Acho que a grande revolução, e o livro «Ensaio sobre a Cegueira» fala disso, seria a revolução da bondade. Se nós, de um dia para o outro, nos descobríssemos bons, os problemas do mundo estariam resolvidos. Claro que isso nem é uma utopia, é um disparate. Mas a consciência de que isso não acontecerá, não nos deve impedir, cada um consigo mesmo, de fazer tudo o que pode para reger-se por princípios éticos. Pelo menos a sua passagem pelo este mundo não terá sido inútil e, mesmo que não seja extremamente útil, não terá sido perniciosa. Quando nós olhamos para o estado em que o mundo se encontra, damo-nos conta de que há milhares e milhares de seres humanos que fizeram da sua vida uma sistemática acção perniciosa contra o resto da humanidade. Nem é preciso dar-lhes nomes.
José Saramago, in " Folha de S. Paulo, Outubro 1995"
Interessante o facto de José Saramago citar este seu livro, "Ensaio sobre a Cegueira", onde o caos se instala através da chamada cegueira branca que afecta todos ou quase, lugar de horror em que os instintos mais baixos do ser humano se manifestam numa dança macabra.
Talvez, depois do caos a bondade se instale para mostrar que ainda existe algo de bom no íntimo da humanidade. De tal cegueira escapa uma mulher, testemunha dos horrores perpetrados naquela sociedade sem rumo.
Em continuação desse livro surge "Ensaio sobre a lucidez", em que o terreno explorado são os votos em branco que invadem o acto de eleger representantes do povo. Nesse contexto são postos em prática perseguições e torturas que denotam total ausência dos princípios éticos que norteiam a vida em democracia.
Personagens do livro "Ensaio sobre a cegueira" são encontrados neste livro, o que me causou um certo espanto e, ao mesmo tempo, um estranho sentimento de solidariedade, acompanhando-os eu pelas provações por que voltam a passar.
Continua em foco, no "Xaile de Seda", o Centenário de José Saramago.
Bom domingo, meus amigos.
Abraços
Olinda
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Texto em itálico: Citador
Imagem: Pixabay
Muito lindo e não pude deixar de fazer uma associação de ideias com o período da pandemia. Todos nele falavam e acreditavam que após passada, as pessoas seriam diferentes e melhores... Pena, não é o que podemos ver....
ResponderEliminarQue se instale a bondade!Lindo domingo! beijos, chica
É mesmo, Chica. O período da pandemia mais pareceu um
Eliminarinterregno para um exame de consciência, talvez uma oportunidade
perdida de nos redimirmos. Passado o susto, voltou tudo ao mesmo.
Beijo
Sinto ser a utopia
ResponderEliminarUma espécie de estado
De alma que o ser deslumbrado
Sonho com essa fantasia
Do belo e bom - poesia
Que nos enleva ao divino
Que a alma por seu tino
Faz ética a nossa mente
Por tudo que a alma sente
E ilumina seu inquilino.
Belo texto e pensamento. Estamos aqui de passagem pra sermos melhor. Abraço fraterno e parabéns pela postagem. Tudo de bom. Laerte.
Utopia, que Thomas More descreve ironicamente como um "não lugar", a sociedade perfeita, inalcançável, ainda que partindo de uma ideia generosa. Poderá situar-se no âmbito de um belo sonho e da fantasia. Mas como diz um dos nossos poetas, António Gedeão na sua Pedra Filosofal, o sonho comanda a vida. Assim, tudo é possível no plano da mente.
EliminarQue a nossa alma nos ilumine, meu amigo Laerte.
Abraço
Todo lo que dices es positivo y si todos o al menos la gran mayoría optáramos por la bondad, el mundo sería distinto. Tratar a todo el mundo como queremos ser tratados y el paraíso estaría en nuesrtro Planeta. Haces bien en plantearlo porque no todos somos como Gandhi o la madre Teresa de Calcuta. Hay que hacer planes y llevarlos a cabo: las ONG son un ejemplo. En los peores momentos de la pandemia, surgió lo mejor que llevamos dentro y florecieron como las margaritas en primavera, cantidad de personas muy jóvenes que ofrecían su ayuda desinteresada a las personas mayores o incapacitadas. Bueno, creo que este comentario para demostrar que estoy de acuerdo, se está haciendo demasiado largo. Perdona. Un abrazo.
