Doravante
gritarei no alto dos montes a minha ode ardente, a minha hossana à mãe-natureza. Nos braços do vento, nas ondas do mar, na brisa acariciante, na frescura da água cantarei, vibrarei.
Procurarei beleza no macadame, no barulho da cidade, nos carros que passam, nos escapes que fumegam. Nas torres de cimento, nas máquinas que rugem, na tecnologia obcecante, no burburinho, buscarei e encontrarei amor...
Doravante
deixarei a minha pena correr, livre e enlouquecida, afiada, de ponta em riste, louvando isto e aquilo. No bolo de
arroz acariciando o palato de uma figura de Rubens, na obesidade de um Adónis, verei graça e encanto. Na Messalina perdida que oferece seus favores, na Vénus desnuda de seios palpitantes, verei sinal de missão. Do status quo retirarei apenas e só o inefável. Da vida vivida o suco. Da realidade a aparência.
Qual
Fénix renascerei.
Dinola Melo
Tenho os lábios secos, ó grandes ruídos modernos,
De vos ouvir demasiadamente de perto,
E arde-me a cabeça de vos querer cantar com um excesso.
De expressão de todas as minhas sensações,
Com um excesso contemporâneo de vós, ó máquinas!
Exagero meu no que te diz respeito, Dinola.
Mas de exagero, exagero excessivo, sabe Álvaro de Campos.
Quanto ao resto, uma pálida amostra.
=====
Ode Triunfal (referência) - Álvaro de Campos
Linda poesia dessa vez escolhida! Ótimo fds! Bjs,chica
ResponderEliminarOlá, Chica
EliminarMuito obrigada pela presença e comentário.
Bom domingo.
Beijo
Olinda
Muito lindo, mesmo.
ResponderEliminarBom dia, Daniela
EliminarSeja bem-vinda.
Grata pela sua presença.
Beijo
Olinda
Gostei muito!:)
ResponderEliminar-
Cores matizadas, alegres ciprestes
-
Beijos, e um excelente fim de semana :)
Olá, Cidália
EliminarGostei da sua presença e comentário.
Muito amável.
Beijo
Olinda
Un placer leerte.
ResponderEliminarBeso.
Também para mim um prazer a sua visita.
EliminarBom domingo
Beijo
Olinda
Uma escolha excelente. Sabe bem sentir que as insónias também nos deixam sonhar.
ResponderEliminarObrigado, Olinda.
Beijo
SOL
Olá, Sol da Esteva
EliminarSim. Insónia que é insónia tem de produzir alguma coisa.
Abraço
Olinda
Deixe a sua pena correr, para nos encantar com as suas belas e sentidas palavras.
ResponderEliminarBom fim de semana
Beijinhos
Obrigada pela visita e amável comentário.
EliminarBoa semana.
Beijo
Olinda
Logo que comecei a ler o poema lembrei-me de Álvaro de Campos e com toda a razão!
ResponderEliminarAbraço
Álvaro de Campos inimitável :)
EliminarAbraço
Olinda
Com Dinola Melo também cantarei hossanas à mãe-natureza e "deixarei a minha pena correr, livre e enlouquecida, afiada, de ponta em riste, louvando isto e aquilo". Também os grandes ruídos modernos me secam os lábios e me enrouquecem a voz... Lindíssimo, minha Amiga Olinda.
ResponderEliminarUm bom fim de semana.
Um beijo.
O que mais fazer neste mundo de pernas para o ar?
EliminarRuídos que incomodam muito e com os quais temos de viver.
Grata por este belo comentário, querida Graça.
Beijo
Olinda
Caminho estonteante num mundo pandémico. Apetece, pois, ferir todas as tibiezas e furar os átomos e os sóis de todos os excessos. E, doravante, nada nos detém.
ResponderEliminarLouvo o belo e provocador poema, querida Olinda.
Beijos.
Bela interpretação, querida Teresa.
EliminarAdorei. :)
Beijo
Olinda
(***)
ResponderEliminarEncara-te a frio, encara a frio o que somos...
Se queres matar-te, mata-te...
Não tenhas escrúpulos morais, receios de inteligência!
Que escrúpulos ou receios tem a mecânica da vida?
Que escrúpulos químicos tem o impulso que gera
As seivas, e a circulação do sangue, e o amor?
Que memória dos outros tem o ritmo alegre da vida?
Ah! Pobre vaidade de carne e osso chamada Homem.
Não vês que não tens importância absolutamente nenhuma?
