olinda, como gosto de Assis Pacheco.
    Pena ter partido tão cedo, com tanta poesia para dar!
    Obrigada pelo poema.
    Beijinhos
    Maria

    ResponderEliminar
  2. Obrigado pelo seu comentário....Lembro-me do autor, do programa do Raul Solnado...
    Bom Domingo
    Beijo

    ResponderEliminar
  3. Que lindo poema, não conhecia, são palavras em festa que sempre saem da sua arca, ou pérolas de um imenso colar.

    É um bom domingo este, sem dúvida, Olinda. Obrigada pela qualidade das suas escolhas.

    ResponderEliminar
  4. Conheci-o , à mulher grávida da terceira ou quarta filha e às duas filhas que frequentavam o Jardim-Escola João de Deus situado perto do Jardim da Estrela, Lisboa.

    Um bom domingo

    ResponderEliminar
  5. E sem que tu soubesses
    Recolhi todo o brilho desse estar
    E doei às estrelas do céu e do mar
    Para que te iluminassem
    E fossem por mim beijar :)

    Muito lindo este dizer
    tanta gente gostaria de para si
    o fazer valer :)

    Poema que vou guardar
    pelo brilho
    que a este domingo deu outro estar :)

    Beijinhos minha amiga Olinda e tem uma tarde linda!

    ResponderEliminar
  6. Oi Olinda.
    Este poema é discreto na condução das palavras dirigidas aquele a quem ama.
    Quantas vezes porém na vida não há quem assim proceda?
    Mais valem as atitudes, as demonstrações de um afecto, sem que para isso seja preciso subir na torre mais alta para se fazer ouvir, ver...
    Mas os versos em sua delicadeza e profundidade também cumprem a tarefa de despertar a alma desatenta.
    Um abraço afetuoso e um beijo.

    ResponderEliminar
  7. Minha amiga hoje venho especialmente para agradecer o carinho da mensagem que deixou no meu cantinho, neste momento tão dificil da minha vida. O meu pai foi o meu exemplo de vida, foi o meu maior amigo, para mim ele foi o melhor pai que alguém poderia ter. Estará eternamente no meu coração.
    Muito obrigado pela sua amizade, os AMIGOS são anjos, que nos iluminam com a sua luz ajudando-nos a encontrar o caminho no meio da escuridão.
    Um beijo
    Maria

    ResponderEliminar
  8. Lindo este poema, Olinda. Muitas vezes ama-se sem querer que se saiba...ama-se com medo de manifestar esse amor; as razões dessa atitude serão muitas; inexplicáveis para alguns...compreensivas para outros, mas quem age assim é que sabe. Sofre-se mais, abafando a amor, penso! Um beijinho, amiga e obrigada pela partilha de tão bela poesia. Não conhecia. Fica bem e espero que tenhas uma semana sem grandes problemas e sempre com muito amor.
    Emília

    ResponderEliminar
  9. Oi Olinda, maravilhoso esse poema, não conhecia esse poeta. Lindíssimos esse versos. Beijos e ótima semana.

    ResponderEliminar
  10. Quanta beleza, Olinda!!! Que selecção maravilhosa faz sempre!
    Beijinhos, boa semana!
    Madalena

    ResponderEliminar
  11. Obrigada por esta partilha. Nunca li nenhum livro deste poeta.
    Ultimamente não tenho lido mais poesia do que aquela que vejo pelos blogues. No masculino claro já que poetisas eu leio bastante por causa do "A mulher e a poesia"
    Um abraço

    ResponderEliminar
  12. Gosto dessa possibilidade de conhecer, saber desse vasto mundo que é a poesia; gosto dessa condição que tu empregas ao teu blogue: palco de grandes espetáculos!


    Este poema com o qual tu nos brindas, hoje, é belíssimo!

    Um beijo grande!

    ;)

    ResponderEliminar
  13. Olá, Meus amigos

    Quando encontrei este poema, deste autor, foi uma agradável surpresa para mim. A forma como ele se expressa, a suavidade, o cuidado com as palavras, mostram de forma relevante o outro 'lado' de Assis Pacheco. A antologia donde foi retirado 'Sem que tu soubesses' com o título de A Musa Irregular e que é também o título de um outro poema, demonstra como realmente somos feitos de muitos 'eus'...

    Hoje o blog CadeirãoVoltairehttp://cadeiraovoltaire.wordpress.com/ traz a notícia de que Assis Pacheco completaria agora 75 anos.Também nos informa que hoje será apresentada a sua biografia, por Nuno Costa Santos. Um salto até lá?

    Beijos e muito obrigada pelos vossos comentários, os quais eu não pude responder um a um porque tido dificuldades em inseri-los. Hoje isto está melhor... :)

    Beijos e abraços.

    Olinda

    ResponderEliminar