ResponderEliminarOlá, Franziska
EliminarEm momentos de grandes calamidades vemos nascer nas pessoas sentimentos de enorme solidariedade. Focou o caso da pandemia em que houve entrega total e espírito sacrifício. Médicos e enfermeiros que se privaram de tudo, até de estarem com a família, para tratarem dos que foram apanhados pelo vírus. Gestos que partiram de anónimos e também de instituições que mostraram como se faz em tais situações. Realmente, a bondade mora em nós e somos capazes de amar o nosso próximo. E se a maioria assim procedesse o mundo seria um paraíso.
Muito obrigada pelo seu comentário.
Un abrazo.
Sabe, você nos traz uma questão basilar sobre o comportamento humano para homenagear José Saramago no seu centenário. Muito ainda se poderá dizer ainda sobre a "revolução das bondades" articulada em 1995 por José Saramago em entrevista à Folha de São Paulo. Ou ainda sobre Ensaio sobre a Cegueira ou Ensaio sobre a Lucidez. Parodiando Cazuza, "o mundo não para". E o que é feito da humanidade? O bom Saramago sempre esteve às voltas com as verdades absolutas ao repensá-las no sentido de que a humanidade caminha para a sua dissolução. É o que ele faz a partir da construção do ensaio-romance de uma epidemia de cegueira, de ordem inexplicável. Contudo, perguntamo-nos quando o homem assumirá a responsabilidade perante suas ações e suas escolhas? Sabemos que o homem, acometido pela cegueira de seu tempo, deveria, cada vez mais, repensar seus modos de ser e sua atuação no mundo. Esperamos que assim seja um dia de fato para valer!
ResponderEliminarÀs vezes, filosofo pela rama! Mas não dê muita importância para isto!
Um beijo, Olinda. Bom resto de domingo!
Razão tinha Cazuza ao dizer que o mundo não pára. E nessa óptica, seguindo a teoria de que a História se repete, andamos num círculo vicioso e tudo se vai repetindo incessantemente, embora apresentando "novas qualidades", como diz Camões no seu famoso soneto da mudança dos tempos. Realmente, José Saramago socorre-se de casos-limites para provar essa ideia da dissolução da humanidade, de sociedades criadas dentro do sistema democrático, mas falível. A actuação do homem, ser humano, balança entre momentos elevados e outros de grande baixeza e esses comportamentos viajam no tempo, acompanhando-nos como uma segunda pele. Acredito que uma vez ou outra haverá a assumpção de responsabilidades, verificando-se algum discernimento nas decisões. Isso dependerá de quem vier a seguir.
EliminarAbraço, meu amigo.
Gosto do seu filosofar :)
Querida amiga Olinda, boa noite de Domingo!
ResponderEliminarVocê se esmera no tema para postar.
A comemoração do centenário do grande Saramago está muito fecunda.
Gosto de ler um post e tirar proveito para mim. Creio que nada que me venha aos olhos seja ao léu.
Detive-me da Bondade ... Senti-a em mim, perguntei-me se ainda posso melhorar mais e mais para meu próprio bem e dos que me cercam.
Sei que posso começar a amar a quem não está mais comigo...
Ser bom com quem é bom conosco é muito fácil. Ser bom com quem não gosta de nós é algo a trabalhar. O que não se importa em conviver mais comigo, entretanto, posso perdoar.
É uma grande revolução da bondade "pagar" o mal com o bem.
No quesito cegueira, uma máxima bíblica: ter olhos para ver... Quem tiver olhos que veja!
Tirar a venda dos meus olhos é uma grande revolução da Bondade mim também.
Afinal, há uma gama de mudanças comportamentais a criar em mim e grande e bondosa Revolução.
Muito obrigada pelo post que me fez refletir mudanças pessoais.