(***)
Olinda, Foi tão delicioso e oportuno o texto de Ricardo Pais (ODE TRIUNFAL)
que decidi colocar aqui um brevissimo excerto. Pareceu-me adequado.
Um bom fim de semana
Um abraço!
Corrijo: Onde se lê Ricardo Pais, deve ler-se Álvaro de Campos!
Eliminar(danos colaterais do sono)...eheheh
EliminarE continuando, um pouco mais:
"És importante para ti, porque é a ti que te sentes.
És tudo para ti, porque para ti és o universo,
E o próprio universo e os outros
Satélites da tua subjectividade objectiva.
És importante para ti porque só tu és importante para ti.
E se és assim, ó mito, não serão os outros assim?"
Álvaro de Campos absolutamente verrinoso. As palavras ganham vida e ferem a prosápia dos seus alvos, sem remissão.
Grata, caro A.S., por este contributo.
Gostei muito.
Abraço
Olinda
confesso que tenho um certo fascínio pelo "vanguardismo futurista"
ResponderEliminara abrir as pletóricas janelas e as avenidas do Futuro, por onde perpassam
"os guindastes da História" repletos de Técnica e de Engenheiros
e, como sabe, o ideário "Futurista" inclui o culto e a glorificação do Corpo e um certo "amoralismo pagão", como bem compreende e se empolga "Dinola",
no seu belíssimo texto - uma verdadeira "Ode Triunfal" ...
a amiga Olinda é que parece travar-lhe o ímpeto - ao falar-lhe de "exageros" e ao conformar-se com a "pálida amostra" - sem, porventura, se dar conta de que assim travado o "ímpeto futurista" de Dinola amolece todo o texto e, então, a "devoradora" e "divina" Messalina é remetida à condição de mera meretriz e a "obesidade de Adónis" a um ridículo elemento decorativo, qual pisa papéis sobre a secretária.
excelente, como (quase) sempre esta composição "futurista"
peço desculpa, Olinda, se por acaso abusei da sua hospitalidade,
abraço
Tendência cultural deveras fascinante de princípios do século passado, com todos os excessos, desde o amor exacerbado às máquinas, à velocidade, até ao anti-tradicionalismo e com um conceito de beleza "sui generis".
EliminarPresumo que Dinola estará gratamente emocionada com a sua defesa paladina. Quando a mim, a má da fita,:) desejo ardentemente uma revolução de ideias, um safanão em termos ideológicos e filosóficos, a fim de sairmos do marasmo em que nos encontramos.
Manuel, meu caro amigo, muito obrigada pelo seu belo comentário.
É sempre bem-vindo: mi casa es su casa.
Abraço
Olinda
Corrijo:
EliminarQuanto a mim...
A " Ode Triunfal " de Álvaro de Campos parece ter exageros, mas, depous de lida com cuidado vemos que não é tanto assim; o ser humano tem umas atitudes tão estranhas perante a evolução que vai acontecendo , tirando dela, quase sempre o pior, em vez de a aproveitar para também evoluir, tornando-se um ser cada vez melhor e mais humano. Não há exageros, mas sim, uma grande decepção perante o que vê, o que sente nessa modernidade ruidosa, creio eu.
ResponderEliminarTambém não consigo ver exageros no que diz respeito à " Dinola, amiga Olinda e seria bom que todos, " Doravante " dessem vivas à mãe natureza, cantassem a beleza das aguas dos rios e mares, apreciassem o vento, mesmo que gélido ; que todos nós, " doravante" soubessemos viver dando importância aquilo que realmente interessa, nos preocupassemos com a essência e não com os rótulos, que " doravante" tirassemos da situação que estamos a viver, a mais bela das lições, sermos " doravante " mais fraternos, mais solidários, mais atentos ao que se passa ao nosso redor, mesmo que a máscara por vezes nos dificulte o reconhecimento, deste ou daquele. Se quisermos, " doravante " poderemos todos ser melhores cidadãos. Obrigada, Olinda, por me dares a conhecer a Ode Triunfal e também pelas belas e sentidas palavras da Dinola Melo,
Fica bem, com SAÚDE para todos aí em casa e, claro, noites bem dormidas, sem insonias...Beijinhos mil, querida Olinda!
Emilia
Querida Emília
EliminarPalavras certas - quase ideário - que deveriam acompanhar-nos pela vida.
Respeitar-nos uns aos outros, respeitar e amar a natureza, evoluindo em cada um dos nossos passos.
E um desejo fulcral em que nos deveríamos focar:
...que " doravante" tirassemos da situação que estamos a viver, a mais bela das lições, sermos " doravante " mais fraternos, mais solidários, mais atentos ao que se passa ao nosso redor,..."
