sentimos, fundo, os dois a mágoa da saudade.
Por ver-te as lágrimas sangrarem de verdade
sofri na alma um amargor quando choraste.
Ao despedir-me eu trouxe a dor que tu levaste!
Nem só o teu amor me traz a felicidade.
Quando parti foi por amar a Humanidade
Sim! foi por isso que eu parti e tu ficaste!
Mas se pensares que eu não parti e a mim te deste
será a dor e a tristeza de perder-me
unicamente um pesadelo que tiveste.
Mas se jamais do teu amor posso esquecer-me
e se fui eu aquele a quem tu mais quiseste
que eu conserve em ti a esperança de rever-me!
(1926-2005)
Numa preciosa resenha sobre a Literatura Guineense, Filomena Embaló, de quem já falámos aqui no Xaile através da sua obra, "Tiara", coloca Vasco Cabral, António Baticã Ferreira e Amílcar Cabral no período compreendido entre 1945 e 1970 - período esse de produção poética a que deu a designação de "Poesia de Combate".
Sobre este autor, F. Embaló diz-nos:
Sobre este autor, F. Embaló diz-nos:
Vasco Cabral é certamente o escritor desta geração com a maior produção poética e o poeta guineense que maior número de temas abordou. A sua pluma passa do oprimido à luta, da miséria à esperança, do amor à paz e à criança.... Inicialmente com uma abordagem universalista, a sua obra se orienta, a partir dos anos 1960 para a realidade guineense. Em 1981, publicou o seu primeiro livro de poemas intitulado “A luta é a minha primavera”, obra que reúne 23 anos de criação poética entre 1951 e 1974. Esta obra foi ulteriormente publicada pela União Latina numa versão trilingue português, francês e romeno.
Também deixo alguns dados biográficos referentes a poeta guineense:
Também deixo alguns dados biográficos referentes a poeta guineense:
Foi companheiro de armas de Amilcar Cabral, líder da luta pela independência da Guiné Bissau e de Cabo Verde (...) aqui
Da obra referida, "A luta é a minha Primavera", trarei, oportunamente, mais alguns poemas. Aliás, este Xaile de Seda vai ocupar-se um pouco da Literatura Guineense nos próximos dias, com uma ligeira interrupção no dia 22.
Bom fim de semana, meus amigos.
Da obra referida, "A luta é a minha Primavera", trarei, oportunamente, mais alguns poemas. Aliás, este Xaile de Seda vai ocupar-se um pouco da Literatura Guineense nos próximos dias, com uma ligeira interrupção no dia 22.
Bom fim de semana, meus amigos.
=====
Poema: daqui
A luta é a minha primavera, 1981
Em: Manuel Ferreira, 50 Poetas Africanos. Lisboa, Plátano Editora, 1989
Em: Manuel Ferreira, 50 Poetas Africanos. Lisboa, Plátano Editora, 1989
Acho que não tinha lido nada deste poeta. O soneto escolhido é muito bom.
ResponderEliminarObrigado pela partilha.
Olinda, um bom fim de semana.
Beijo.
Vivo com um ex-combatente e, por isso e não só, estes temas tocam-me profundamente. E o poema de Vasco Cabral é muito bem conseguido.
ResponderEliminarExcelente vídeo que nos permite estar onde nunca estivemos. Linda a melodia.
Beijos, querida amiga Olinda.
Apreciei sobremaneira o seu comentário numa publicação algo desconfigurada. De repente, acontece-me isso. Obrigada.
EliminarAdorei o seu poema, querida Teresa.
E nem a mais "escangalhada" configuração me faria
deixar de o comentar. E a mim acontece-me tanta vez
ter de lutar com desarranjos desse género! :)
Beijinhos
Olinda
...aqui no Xaile de Seda...
EliminarUm belíssimo soneto com muito de Camões!
ResponderEliminarAbraço
Com efeito, Vasco Cabral
Eliminar"fez a sua formação em Portugal, onde viveu largos anos, e na sua poesia sente-se por vezes um lirismo de tom camoniano..."
In: "A literatura na Guiné-Bissau", de Aldónio Gomes
Bj
Na Guiné, fui contemporâneo do Vasco Cabral, no campo oposto.
ResponderEliminarEste é um dos mais belos Poemas de Amor que ele produziu e que a Olinda em boa hora nos traz.
É um verdadeiro adeus de Combatente.
