Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: <<Fui eu?>>
Deus sabe, porque o escreveu.
Fernando Pessoa
(1888-1935)
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Poema: daqui
Imagem: daqui
Pessoa sempre maravilhoso! Bela escolha! Ótimo fim de semana! bjs, chica
ResponderEliminarMuitas de certeza a julgar pelo seu talento.
ResponderEliminarUm abraço e feliz 2020
Molto bella questa poesia di Pessoa.
ResponderEliminarSereno fine settimana a te.
Bom dia, querida amiga Olinda!
ResponderEliminar"Quem tem alma não tem calma."
Recortei do poema pois achei-a interessante demais.
A alma, muitas vezes, é insatisfeita e tem pressa de ser saciada...
A paz na alma venha em nosso auxilio nos permitindo sossego ao ❤.
Tenha dias felizes!
Bjm carinhoso e fraterno
Sempre fico sem jeito para Comentar Pessoa. Sou suspeito, porque, dele, adoro cada Poema, cada verso, cada frase...
ResponderEliminarTe estou grato por no-lo trazeres á nossa própria Alma.
Um Ano Feliz e verdadeiro.
Beijo
SOL
por vezes desejo que a alma do(s) poeta(s) seja
ResponderEliminarum caleidoscópio de cores irrepetíveis...
enfim, pretensão minha...
pois que a alma do Fernando Pessoa me parece um pouco
"enevoada"...
excelência sempre, minha amiga Olinda
abraço
Lindo... A alma por vezes molda-se ao que tem de ser... por diversos motivos e pode muitas das vezes parecer apenas insatisfação porque isso pode trazer outros valores, ou ser só insatisfação e mais vale... mudar e alimentar a alma...
ResponderEliminarBeijinhos
Nem eu!
ResponderEliminarAbraço
Sempre Pessoa e Sempre Actual!!!
ResponderEliminarOi, Olinda. Admiro imensamente os escritos do Pessoa, uma das razões é o fato de que em qualquer poema escrito por ele (através de qualquer um dos nomes que usava, inclusive o próprio) há sempre, no mínimo, algum verso que parece falar sobre nós mesmos, qualquer um de nós, foi/é um poeta de uma multiplicidade tão vasta de pensamentos, tão ampla, que qualquer um que leia qualquer um de seus poemas sente alguma identificação. O poema citado por ti, por exemplo, tem versos com os quais muito me identifico. Um abraço.
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