O que agradece que na terra haja música.
O que descobre com prazer uma etimologia.
Dois empregados que num café do Sul jogam um xadrez silencioso.
O ceramista que premedita uma cor e uma forma.
O tipógrafo que compõe bem esta página, que talvez não lhe agrade.
Uma mulher e um homem que leem os tercetos finais de certo canto.
O que acarinha um animal adormecido.
O que justifica ou quer justificar um mal que lhe fizeram.
O que agradece que na terra haja Stevenson.
O que prefere que os outros tenham razão.
Essas pessoas, que se ignoram, estão a salvar o mundo.
In "A Cifra"
Sobre este poema diz-nos Francisco José Viegas, aqui:
O poema “Os Justos”, de Jorge Luis Borges, resume a ideia de que há poemas que salvam a nossa vida. À medida que o tempo passa, que a morte se atravessa no caminho, que a memória exige esforço e sacrifícios cada vez mais pesados, a poesia parece transportar algum material de salvação. Não para a morte, física e real — mas para a vida, que falha tantas vezes. Não é uma solução nem um bálsamo; é um fragmento de beleza (e de alegria, e de serenidade, e de atenção) que busca a nossa perplexidade.
BOM ANO, MEUS AMIGOS.
ABRAÇOS
OLINDA
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Imagem:pixabay
Querida amiga Olinda, feliz 2024!
ResponderEliminar"Parece transportar algum material de salvação."
Viva a poesia que nos acalma e eleva o espírito, mesmo não sendo a solução do mundo!
Sim, querida, felizes os que não querem ter razão, como diz o Jorge Luiz Borges.
Um abençoado Ano Novo, minha amiga, obrigada pelo bálsamo do post tão leve.
Beijinhos festivos
Sim, a poesia pode salvar a nossa vida.
ResponderEliminarComo sempre, uma interessante publicação.
Bom Ano.
Um abraço.
Lindo texto e o mundo cada vez mais precisa de homens justos...
ResponderEliminarbeijos, tudo de bom,chica
Querida Olinda, sim, um bom e Feliz Ano para nós!
ResponderEliminarE você, amiga, começou bem o Ano nos presenteando com essa joia de Borges, simples e maravilhoso, pois é, a vida é assim, feita de coisas simples e fantásticas, verdadeiras, tocantes. Nós é que complicamos...
Querida amiga, um Feliz Ano de 2024, que seja simples e belo, que venha descomplicar um pouco esse pobre planeta cujos inquilinos andam meio confusos, ou muito confusos...Muita saúde e paz!
Um beijinho e vamos que vamos!!
🥂🌹🙏🌺🌻🥂
A esas personas con un corazón sano y lleno de amor, son ejemplos de vida que debemos imitar para salvar el mundo.
ResponderEliminarNo perdamos nunca la esperanza y luchemos por la paz.
Cariños.
Kasioles
Passei para desejar um bom ano, cheio de realizações pessoais.
ResponderEliminarBeijinhos
Es un bello poema que te hace pensar. Te mando un beso y feliz año.
ResponderEliminarLamento muito, mas enquanto houver Putins e outros loucos à face da Terra não há quem possa salvar o mundo. Em qualquer caso, bem-haja os justos, porque são eles que minimizam os desastres que vão acontecendo.
ResponderEliminarBoa semana e Feliz Ano Novo, querida amiga Olinda.
Um abraço.
O poeta e seu leitor nos sopram esperanças aladas na poesia e na gratidão promotoras de salvação ante os descompassos do mundo.
ResponderEliminarViva a poesia! Vida longa aos poetas!
Um lindo e poético 2024 para vc, Olinda.
Bjsss,
Calu
Bonito poema. Aproveita para desejar um excelente ano de 2024!
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Gostei bastante!! :)
ResponderEliminar.
Quero, e vou recomeçar esta trilha
Beijos e abraços. Feliz 2024.
Concordo com Jorge Luís Borges e com Francisco José Viegas. Há pessoas e poemas que salvam o mundo. Que com tudo o que fazem e com o que dizem deixam que a esperança se espalhe bem perto do coração de cada um de nós.