Tenha uma nova semana abençoada!
Beijinhos
😘🕊️💙
😘💐
EliminarQuerida Rosélia
EliminarTraz-nos palavras revolucionárias sobre a bondade, palavras essas conhecidas, porque constantes dos mandamentos cristãos, mas que revelam altruismo e coragem no acto de as assumir e praticar: "Ser bom com quem é bom connosco é muito fácil". Aqui a Bondade assume outra dimensão, em que a tónica é pagar o mal com o bem, cultivando a dádiva do perdão. Em citação bíblica, vemos a cegueira da alma aqui revelada através da parábola "Quem tiver olhos para ver, veja!", ensinamentos que nos incitam a despojar-nos da prosápias que infestam o nosso ego no relacionamento com os outros.
Falando na primeira pessoa, apontando as mudanças comportamentais que deseja para si, metaforicamente, o seu comentário veio valorizar imensamente este post.
Beijinhos.
Saramago foi um escritor notável, não só nos romances que escreveu mas em muitos outros "apontamentos" que nos deixou.
ResponderEliminarBoa semana, amiga Olinda.
Beijo.
É um facto. Com efeito, Saramago foi apurando o seu estilo que a princípio "choca" um pouco pela ausência das pontuações a que as regras linguísticas obrigam. Mas, com a continuação, a leitura das suas obras transforma-se numa grande aventura, no sentido positivo.
EliminarAbraço, Jaime.
Sempre que leio o Ensaio sobre a Cegueira e o Ensaio sobre a Lucidez é como se levasse um murro no estômago. Os dois livros mexem comigo e mostram bem o que é a natureza humana.
ResponderEliminarGosto da reflexão sobre os livros.
Uma boa semana com muita saúde.
Um beijo.
P.S. Vim comentá-la através do comentário que me deixou no post anterior. Não consigo ler o seu blogue nem o de muitas pessoas.. Sabe o que se passa?
Olá, Graça
EliminarRealmente, já tive conhecimento de problemas em outros blogues. Aqui no Xaile, especificamente, ainda não senti isso.
Obrigada por ter vindo apesar das dificuldades.
Beijinhos
Olinda
Querida Graça
EliminarÉ esse o efeito que esses dois livros produzem em nós, quando os lemos. Uma cegueira contagiosa que põe o mundo de pernas para o ar, que revela tudo o que deixamos transparecer quando a infelicidade nos bate à porta e temos de lidar com o outro com as mesmas carências, não é bonito de se ver. No "Ensaio sobre a Lucidez" repete-se a fórmula num outro contexto, mas sempre o comportamento humano em cheque.
Uma grande lição, se tivermos a capacidade de assumir as nossas falhas.
Beijinhos
Beautiful blog
ResponderEliminarMuito obrigada.
EliminarAbraço
Ensaio sobre a Cegueira é um murro no estômago, o outro ainda não li.
ResponderEliminarAbraço
Se ler o outro verá que, como referi no presente post, personagens do livro "Ensaio sobre a Cegueira" são transmudados para esse contexto, o que é interessante no sentido de que já os consideramos conhecidos nossos. Assim, afligimo-nos com as suas aflições.
EliminarAbraço
Boa tarde Olinda,
ResponderEliminarComo sempre um excelente artigo, citando Saramago, abordando um tema que, na verdade, anda arredado de grande parte da humanidade.
Gostei imenso da sua análise que me ajudou a compreender melhor principalmente o Ensaio Sobre a Cegueira, que terei de reler. (Tanto que tenho a ler e reler)!
Um beijinho, minha amiga, e continuação de boa semana.
Ailime
Sim, a bondade que se pode revelar em pequenas coisas do nosso quotidiano, mas da qual nos esquecemos quase sempre. E não será necessário irmos para o outro lado do mundo para a praticarmos. Mesmo aqui à nossa porta, se nos interessarmos.
EliminarGrata, Ailime, pelas suas generosas palavras.
Beijinhos.
Buena reflexion. La bondad y la generosidad cada vez están mas lejos y son muy necesarias. Te mando un beso.
