sexta-feira, 7 de novembro de 2025

Que desabrochem flores...

 Havia em Babilónia uma canção. Tão prenhe de memória que explodia em multidões...

Um dia, alquebrados, mas vivos, os babilónios ocuparam a rua. Com fome de pão e de Futuro. E abarrotaram avenidas e praças, num coro de estrofes e emoções...

Hammurabi, o legislador, cofia a barba: há que subir o pré aos generais.

Chegou tarde, porém - os generais estão indignados...

Dizem alguns que os Escribas estão a mudar de campo. E relatam...


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Um poeta cego e semilouco exclama: que desabrochem flores na ponta dos sabres!...

In: Notícias de Babilónia e outras metáforas, pg 95, de Manuel Veiga


O autor entende a crise racionalmente, mas sente-a emocionalmente. É sobretudo um criador de poesia, da qual não se desembaraça nestes textos. As suas metáforas políticas, quase sempre amargas, constituem, de alguma forma, insurgências de uma zombaria ancestral, com que a arraia-miúda se vingava dos desmandos dos poderosos. Outras vezes, os textos ecoam uma plangência dorida e esperançosa, como gestos solidários que se expõem desamparados ao leitor (…) do prefácio de António Bica João Corregedor




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Imagens: net

2 comentários:

  1. Lindo post, flores e a frase maravilhosa: que desabrochem flores na ponta dos sabres....Seria lindo se assim fosse a cada arma apontada!
    Lindo fds! beijos, chica

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  2. Bom dia de Paz, querida amiga Olinda!
    Uma maravilha acordar e ver flores ao invés de canhões e guerras...
    "Que desabrochem flores na ponta dos sabres!..."
    Fui no Manuel Veiga já. Vou ler. Se é seu amigo valerá a pena.
    Metáforas amargas podem conter verdades doces.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos fraternos

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