Ultimamente tenho ouvido rádio enquanto faço outras coisas. Então, há dois ou três dias ouvi uma entrevista a Margarida Botelho, que eu não conhecia. Apanhei a conversa um pouco pela rama, mas fiquei a saber que ela é uma escritora que viaja pelo mundo, nomeadamente por países lusófonos*, colhendo experiências para os seus livros infanto-juvenis, interagindo com crianças dessas paragens. O alimento para as suas histórias vem dos desenhos e actividades dos pequenos colaboradores, integrados no seu ambiente.
São ENCONTROS cuja história vem de trás, de 2010/2011. Ora, leiam isto:
“Durante 9 meses viajei por Moçambique com uma mochila cheia de livros em branco, que foram pouco a pouco ganhando letras e imagens. Na altura, desenhei um projecto de literacia comunitária com base na ideia de que a experiência de construir um livro (literalmente) com a nossa história de vida fornece-nos mais ferramentas para entendermos quem somos e o mundo que nos rodeia. Em algumas situações limite ajuda a sobreviver: treinando competências que podem ser determinantes no desenvolvimento social e económico de comunidades vulneráveis” (...) Entretanto o projeto ENCONTROS, dinamizado por Margarida Botelho e Mário Rainha Campos deu origem a uma coleção de livros de nome POKA POKANI. Os ENCONTROS já aconteceram em Moçambique, em Goa, na Amazónia brasileira, em Timor-leste e em Cabo Verde.
Dessa colecção constam já estes livros, com títulos e conceitos muito interessantes: Eva/Eva, de Moçambique; Yara/Yara, da Amazónia; Lia/Lya, de Timor.
De entre eles, pego em Lia/Lya, e transcrevo parte da explicação que nós é dada, vislumbrando um pouco desse universo, simultaneamente, mental e físico:
Em julho e agosto de 2013, Margarida Botelho e Mário Rainha Campos viajaram até Atecru, uma pequena e ainda isolada aldeia piscatória situada na costa norte da ilha de Ataúro, em Timor-Leste. É um lugar de extrema beleza natural e equilíbrio ambiental, em que os habitantes pescam através do mergulho em apneia. Dentro e fora do mar, Margarida e Mário, acompanharam o dia-a-dia de crianças mergulhadoras e das suas famílias, ao mesmo tempo que desenvolviam o projeto ENCONTROS, que permitiu a ambos os lados descobrirem surpreendentes mundos novos.
O livro LIA/LYA, refletindo a visão do ENCONTROS, nasceu a partir das vivências dos dois arte-educadores junto da comunidade de Atecru. O livro sugere aos leitores uma viagem para a reflexão através da comparação. Lya é uma menina mergulhadora que vive no Sudeste Asiático, num dos países mais jovens do mundo, chamado Timor-Leste. Lia é outra menina, que vive na EUROPA, em PORTUGAL. Ambas iniciam, em lados opostos do livro, uma viagem para o encontro!
Por último, mas com a certeza de que voltarei a este tema, referirei o último Encontro desta dupla-maravilha, que se deu em Cabo Verde, ilha do Fogo:
Em chão das caldeiras na ilha do FOGO, o estímulo visual era constante pois tudo dialogava dicotomicamente com o negro da lava recente, como é o exemplo das folhas viçosas das vinhas de lava.
A comunidade de Chã das Caldeiras da ilha do Fogo depois da última erupção reclamou a existência de uma escola como quem exige um serviço de primeira necessidade. Como o espaço da garagem transformada em sala de aula era extremamente pequeno e com pouca luz, quando chegou a altura de pintar os diários de vida, as crianças correram para o muro do campo da bola. No muro de lava todos se surpreenderam com o poder de um pincel e da cor em forma de tinta. Foram momentos deliciosamente caóticos e felizes! Sábi, sábi Dja Fogo!
Dja Fogo e, anteriormente, Dja Braba! Para quando o livro?
Bom, muito bom. Excelente esse trabalho levado a cabo com tanto interesse e dedicação. Obrigada, Margarida Botelho e Mário Rainha Campos.
Hoje, Dia do Livro, nada melhor do que acompanhar-vos nessas viagens maravilhosas.
=====
Imagens e excertos:
Margarida Botelho.com
*Nota sobre Goa: Não é um país de expressão lusófona mas, por lá ficaram muitas palavras e experiências lusas.
