sexta-feira, 8 de junho de 2018

Mar ê morada di sodadi


Para um ilhéu o Mar tinha duas funções: por um lado ligava as terras e as pessoas, por outro separava-as. Então, entre o ir e voltar a saudade se instalava. Houve tempo em que o elo entre os povos residia no Mar. Através dele as gentes se descobriam e transportavam as riquezas e os sonhos. Presentemente, a tónica torna a colocar-se nessa poderosa área líquida do nosso planeta. Com a poluição atentamos contra a vida de outros seres vivos. O lixo que produzimos afecta o nosso bem-estar e, com o nosso descaso, também mata os habitantes marinhos. Adoptar outros comportamentos de consumo é preciso. Talvez não seja tarde, ainda.  



BANA - o bom gigante.

=======

Passei o dia ouvindo o que o mar dizia

Eu hontem passei o dia 
Ouvindo o que o mar dizia. 

Chorámos, rimos, cantámos. 

Fallou-me do seu destino, 
Do seu fado... 

Depois, para se alegrar, 
Ergueu-se, e bailando, e rindo, 
Poz-se a cantar 
Um canto molhádo e lindo. 

O seu halito perfuma, 
E o seu perfume faz mal! 

Deserto de aguas sem fim. 

Ó sepultura da minha raça 
Quando me guardas a mim?... 

Elle afastou-se calado; 
Eu afastei-me mais triste, 
Mais doente, mais cansado...

Ao longe o Sol na agonia 
De rôxo as aguas tingia. 

«Voz do mar, mysteriosa; 
Voz do amôr e da verdade! 
- Ó voz moribunda e dôce 
Da minha grande Saudade! 
Voz amarga de quem fica, 
Trémula voz de quem parte...» 
. . . . . . . . . . . . . . . . 

E os poetas a cantar 
São echos da voz do mar! 

 in 'Canções' 

====

Video : Youtube
Poema: Citador

16 comentários:

  1. Há muito que lhe falho (ao António Botto); por isso foi agradável relê-lo. Na verdade ultimamente têm surgido escritos, vídeos e fotografias sobre o efeito de plástico nos mares. Ainda hoje li que o Mediterrâneo está com 95% (!!!) de carga plástica!
    Também li (agora falando-se sobre o tema, cá por casa) que o Governo está muito satisfeito com a iniciativa de se taxar os sacos de plástico. E que, complementarmente, vai também taxar os ditos de maior espessura. Ponto final.
    E as chavenazinhas do café mais as suas colherinhas? E os pratos, garfos, colheres, e facas, copos e outros arreios dos piqueniques? E as garrafas de água, azeite, óleo, sumos, e tudo o resto?...
    Dá vontade se ser ilhéu!...
    Abraço, amiga Olinda!
    jorge
    www.tintapermanente.pt


    ResponderEliminar
  2. Belas e acertadas palavras, amiga Olinda!
    Como amo e respeito o mar, entristece-me saber que nele são despejadas toneladas de lixo, nomeadamente plástico.
    Gostei da escolha dos versos de António Botto. E da morna do Bana, claro!
    Excelente alerta!
    Beijo e bom fim-de-semana.

    ResponderEliminar
  3. Querida amiga, pagar os sacos de plástico nos supermercados foi uma medida que deu certo; hoje toda a gente leva-os de casa e, na minha bolsa anda sempre um saquinho para qualquer compra que precise de fazer quando saio à rua. Há muito que as garrafas plásticas são proibidas nos restaurantes, mas ainda vemos muitos que não cumprem a lei e nada acontece. Sabes, amiga, aqui na minha cidade não faltam ecopontos para a separação de plásticos, cartões, vdros e metais e não precisamos de andar muito para os encontrarmos, no entanto, poucos se dão ao trabalho de atravessar a rua e assim cumprirem o seu dever de cidadaos.
    Não sei se para os teuss lados acontece, mas aqui no norte tem havido muitos cancros de estômago. Ainda não fez um ano perdi um amigo con essa doença, hà 2 semanas um outro de 52 anos se foi com o mesmo problema e agora tenho o irmão da minha cunhada que teve um, mas, foi detectado no inicio e só teve de tirar um pedacinho. Há uns 3 anos um cunhado meu também teve de tirar um pedaço do estômago e feluzmente encontra-se bem. Estou a falar de pessoas que se cuidam e têm cuidado com a alimentação, principalmente o irmão da minha cunhada. Mas agora pergunto, Olinda, o que devemos comer se nem o peixe agora é saudável? Com esse plástico todo nos oceanos de certeza que há muito ele entrou na cadeia
    alimentar e depois aparem esses cancros no estômago que nos intrigam. Ha que mudar as mentalidades, punir as pessoas que deixam lixo nas praias, punir os restaurantes que ainda usam garrafas de plastico. Estão a pensar a fazer a colecta de lixo selectiva e talvez, se vier a acontecer, resolva parte do problema, mas também pode ser que não; será que as pessoas se vão dar ao trabalho de o separar em casa, em sacos de cor diferente? Tenho as minhas dúvidas!!! Gostei muito deste poema de António Botto que desconhecia; irei pesquisar sobre ele. Obrigada, Olinda e desejo-te um belo fim de semana que, espero, seja mais quentinho. Um beijo e tudo de bom para ti e para os teus.
    Emilia

    ResponderEliminar
  4. Com o devido respeito, faço minhas as palavras do Jorge. A semana passada um dos nossos supermercados tinha em promoção, muito mais barata a água das pedras em embalagem plástica, enquanto a de vidro se mantinha no preço habitual. Isso é um incentivo à compra de mais plástico.
    Um abraço e bom fim-de-semana

    ResponderEliminar
  5. Post precioso e oportuno. Assim a intervenção a que nos devemos propor. Bana, sempre bom nas suas melodias do seu Cabo Verde.António Botto bem na linha do meu sentir.
    Parabéns pelas escolhas e interligação.