ResponderEliminarOlá,J.P. Alexander
EliminarConcordo consigo. A bondade e a generosidade deviam andar de mãos dadas nesse nosso caminhar que nos leva a todos, ao fim e ao cabo, para o mesmo destino. A nossa passagem por este mundo é passageira, como refere acima, o amigo Laerte. Devíamos aproveitá-la para nos tornarmos melhores pessoas.
Beijo
A humanidade precisa de gente com muita bondade.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Sem uma boa dose de bondade, daquele bem-querer que nos
Eliminarajuda a ver o melhor lado das pessoas, não conseguiremos avançar
no plano de realizações positivas.
Obrigada, Isa, pela sua presença.
Beijo
Olá Olinda!
ResponderEliminarEsse livro é muito interessante.
Leva-nos a perceber o quanto somos permissórios e coniventes
Tenha uma semana repleta de luz
Abraços Loiva
É verdade, Loiva. Permitimos demais e muitas vezes
Eliminarsomos coniventes com certas injustiças que se perpetram
mesmo à nossa frente.
Bom domingo.
Beijo
Olinda, você sempre nos traz algo de grande importância. Depois de uma tragédia, costumamos abraçar comportamentos diversos, cientes de que, de certa forma, também somos culpados pelas mazelas do mundo. Mas isso não dura. As palavras de Saramago, aludindo à revolução da bondade, poderiam não constituir utopia, mas só o saberíamos se mudássemos, todos. Essas duas obras têm o poder de trazer à tona muitos fatores que costumamos ignorar. Merecem atenta leitura e muita reflexão. Uma excelente postagem, querida. Grande abraço.
ResponderEliminarQuerida Marilene.
EliminarEis um lado da questão em que não tinha pensado.
Só seria utópica a revolução, tendo como base a bondade, se tentássemos ser bons e chegássemos à conclusão de que isso não
era possível. Realmente, como sabê-lo de antemão? Indo de tentativa em tentativa, com falhas e erros frequentes na nossa natureza, é que ficaríamos a saber se a sociedade "perfeita" poderia ou não ser um facto. E talvez tivéssemos uma surpresa...
Beijinhos
Olinda
A bondade é sempre boa, mas dormita, enquanto cada um cultiva suas maldades de estimação.
ResponderEliminarDias bons e de todo o bem.
Um abraço. Tudo de bom.
APON NA ARTE DA VIDA 💗 Textos para sentir e pensar & Nossos Vídeos no Youtube.
Olá, Antonio
EliminarUm pensamento que exige das pessoas mais proactividade, no
sentido de darem "luta" a esse cultivo nefasto.
Abraço.
Passei para ver as novidades.
ResponderEliminarAproveito para lhe desejar um bom fim de semana, amiga Olinda.
Beijo.
O "Xaile de Seda" tem andado um pouco "au ralenti", devido
Eliminara algumas responsabilidades inadiáveis.
Grata por ter vindo.
Também lhe desejo bom domingo e um bom começo de
semana.
Abraço.
Muito interessante texto de Saramago, Olinda
ResponderEliminarFelizmente ainda existem muitas pessoas boas.
Um carinhoso abraço.
Verena.
Amiga Verena
EliminarIsso é que nos consola. Somos rodeados de amigos
que nos sustêm em momentos menos bons mas que
também se alegram com o que nos faz felizes.
Grande abraço.
Uma criatividade brilhante num excelente livro.
ResponderEliminarQuanto à publicação na folha de S Paulo, estou de acordo,
quem não está?!
Agradecendo o seu gentil comentário no Convívio dos Poetas,
desejo-lhe um outono muito agradável. Beijinho
~~~
A bondade está implícita no meu 'post' sobre Paz...
~~~~~
Bom dia, Majo
EliminarEm boa verdade, quem não está de acordo com
o facto de que faz falta uma nova forma de estar
e um outro olhar sobre os nossos dias? A Paz tão
desejada, que deveria começar no seio das famílias,
dos amigos, de quem nos está próximo, muitas
vezes é maltratada e desprezada.