“Durante 9 meses viajei por Moçambique com uma mochila cheia de livros em branco, que foram pouco a pouco ganhando letras e imagens. Na altura, desenhei um projecto de literacia comunitária com base na ideia de que a experiência de construir um livro (literalmente) com a nossa história de vida fornece-nos mais ferramentas para entendermos quem somos e o mundo que nos rodeia. Em algumas situações limite ajuda a sobreviver: treinando competências que podem ser determinantes no desenvolvimento social e económico de comunidades vulneráveis” (...) Entretanto o projeto ENCONTROS, dinamizado por Margarida Botelho e Mário Rainha Campos deu origem a uma coleção de livros de nome POKA POKANI. Os ENCONTROS já aconteceram em Moçambique, em Goa, na Amazónia brasileira, em Timor-leste e em Cabo Verde.
Dessa colecção constam já estes livros, com títulos e conceitos muito interessantes: Eva/Eva, de Moçambique; Yara/Yara, da Amazónia; Lia/Lya, de Timor.
De entre eles, pego em Lia/Lya, e transcrevo parte da explicação que nós é dada, vislumbrando um pouco desse universo, simultaneamente, mental e físico:
Em julho e agosto de 2013, Margarida Botelho e Mário Rainha Campos viajaram até Atecru, uma pequena e ainda isolada aldeia piscatória situada na costa norte da ilha de Ataúro, em Timor-Leste. É um lugar de extrema beleza natural e equilíbrio ambiental, em que os habitantes pescam através do mergulho em apneia. Dentro e fora do mar, Margarida e Mário, acompanharam o dia-a-dia de crianças mergulhadoras e das suas famílias, ao mesmo tempo que desenvolviam o projeto ENCONTROS, que permitiu a ambos os lados descobrirem surpreendentes mundos novos.
O livro LIA/LYA, refletindo a visão do ENCONTROS, nasceu a partir das vivências dos dois arte-educadores junto da comunidade de Atecru. O livro sugere aos leitores uma viagem para a reflexão através da comparação. Lya é uma menina mergulhadora que vive no Sudeste Asiático, num dos países mais jovens do mundo, chamado Timor-Leste. Lia é outra menina, que vive na EUROPA, em PORTUGAL. Ambas iniciam, em lados opostos do livro, uma viagem para o encontro!
Por último, mas com a certeza de que voltarei a este tema, referirei o último Encontro desta dupla-maravilha, que se deu em Cabo Verde, ilha do Fogo:
Em chão das caldeiras na ilha do FOGO, o estímulo visual era constante pois tudo dialogava dicotomicamente com o negro da lava recente, como é o exemplo das folhas viçosas das vinhas de lava.
A comunidade de Chã das Caldeiras da ilha do Fogo depois da última erupção reclamou a existência de uma escola como quem exige um serviço de primeira necessidade. Como o espaço da garagem transformada em sala de aula era extremamente pequeno e com pouca luz, quando chegou a altura de pintar os diários de vida, as crianças correram para o muro do campo da bola. No muro de lava todos se surpreenderam com o poder de um pincel e da cor em forma de tinta. Foram momentos deliciosamente caóticos e felizes! Sábi, sábi Dja Fogo!
Dja Fogo e, anteriormente, Dja Braba! Para quando o livro?
Bom, muito bom. Excelente esse trabalho levado a cabo com tanto interesse e dedicação. Obrigada, Margarida Botelho e Mário Rainha Campos.
Hoje, Dia do Livro, nada melhor do que acompanhar-vos nessas viagens maravilhosas.
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Imagens e excertos:
Margarida Botelho.com
*Nota sobre Goa: Não é um país de expressão lusófona mas, por lá ficaram muitas palavras e experiências lusas.
Oportuna partilha
ResponderEliminarbj
Muito interessante. Desconhecia estes livros, e estes encontros.
ResponderEliminarAbraço e uma boa semana
Interessante; não conhecia!
ResponderEliminarAbraço,
jorge
Que experiência tão rica! Livros que vão nascendo e crescendo no contacto e com a participação das crianças. A beleza das ilhas e a riqueza cultural são grandes incentivos. Que maravilha poder escrever viajando!
ResponderEliminarGrata, Olinda.
Beijinho.
Não sei como me escapou esta postagem...
ResponderEliminarProcurando blogues que ainda me faltam na lista,
encontrei-o.
Uma vida aliciante que tem o casal...
Gostei muito de saber e de ler.
Beijinhos.
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