    Beijo
    SOL

    ResponderEliminar
  6. O mar sempre foi e será uma fonte inspiradora dos poetas.
    Linda música e um belíssimo poema.
    Bom domingo e uma excelente semana.
    Beijinhos
    Maria
    Divagar Sobre Tudo um Pouco

    ResponderEliminar
  7. OI OLINDA!
    O MAR COM SEUS MISTÉRIOS,CONFORME O QUE SENTIMOS, O VEMOS, ORA TRISTE ORA EXUBERANTE E BELO MAS, SEMPRE INSPIRADOR.
    MUITO LINDO TEU POEMA.
    ABRÇS
    http://zilanicelia.blogspot.com.br/

    ResponderEliminar
  8. Uma escolha muito criteriosa resultou num belo «post».

    Que bom encontrar aqui António Botto - grande poeta abrantino tão esquecido.

    Beijinho

    ResponderEliminar
  9. Adoro mar.
    Identifico-me com a mensagem e escolhas
    desta interessante postagem.
    Dias bons...
    Beijinhos
    ~~~

    ResponderEliminar
  10. Bela morna! E este "canto molhado e lindo" de António Botto é de uma enorme atração.

    Querida Olinda, já nem o peixe selvagem oferece garantias. Aí está uma reflexão pertinente e necessária. Cuidemos do planeta azul!

    Beijo.

    ResponderEliminar
  11. hello,
    i'm a new follower of your nice blog, can you follow mine on my blog?
    https://amoriemeraviglie.blogspot.com/
    many many thanks

    ResponderEliminar
  12. E ainda há muita gente que não se importa de poluir o mar, principalmente com plástico… Eu adoro o mar. Nasci numa terra onde ele é bravo e espero que não esteja muito poluído. Gosto muito da poesia de António Botto. Gostei de o encontrar aqui.
    Uma boa semana, minha Amiga Olinda.
    Um beijo.

    ResponderEliminar
  13. O mar, sempre inspirador!

    Boa semana, amiga!
    Beijinhos.

    ResponderEliminar
  14. gostei muito deste mergulho num Mar não poluído.

    três boas causas, ganhei em triplicado

    a defesa do meio ambiente
    e António Boto fora da estante
    e o excelente Bana e suas mornas

    abraço, amiga Olinda

    ResponderEliminar
  15. E vamos lá, querida Olinda, dançar uma morna ou uma coladeira, pke homens é "coisa", k não falta em Cabo Verde. E dancei lá tantas! Que boas recordações e k noites quentes, em todos os aspetos. Eles conduzem-nos, e sem sabermos dançar, "às duas por três" já estamos no balanço e no encaixe.

    Achei, acho o título do post delicioso e lembrei-me de Cesária Évora, de imediato, embora Bana não lhe fique atrás. Pois é, o mar, "personagem", de k não gosto, nem me inspira (as pessoas devem pensar, que não sou lá mto "normal". Bem, pensem o k quiserem, pke o pensamento é libérrimo), sempre teve um papel importantíssimo, preponderante nos nossos povos, na nossa economia, na nossa História. Quem vivia no interior, queria deslocar-se para o litoral, pke o mar era aquela "estrada líquida", única, fácil, atrativa e dava tanta coisa para a alimentação, já pra não falar da aventura, k chamava as gentes, e nós, Portugueses, fomos descobridores e conquistadores, pke tivemos o mar mesmo aqui, à mão de semear, e em tempo de crise, tínhamos por onde nos escapar.

    Estou a situar-me no século XV, mas agora, tudo mudou, embora prevaleça o apreço imenso pelo mar. O Homem atual não pensa nas consequências dos seus atos, k hão de tirar as qualidades ao mar e aos seres, k nele vivem. A terra e os mares estão moribundos, mas como não sou derrotista, creio k o Cosmos saberá organizar tudo isto e dar-nos-á um valente "abanão". Merecemos!

    Qto ao poema, e antes de o analisar, semanticamente, estive vendo a ortografia do século XVIII e XIX. Hontem com "h", poz-se com "z", por exemplo. A Língua está sempre em mutação, para melhor, na minha opinião.
    Gostei do poema, que mostra as saudades de António Botto em relação a Portugal e o mar era o idolatrado, aquele k o separava da sua terra, afinal, e então cantavam e choravam juntos. Foi para o Brasil, assim a modos k desterrado. Acerca da cidade de S. Paulo fez umas considerações, que vale a pena ler. Não sei se eram verdadeiras ou falsas, mas não é necessário ser boçal. Inteligente, mas de forte e estranha personalidade, mentiu várias vezes, publicamente, e só por curiosidade, dir-lhe-ei k afirmava k tinha nascido em 1900. Então, eram só menos uns aninhos! Botto, natural de uma terra perto de Abrantes, não era "pera doce", nem de fácil contacto. Sofria de sífilis, que não quis tratar e de megalomania, tb. Coitado, acabou por ser atropelado por um camião.

    As minhas mãos, "pobrezitas" estão sempre a pedir-me descanso e eu respondo-lhes: sim, prometo escrever pouco, mto pouco, mas depois a imaginação não me obedece e zás, dores e mais dores. Vou parar uns diazinhos, sim, mas a minha mente já está a ferver. Mas quem dá conta destas duas?

    Beijinhos e um grande abraço.

    ResponderEliminar
  16. Bom dia, querida Olinda!
    O mar sempre me fala de amor... amo o mar...
    Lindo o post como um todo!
    Seja muito feliz e abençoada junto aos seus amados!
    Bjm fraterno e carinhoso de paz e bem
    😚😍💟

    ResponderEliminar