Irei ler com muito prazer o seu post sobre o tema,
que será mais uma achega no sentido de nos
consciencializarmos da sua importância.
Muito obrigada pela sua presença e comentário.
Abraço e bom começo de Outono...para já
brinda-nos com um belo Sol.
A natureza humana nos deixa atônitas. Amo este escritor e sua forma de nos colocar diante dd temas tão espinhosos, Duas excelentes obras. Excelente seu artigo. Bom final de semana. bjsss
ResponderEliminarOlá, Norma
EliminarÉ uma forma de ser e de estar tão complexa e tão diferente
de pessoa para pessoa que se torna necessário que nos interroguemos, cada um de per si, sobre o nosso papel
neste mundo. Donde viemos e para onde caminhamos
e tentar extrair do nosso interior aquelas coisas boas que, por
vezes, se encontram escondidas da luz do dia.
Bom fim de semana, também lhe desejo, amiga.
Beijos
Olá Olinda :)
ResponderEliminarAinda não percebi porque tanta gente diz não gostar de Saramago.
Mas pronto, eu também não sou muito fã de Lobo Antunes, talvez por o primeiro livro que tentei ler dele e perceber foi Ontem não te vi em Babilónia :)
O Ensaio sobre a Cegueira é um livro que leia eu as vezes que o ler, mexe comigo.
É essa a grande capacidade e sabedoria do que escreve Saramago.
Gostei muito da sua análise e vamos acreditar que vão ser mais as pessoas boas, do que as menos boas.
Abraço e brisas doces ***
Peço desculpa à nossa querida Olinda mas não resisti a deixar uma palavrinha a esta nossa Amiga, do blog Parapeito. Eu recebi esse livro, presente do meu filho, " Ontem não te vi em Babilónia " e não consegui prosseguir na leitura. Fiquei contente por saber que não sou só eu a não entender o livro. Beijinho às duas e, ais uma vez desculpas pela intromissão
EliminarEmilia
Do Parapeito dessa sua janela sentimos doces brisas acariciarem
Eliminaro nosso rosto, através de palavras sempre encorajadoras.
Penso que em relação a Saramago há os simpatizantes da sua
escrita e outros que nem tanto. Iniciar a leitura de uma sua obra
não é fácil. Deparamo-nos com uma escrita densa e sem a pontuação a que estamos habituados. Mas depois vem o deslumbramento. Como disse F.Pessoa, numa publicidade relacionada com um refrigerante, "Primeiro estranha-se. Depois entranha-se" :) De referir que esse slogan não chegou a ser
usado porque foi logo interdito no nosso país (1920)
Coisas da política ...
Minha amiga, tenha um bom domingo.
Beijos
Querida Emília
Eliminar"Mi casa es tu casa" :) Adoro a tua presença aqui no "Xaile de Seda". E a tua espontaneidade é-me preciosa.
Beijinhos
Olá, amiga Olinda, esse trabalho que você compartilha conosco, que foi publicado pela Folha de S. Paulo, Outubro 1995, de José Saramago, diz uma verdade incontestável, mesmo para essa época, como para épocas anteriores a da data da publicação, e, principalmente para os tempos atuais, 2022, quando estarrecidos vemos a cegueira dos governantes Russos a cometerem tantas atrocidades ao povo da Ucrânia, com tantos ataques violentos contra a população indefesa, crianças, idosos e mulheres. Hoje mesmo a TV noticiou mais atrocidades na Ucrânia, por ordem de Putín, com mais mortes da população, tortura, inclusive estupro de mulheres idosas. Daí pergunta-se: algum dia cessará essa cegueira?
ResponderEliminarUm abraço e bom final de semana.
Ola, amigo Pedro
EliminarUma cegueira comum a qualquer época, é a conclusão a que facilmente chegamos, perante a repetição de actos de violência
tanto no passado como no presente. E não se vislumbra que o
dia de amanhã seja melhor que o de ontem. É uma escalada
sem quartel essa que abala o mundo. Da guerra na Ucrânia que
tem posto a Europa em alerta máximo às guerras esquecidas
que não têm fim e que todos os dias fazem milhentas de vítimas
em outros continentes, não há dúvida que uma tristeza imensa
ameaça invadir os nossos corações. A Paz tão querida e desejada
parece cada dia mais longínqua.
