sábado, 1 de maio de 2021

Estado de Emergência

como dispor a mesa
entre os acordes
da distância

esta

a que me separa
da alvorada nas teclas
dum incontido piano
sobre as ervas

nossas

até ontem nossas
confissões escarlate

recatadamente dispostas
sobre a letargia dos campos

Ângela de Almeida  
in: estado de emergência
-2020-




Ângela de Almeida é uma investigadora, ensaísta e poeta portuguesa, natural da cidade da Horta, onde viveu até aos 16 anos de idade. Estudou em Lisboa, sendo doutorada em Literatura Portuguesa e, nesse contexto, colabora com organismos regionais e nacionais, participando também em colóquios e congressos, promovidos por instituições portuguesas e europeias. Anteriormente, lecionou no Ensino Secundário e no Ensino Superior, foi editora e assessora para a Cultura. No domínio do ensaio, é autora de Retrato de Natália Correia (1993, Círculo de Leitores), vários estudos introdutórios a obras da mesma autora, A simbólica da ilha e do Pentecostalismo em Natália Correia (2019, Letras Lavadas) e Natália Correia, um compromisso com a humanidade (2019, em publicação). Tem, no prelo, o ensaio, Censura e estilo na Literatura Portuguesa do século XX, resultante da conferência, que apresentou na Universidade Sorbonne-Collège de France. No domínio da poesia, publicou: sobre o rosto (1989), manifesto (2005), a oriente (2007), caligrafia dos pássaros (2018). Publicou também a narrativa poética, o baile das luas (1993) e dois livros de viagem. aqui


Nota: Devo ao Manuel Veiga o conhecimento desta excelente Autora açoriana. 
Grata, meu amigo.




Hoje passámos ao estado de calamidade, com a abertura da maior parte das "cercas sanitárias". A vida das pessoas, que dependem dos seus negócios, merece. A necessidade de conviver, de ir à escola, de visitar espaços culturais, mostrou nos últimos tempos que precisamos disso como do pão para a boca. 

Mas mantenhamos alguma parcimónia nesta liberdade conquistada a pulso, observando cuidados importantes como: utilização de máscara, distanciamento físico, higienização das mãos.

Há pelo mundo regiões que vivem momentos de aflição. As notícias que nos chegam da Índia, nos últimos dias, são aterradoras. A pandemia alastra-se e há falta de tudo, até de espaço digno para cremação daqueles que perdem a vida nessa luta desigual com o vírus.

Em nota de curiosidade e quase anedótico não fosse a tristeza da situação, em Braga, Mire de Tibães, o cemitério lotado há quinze anos leva a que se enterre no passeio. 

Autarca diz: "Em 2005 avançámos com o pedido de alargamento do cemitério, porque já nessa altura o Executivo se debatia com a lotação do terreno, mas temos esbarrado com a classificação da envolvente do Mosteiro"-(Mosteiro Beneditino de São Martinho de Tibães)aqui 

Ora, meus senhores, ponham os olhos em Sinhozinho Malta que ainda tinha a noção de perguntar "Tô certo ou tô errado?". 



Votos de bom Dia do Trabalhador a quem por aqui passar.

Abraços.


02/05/2021

A TODAS AS MÃES



DIA FELIZ





Partilho convosco esta Canção da Mariza que acabo de receber :)


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Veja aqui, na BNP, registos sobre "Estado de Emergência" da autoria de Ângela de Almeida e Henrique Levy . Este autor possui uma biografia e bibliografia interessantes. De explorar futuramente. :)

Imagem: Pixabay

20 comentários:

  1. Fascinante homenagem poética à poetisa portuguesa, Ângela de Almeida,
    Vi essa novela do Sinhozinho Malta em que ele estava sempre a dizer; " Tô certo ou tô errado", lol

    Para si também um dia do trabalhador muito feliz
    .
    Pensamentos e Devaneios Poéticos
    .

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  2. Lindo compartilhamento ,Olinda! Bela poesia! Feliz Maio! bjs, chica

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  3. "[...]Como dispor a mesa
    entre os acordes
    da distância[...]" ?
    Verdadeiramente é uma questão actual que não tem caminho definido de modo permanente. É (quase) um grito, um alerta, um lamento...
    "Tratar dos vivos e enterrar os mortos" com... dignidade.
    Que o Dia primeiro de Maio seja marcante.


    Beijo
    SOL da Esteva

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  4. Boa tarde de feriado, querida amiga Olinda!
    Estou tão desolada pela mortalidade na Índia, aqui no Brasil é assustador também com 400000 mortos ultrapassados como todos sabemos.
    Estamos num período assustador e que necessita de muita interiorização e preces.
    Para nos consolar um pouquinho, temos a poesia de todo dia... Não conhecia a escritora.
    Estamos envoltos no estado emergencial e numa letargia pelo mundo afora nos campos da vida.
    Tenha dias abençoados!
    Beijinhos carinhosos e fraternos

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  5. Publicação sublime!! Amei :))
    ~~
    Coisas de uma Vida
    ~
    Beijo, e um excelente fim de semana.