Beijo
SOL
Boa noite de sábado, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarA pedido de uma missionária, sei um pouco de Guiné Bissau. Escrevi as Reminiscências biografias dela que passou um bom tempo por lá...
Gostei do vídeo e do poema, amiga.
Vou acompanhando a série com interesse
Tenha dias abençoados!
Bjm carinhoso e fraterno
uma despedida em beleza, sem dúvida
ResponderEliminara que não falta sequer sequer a esperança do regresso
sendo o autor um herói da luta pela independência do seu País,
compreende-se muito bem esse aceno de Utopia
mas hoje em dia os heróis andam pela rua da amargura.
e tudo se descarta... sem contemplações.
gostei muito do Poema,
sabia de alguns poemas de Amílcar Cabral
não sabia do Vasco Cabral
abraço, amiga Olinda
Olá, Olinda!
ResponderEliminarGostei muito de ter conhecido um pouco da vida e da obra do poeta guineense Vasco Cabral (este soneto é uma mostra do seu talento); vi que “O último adeus dum combatente” foge do soneto tradicional, embora estejam presentes as rimas, o soneto é escrito sem métrica.
Vou procurar nas nossas livrarias livros do poeta.
Obrigado pela partilha.
Uma excelente semana Olinda.
Beijo.
Adorei a apresentação que fez do poeta.
ResponderEliminarQuerida Olinda, tudo o que aqui nos traz é feito com grande rigor e cuidado. Parabéns.
Beijinho
Gostei de o ler e de o conhecer.´
ResponderEliminarTempo de ventos uivantes moldou bardos que foram forçados a combater...
«que eu conserve em ti a esperança de rever-me!»
«há sempre alguém que semeia/canções no vento que passa.»
Agradeço também o conhecimento de Bihan num tema doce e ritmado...
Abraço grande, querida Olinda.
~~~~
Vasco Cabral. Um nome a reter porque este soneto é muito belo e sentido. Obrigada por dar a conhecer este poeta guineense, minha Amiga Olinda.
ResponderEliminarUma boa semana.
Um beijo.
Um poema interessante e prazeroso de se ler
ResponderEliminarBelos momentos literários você nos oportuniza querida Olinda
Beijinhos e uma feliz semana
Fizeste bem em trazeres a este Xaile um poeta da Guiné: este país tanto lutou para ser independente e até hoje não encontrou o seu caminho; o meu irmão e o meu marido foram combatentes na Guiné Bissau; em 74, estando já de malas prontas para regressarem, deu-se o gole de estado e a guerra, finalmente acabou; a alegfia foi tamanha que, de ambos os lados , se festejou muito e todos se abraçaram como amigos. Os dois têm boas decorações desses tempos, porque estiveram lá obrigados e compreendiam que do outro lado acontecia o mesmo; sendo assim, não havia motivo para andarem a matar-se uns aos outros: a guerra não era deles. Não seim Olinda, mas creio que essas boas recordações da Guiné se deve ao facto de não terem feito " asneiras " e de se limitarem a atirar quando deveras necessario. Ficam muito tristes ao verem que este país não se desenvolveu nada e que a população continua a viver pior do que no tempo deles. Sabes, têm grandes amigos que fizeram nessa época de guerra e até hoje se encontram.Amiga Olinda, muitos não conseguiram o regresso tão desejado e muitas mães não conseguiram superar a dor de perderem um filho numa guerra estúpida, aliás estúpidas e sem sentido são todas elas,A minha sogra teve um filho em Angola e logo que regressou esse, outro foi para a Guiné; uns anos de dor e preocupação. Na minha casa, havia um medo constante de perder o meu irmao. O meu pai era taxista, quase inguém tinha carro e ele levou a Lisboa muitos pais para receberem os filhos, chegados em caixões . Ele dizia muitas vezes que se emocionava, pensando que, na próxima vez, poderia ter de ir buscar o próprio filho. Momentos terriveis, Olinda, que , para nós se transformaram em enorme alegria quando regressou. Obrigada por trazeres este tema, com um belo poema de um escritor da Guiné; tema triste, mas que não deve ser esquecido; infelizmentem pouco valor se tem dado aos combatentes, aos que ficaram caidos e aos ue regressaram, muitos deles doentes. Desculpa ter-me intrometido com casos pessoais, mas já me conheces e, desta idade, já é dificil mudar. Beijinhos e boa noite, querida Amiga
ResponderEliminarEmilia