quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

LOJAS DE BAIRRO


Ia apressada para as compras habituais de sábado quando reparo em alguns caixotes, com fruta, encostados ao gradeamento que protegia o envidraçado de uma mercearia e, por cima, três folhas A4, com evidentes sinais das intempéries, coladas nas referidas vidraças e com o seguinte escrito à mão: a nossa pêra 0.50, a nossa laranja baia 0.75, a nossa maçã 0.80. Lembro-me quase instantaneamente de que aquelas folhas ou outras costumam lá estar e eu é que nunca tinha reparado na sua mensagem. O que teria então despoletado a minha atenção? Tinha acabado de ver num jornal que alguns municípios estão interessados em promover o comércio local ou tradicional, aproveitando os dias disto e daquilo. Lembro-me que esta questão do comércio local já tinha sido abordada tempos atrás, tendo levado à alteração do horário de funcionamento das grandes superfícies comerciais, entretanto reposto, o que quer dizer que não terá havido grande adesão a essa ideia por parte de quem compra. Parece-me, contudo, que não basta apenas querer animar as lojas de bairro, mercearias e mini-mercados. Terá de haver alguma estratégia de sedução que envolva as pessoas e lhes mude hábitos já criados. Mas como é que me iriam tirar da cabeça, por exemplo, a poderosa cantiguinha do nãnãnã venha cá, o aumento do iva aqui não entra, zero de... e zero de... e quejandos? E aquela liberdade de pegar nas coisas, manuseá-las, sopesá-las e metê-las no carrinho, percorrendo os corredores com certezas já adquiridas, num automatismo de fazer inveja a qualquer robot

 À primeira vista, missão quase impossível.

4 comentários:

  1. Amiga lembro-me tão bem das lojinhas de bairro, onde se vendia de tudo, e se conhecia tão bem o dono e a sua familia. Duvido que as lojinhas de bairro dos dias de hoje, consigam sobreviver a esta crise.
    Tenha um maravilhoso Fim-de-semana.
    Beijinhos
    Maria

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  2. Eu gosto do pequeno comércio essencialmente pelo lado relacional! Mas é difícil "resistir" ao ao apelo do "grande capital"!
    Abraço

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  3. É bem verdade, Álvaro.A tradição já não é o que era e todos os dias vamos perdendo pequenas-grandes coisas.
    Um bom fim-de-semana.
    Abraço
    Olinda

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  4. Olá, Maria

    As lojinhas onde toda a gente se conhecia e onde também havia troca de cumplicidades e confidências, permitindo com isso que as pessoas fossem tomando conta umas das outras, parecem ter os dias contados, infelizmente.Esperemos que as boas vontades que vão surgindo aqui e ali consigam preservar alguma coisa.
    Beijinhos e tudo de bom.
    Olinda

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