Continuação de bom domingo e excelente início de semana com saúde e boa disposição.
Abraço
Um Tema incontestável e oportuníssimo; é que a "cegueira" dos homens parece ser contagiosa e está na moda.
ResponderEliminarImitar os bons costumes, os bons relacionamentos, a harmonia das gentes, foi tempo passado e que (parece) não volta mais.
Há quem diga que é falta de escolarização que... se deveria começar no acto de nascer, em casa...
A "outra", (deficiente) existe mas jamais se ajusta por não ter a base inicial.
Desculpa, Olinda, este desabafo.
Parabéns pelo Post tão edificante.
Beijo
SOL da Esteva
Olá, Sol da Esteva
EliminarParece uma procissão infinita, não é verdade? Todos a caminharem para o mesmo lado de olhos vendados, numa cegueira sem nome, enos seus actos tresloucados sujeitam pessoas concretas de carne e osso à luta pelo poder. Cidadãos pacíficos são postos à prova, espoliados dos seus haveres e da terra onde nasceram.
A falta de civismo poderá fundar-se naquele adágio: "O que o berço dá, a tumba leva", significando talvez que os bons costumes e a noção de bom relacionamento levam-se de casa. A "outra", segundo depreendo, advirá da instrução adquirida nas escolas que só terá o efeito desejado se realmente houver a tal "base inicial".
Lembro-me de um diálogo delicioso, ("Os Maias"), em que o abade defende:" Deve-se começar pelo latinzinho, deve-se começar por lá... É a base; é a basezinha! - A instruçãozinha é necessária, disse ele. Você não acha, Vilaça? Que v. ex.ª, Sr. Afonso da Maia, tem visto mais mundo do que eu... Mas enfim a instruçãozinha..." Eça impagável na sua crítica dos costumes, na sua fina ironia.
Mas o que realmente é a "basezinha" é a base inicial, primordial, dos sentimentos e costumes adquiridos através dos nossos pais e avós, o que nos permitirá olhar o mundo como nossa morada que deve ser defendida e amada, não esquecendo a indispensável boa índole ao lidarmos com os nossos semelhantes.
Alonguei-me tanto ... :)
Muito obrigada, meu amigo, pelo seu belo comentário.
Abraço.
Querida Olinda, Saramago vivia inquieto com a irracionalidade humana e no texto que publiquei no Começar de novo ele escreve que não consegue entender o comportamento horripilante de um ser " pensante ", capaz de tantas maravilhas e, ao mesmo tempo de crueldades inexplicáveis; escreve ele : " essa é a minha angústia " e tem de ser também a angústia de todos os homens de boa vontade que são muitos, felizmente. Achamos sempre que depois do " caos " surge uma revolução e o homem começa a ser bom, a ser racional, fraterno, com respeito pelo outro, sabendo que tem direitos, mas que tem, acima de tudo, deveres, mas, todos sabemos que nunca aconteceu essa transformação e, sinceramente, não tenho esperança de uma futura " revolução da bondade ". A história mostra-nos cegueiras que causaram um caos tremendo no mundo e, infelizmente, continuamos a ver seres humanos piores que as bestas irracionais, matando por nada. Li o ensaio sobre a cegueira, mas ainda não conheço o " Ensaio sobre a Lucidez ; segundo o que escreves aqui, dá a ideia de que, depois da cegueira uma luz aparece na multidão tentando que o povo abra os olhos e escolha bem o que querem para a sua vida, mas de pouco adianta; se a lucidez chega para muitos a cegueira continua a atormentar a vida do povo. Querida Amiga, como sempre vou daqui mais rica em informação; fazes uma excelente análise destes dois livros do nosso grande escritor que tinha uma preocupação pelo bem social,, bem patente nos seu livros Obrigada, querida Amiga e desculpa a demora a chegar até aqui. Um bom fim de semana, com saúde para todos, sempre. Um beijinho e...que a cegueira do mundo não chegue até nós
ResponderEliminarEmilia 👏 🙏
Querida Emília
EliminarNo texto que publicaste, de José Saramago, está bem patente essa preocupação e a perplexidade perante a dualidade do ser humano, capaz de produzir grandes obras e, ao mesmo tempo, enveredar por caminhos ínvios. É quase como aqueles heróis com pés de barro, ou pessoas com uma sensibilidade apurada nas artes, na literatura, na música e, no entanto, têm defeitos horríveis no trato, no seu relacionamento com as pessoas. Ou então escondem-nos tão bem que só por acaso são descobertos. Enfim, é o que somos, seres multifacetados em que a capacidade de raciocínio nem sempre nos distingue dos outros animais, cujos comportamentos se explicam pelo seu instinto de sobrevivência. E essas falhas acompanham-nos desde sempre, portanto não vejo em que medida a propalada evolução nos tenha beneficiado.E aqui estamos com dois livros, dir-se-ia que de ficção, que vai até ao limite da condição humana. O pior é que sabemos que essas situações acontecem, podem acontecer.