Minha amiga, lindíssimo o teu comentário. Muito obrigada
Beijos
Olinda
A mãe natureza merece os mais belos cantos, enquanto a ruidosa realidade pede silêncio. Tudo pode merecer atenção da pena que desliza, mas nem todos os resultados do que ela oferece são prazerosos. Parabéns, Olinda, por essa rica postagem! Bjs.
ResponderEliminarQuerida Marilene
EliminarCertíssimo o que diz. A pena pode deslizar, apontando isto e aquilo, mas o que vier depois agradará a todos?
Obrigada, minha amiga, pela visita e comentário.
Beijos
Olinda
Leveza poética fascinante de ler. Gostei muito.
ResponderEliminar.
Saudação amiga
Um domingo feliz
Grata, caro Ryk@rdo, pela sua presença
Eliminare comentário tão atencioso.
Abraço
Olinda
A facilidade com que entrelaça autores é extraordinária!
ResponderEliminarBeijo, querida Olinda.
Sempre amiga, querida Ana.
EliminarO teu olhar sobre o que se passa, aqui,
no Xaile é importante prazeroso.
Beijo
Olinda
...importante e prazeroso.
EliminarBonita poema.
ResponderEliminarIsabel Sá
Brilhos da Moda
Grata, Isa, pela presença.
EliminarBeijo
Olinda
Identifico-me com o que escreveste e gostei de te ler...
ResponderEliminarAndamos afastadas sem motivo, penso eu.
Quero convidar-te para comemorar o meu aniversário, amanhã, no 'A Vivenciar'
Abraços carinhosos de boa amizade.
~~~~
Olá, Majo
EliminarO Verão, as férias, as pausas...
Por fim vamos deixando para amanhã as visitas
e o tempo passa :)
Lá estarei, minha amiga, para a comemoração.
Beijos
Olinda
Conhecimentos técnico de crítica literária , não possuo.Pelo que só me posso fiar de um gosto pessoal trabalhado anos a fio pela leitura e reflexão .
ResponderEliminarAssim sendo, digo que me agradou muito o texto.
Beijinho, boa semana :)
Querida São
EliminarMuitas vezes é mais de fiar o nosso bom gosto e sensibilidade
do que técnicas propriamente ditas. :)
Muito obrigada.
Beijo
Olinda
Por mais dependente que o homem seja das máquinas, não pode alhear-se da importância da envolvência da mãe natureza. A excessiva dependência tecnológica transforma a nossa sociabilidade numa comunicação apenas virtual.
ResponderEliminarHumanizar é preciso.
Abraço.
Juvenal Nunes
Sim, Humanizar é preciso:
EliminarVoltar a imprimir às coisas o nosso toque
pessoal e o regresso à simplicidade,
aproveitando da tecnologia apenas o essencial.
Obrigada, Juvenal.
Abraço
Olinda
Olá, como está!
ResponderEliminarGostei muito da sua postagem1
Saudações outonais!
Obrigada, Vieira Calado.
EliminarAbraço
Olinda
Olá, Amigo
EliminarAlterou o acesso ao seu blog?
Abraço
Olinda
Os ruídos modernos não fazem bem aos nossos ouvidos nem a nossa alma. O ruido do vento, da chuva ou das ondas esses nos causam prazer.Belo texto parabéns!
ResponderEliminarBoa noite e ótimo fim de semana.
Abraço.
Olá, Poetisa Carol
EliminarBem-vinda e obrigada pelo lindo comentário.
Digamos que somos parte integrante da natureza,
circunstância de que nos esquecemos, muitas
vezes.:)
Boa semana.
Abraço
Olinda
Bom dia de sábado, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarPor sorte não tenho insônia. Considero uma grande benção uma noite de bom sono.
Florescer como fênix... Linda essa capacidade de resiliência produzida em nós.
Da insônia, nascem as mais preciosas pérolas.
Tenha um ótimo final de semana abençoado!
Bjm carinhoso e fraterno
Bom dia, querida Rosélia
EliminarAh, as insónias, essas incómodas...
Há ocasiões em que nos induzem alguma coisa
de útil e noutras são cansativas.
Boa semana, minha amiga.
Beijo
Olinda
Relendo buscando um futuro que está ali adiante.
ResponderEliminarBeijo
SOL
Olá, Sol da Esteva
EliminarSensibilizada com a sua re-leitura.
Há sempre um futuro à nossa espera :)
Abraço
Olinda