ResponderEliminarQue tenha um ano muito abençoado, minha querida Amiga Olinda. Com saúde, amor e conforto. E com paz no mundo.
Um beijo.
A transparente existência dos comuns, dos anónimos, dos que abraçam o seu destino sem remorso (amor fati). Socrátes era o mais sábio, porque se considerava o menos sábio entre os sábios. JLB compõe aqui um poema-estrela, onde cada raio que emana parece independente dos outros, autónomo. No final, contudo, o poema brilha na diversidade dos seus raios (versos) tão simples, tão naturais. Bom Ano, Olinda.
ResponderEliminarComeçou o Novo Ano e já segue apressado quando o que desejariamos, todos nós é que andasse devagar, devagarinho, mas que nada....o tempo parece voar. Escolheste um poema muito apropriado, Amiga! O mundo não tem salvação possível, mas, nós, " simples mortais ", podemos, sim, salvar-nos; é só viver o nosso dia a dia com poesia, mesmo não sabendo, sequer compôr uma quadra ; há tanta poesia num jardim, na caricia que se faz a um animal, numa palavrinha que se dá a um idoso, a um morador de rua, no respeito pela opinião dos outros, enfim....lindos versos são os pequenos gestos, os sorrisos que distribuímos na rua, um olá às pessoas que por nós passam; para quê ter sempre razão, para quê correr tanto, para quê desprezar os que são diferentes? Quem somos nós para julgarmos tanto? Não somos nada nesta vida que" falha tantas vezes e que passa num ápice; se o mundo não muda e se esse mundo não tem salvação, então, mudemos nós e sejamos, de agora em diante " aqueles justos " que agradecem o que têm, ajudam os que precisam, compreendem e respeitam os outros, fazendo assim, da sua vida, um belo poema. Como dizia uma pessoa que já se foi e que aprendi a valorizar, " esta vida são dois dias e este já lá vai ", portanto, saibamos apreciá-la.
ResponderEliminarQuerida Amiga, os anos passam, vamos envelhecendo, mas também vamos aprendendo e eu, apesar de ainda não conseguir fazer poesia, tenho sido capaz de mudar a minha maneira de ser em determinadas situações ( muito a fazer, ainda...) ; quem sabe, um dia, não me sai uma quadrazinha, um terceto ou um simples versinho? A Esperança é a última a morrer, segundo dizem...
Mas, isso pouco importa. O que interessa é que estou aqui, num novo ano, " conversando " com uma grande Amiga e de certeza que, enquanto a vida me permitir, aqui estarei, sempre, muito agradecida por te ter conhecido e também pelo carinho que de ti tenho recebido há já tantos anos. Obrigada, querida Olinda e sabes que podes contar sempre com a minha sincera Amizade. Desejo-vos saúde neste novo ano, que a tranquilidade seja uma constante na vossa vida e que ela só vos falhe de vez em quando. Não podemos pedir demais....Beijinhos mil
Emilia 🙏 🌻
Oi Olinda
ResponderEliminarJorge Luís Borges, argentino ,viveu parte dos seus dias em Genebra, na Suiça e sempre que venho aqui, gosto de andar pela cidade velha, onde por opção pessoal foi enterrado. Deixou uma obra maravilhosa e a sua escolha não poderia ser mais linda_ 'os justos ' Obrigada por trazer o grande poeta/escritor e a análise do também grande FViegas. Os poemas nos salvam, é verdade, Olinda.
Um Bom Ano, amiga e sigamos juntas nessa afetuosidade que também nos salva da mesmice dos dias, renovadas vezes.
Um grande abraço
Justos são todos os que mantêm o coração nobre e a Alma despida dos privilégios da Terra.
ResponderEliminarTenho o Poema de Jorge Luís Borges como o sentir transparente dos justos.
Concordo plenamente com a notação de Francisco José Viegas.
Obrigado pela partilha, Olinda.
Beijo
SOL da Esteva
Conheço este poema do argentino Jorge (há outro que provavelmente também o escreveria...). Não sei exactamente quando foi escrito. Isto porque tanta e tamanhas voltas deu o mundo que, creio, hoje não o escreveria...
ResponderEliminar(bom ano, minha boa amiga.)