Obrigada, querida Emília, pela tua presença e pelo comentário.
Beijo
Olinda querida, tenho a maior admiração por Saramago, adorei sua postagem.
ResponderEliminarQuanto a uma "desdobrada" do ser humano, não acredito nem um pouco, tantas coisas terríveis já aconteceram, e o que aconteceu de virada nesse mundinho meio perdido? Basta-nos olhar para essa guerra infame, sem lógica, sem compaixão da Rússia ao matar tantos inocentes, invadindo a pequena Ucrânia (em tamanho ) com bombas potentes. Irei crer no ser humano? Não tem chance. Haverá essa mescla entre o bem e o mal, e assim seguiremos até quando não tiver mais um "jeitinho na face da Terra".
Infelizmente penso assim, mas Deus queira que eu esteja muito equivocada!
Um feliz domingo. querida Olinda, muita saúde e paz!
Beijinho. 🌹🌹🌹
Querida Taís
EliminarEis-nos aqui numa encruzilhada. Entre tudo o que tem acontecido, o que vem acontecendo, e de que temos notícia no dia a dia e através da História, e a fé que, forçosamente,. temos de manter na nossa capacidade de diálogo, no nosso raciocínio, nos enlevos de alma, na poesia, na música e em tudo o que de belo existe no Universo. Ainda ontem olhava o céu estrelado, lia as constelações e pensava de mim para mim como tudo isto é lindo. E pensar que há um lado ruim em nós que consegue tornar tudo feio e horrendo. E a "desdobrada", minha amiga, realmente parece impossível, quase utópico. E Saramago apesar de o desejar tem a consciência de que o mundo teria de se virar de cabeça para baixo para se operar uma revolução da bondade. Contudo, parece que deixa esse cuidado a cada um de nós, no quadro individual, presque, em que passo a passo, degrau a degrau, talvez possamos lá chegar. Oxalá!
Adorei o seu comentário, com a clareza que a caracteriza.
Beijo
O mundo precisava de uma revolução de bondade, só mesmo assim, é que se conseguiria alcançar a tão desejada paz.
ResponderEliminarExcelente análise.
Beijinhos
Olá, Maria
EliminarEstamos tão descrentes que isso nos parece quase impossível. Mas perdermos a fé na Humanidade é o mesmo que perder a fé em nós próprios, pois fazemos parte dela.
Beijo
Todas essas considerações alertam-nos para o desequilíbrio da sociedade em que vivemos. Alertar e ter consciência dessa situação é já um bom princípio para uma eventual regeneração.
ResponderEliminarAbraço amigo.
Juvenal Nunes
Nem mais, amigo Juvenal. Estarmos atentos ao que se passa e tomar consciência do rumo que o mundo está a tomar é muito importante. Ainda que não possamos fazer grande coisa tendo em conta que os senhores da guerra é que fazem o jogo.
EliminarAbraço