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  6. Gostei do poema da açoriana Ángela de Almeida.
    Síntome também sensivel ás mas novas que o virus vai deijando ao seu passo.
    Convídoa a visitar meu blog.
    Passe uma boa fin de semana. Aquí maña é día da nae, mas eu não faço muito caso disses dias.
    Beijinhos

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  7. Boa tarde Olinda,
    Gostei imenso do poema que transcreve da Poeta Ângela de Almeida, que não conhecia.
    Sobre a passagem do estado de emergência ao estado de calamidade, concordo plenamente com o que expôs nomeadamente nos cuidados ainda a ter. Não nos precipitemos, se pretendermos começar a levar uma vida quase normal. Há muita coisa linda que nos espera.
    Bom dia do Trabalhador também para si e obrigada.
    Beijinhos e bom fim de semana.
    Ailime

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  8. Olinda,
    Um poema muito belo de uma poeta que desconhecia e que descreve com sensibilidade e estado que felizmente ultrapassámos.
    Também desconhecia este músico, que me surpreendeu pela positiva.
    Let God Lead- excelente mensagem !
    Apesar de estarmos numa fase mais tranquila, os cuidados têm que ser os mesmos, mas saber que há países que vivem num verdadeiro tormento, toca-nos e emociona-nos.
    Que tenha tido um bom dia do trabalhador, é o que lhe desejo também.

    Um beijinho e obrigada.





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  9. Agradeço a partilha, pela possibilidade que me deu de conhecer uma autora que desconhecia.
    Abraço amigo.
    Juvenal Nunes

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  10. Querida Olinda,
    pois eu ontem fui almoçar fora pela primeira vez desde Fevereiro do ano passado! O senhor do restaurante recebeu-nos calorosamente, com um "sejam bem-vindos" e disse que tinham sido meses muito difíceis...
    Hoje comprei mais um pacote de máscaras...
    Beijinhos

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  11. Tenho que procurar a Ângela de Almeida. Gostei muito do poema. Quanto à pandemia, esta tragédia que nunca mais acaba, é como diz, minha Amiga Olinda, ela ainda não acabou. E, se não tivermos todos cuidado, isto desanda. Não custa sermos todos responsáveis.
    Muita saúde.
    Uma boa semana.
    Um beijo.

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  12. Boa tarde, Olinda
    feliz por ter seguido a minha sugestão e
    ter trazido para a este belo e prestigiado espaço
    uma poeta vibrante e sensível, como é Ângela de Almeida.
    e assim contribuir para melhor conhecimento da actual Poesia Portuguesa

    beijo

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  13. Boa noite Olinda!
    Um poema muito bonito. Não conhecia a autora.
    Sobre a pandemia, as coisas está muito dificil pra todo mundo, principalmente pra quem depende do comercio.
    Aqui na minha cidade o comercio abre quarta, quinta e sexta. Os essenciais funcionam durante a semana toda.

    Uma boa semana de maio pra ti!
    Beijos!

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  14. Excelentes escolhas musicais e um belo poema de uma poetisa que não conhecia, obrigado pela partilha.
    Quanto à pandemia, temos de continuar a ser responsáveis e cuidadosos para que tudo continue a correr pelo melhor.
    Beijinhos

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  15. Atrasada mas ainda bem que vim pois li versos lindos de uma poeta que não conhecia, ouvi boa música e um belo poema cantado... e ainda sorri com a curiosidade anedótica. Haja Deus!!!
    Amiga Olinda, eu já decidi, desconfinarei após a 2ª dose da vacina, em Julho. Até lá, tudo na mesma.
    Beijo, muita saúde, feliz Maio.

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  16. Olá, Olinda, agradeço a partilha que me fez conhecer essa poeta portuguesa, Angela de Almeida. Assim, conheci um pouco de sua vida e , também, uma obra poética de sua lavra.
    Muito bom conhecê-la.
    Um bom final de semana!
    Um abraço

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  17. Revendo e completando ideias, sempre encontro novos pontos a suportar o sentimento com as ideias.
    Liiindo!


    Beijo
    SOL da Esteva

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  18. Valeu entrar aqui com a sensibilidade poética de Ângela Almeida no "estado de emergência". E Marisa num registo impressionante. Vibrante também Jon Batiste and Stay Human.
    E se o amor vencer, o mundo será, sem dúvida, um bom lugar.

    As flores dos lilases vieram na hora certa. Adoro.

    Querida amiga Olinda, tenho tido dificuldade em acompanhar o ritmo das publicações. A vida leva-nos.

    Um enorme abraço.

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