CISNE
Amei-te? Sim. Doidamente!
Amei-te com esse amor
Que traz vida e foi doente...
À beira de ti, as horas
Não eram horas: paravam.
E, longe de ti, o tempo
Era tempo, infelizmente...
Ai! esse amor que traz vida,
Cor, saúde... e foi doente!
Porém, voltavas e, então,
Os cardos davam camélias,
Os alecrins, açucenas,
As aves, brancos lilases,
E as ruas, todas morenas,
Eram tapetes de flores
Onde havia musgo, apenas...
E, enquanto subia a Lua,
Nas asas do vento brando,
O meu sangue ia passando
Da minha mão para a tua!
Por que te amei?
— Ninguém sabe
A causa daquele amor
Que traz vida e foi doente.
Talvez viesse da terra,
Quando a terra lembra a carne.
Talvez viesse da carne
Quando a carne lembra a alma!
Talvez viesse da noite
Quando a noite lembra o dia.
— Talvez viesse de mim.
E da minha poesia...
Pedro Homem de Mello
In: Adeus
Sim, acontece não poucas vezes: Amor doente que poderá conduzir a situações de grande sofrimento. Um amor obsessivo que o autor, com o seu talento, tão bem descreve.
Poeta lírico e autor de uma vasta obra, Pedro da Cunha Pimental Homem de Mello nasceu na cidade do Porto em 1904. Formou-se em Direito pela Universidade de Lisboa.Foi subdelegado do procurador da República, dedicou-se ao ensino, tendo sido director da Escola Comercial Mouzinho da Silveira.Pedro Homem de Mello foi também jornalis ta e estudioso das tradições populares e do folclore nacional, sobretudo do Norte, que durante anos divulgou num programa da RTP.Destaque também para a sua colaboração no movimento da revista literária “Presença”, fundada em Coimbra, em 1927.
Pedro Homem de Mello desenvolveu uma extensa obra poética, com a publicação de mais de 30 títulos e que vão desde a década de 30 até à década de 70. Ainda que seja um autor pouco divulgado, Pedro Homem de Mello assume o seu lugar no panorama cultural nacional.
Reveladores dessa dimensão são os prémios que recebeu: Prémio Antero de Quental (1939), Prémio Ocidente (1964), e o Prémio Nacional de Poesia em 1972.
Amália Rodrigues imortalizou algumas das suas palavras, particularmente os títulos “Povo que lavas no rio”, “O rapaz da camisola verde”, “Havemos de ir a Viana” e “Fria Claridade”, hoje temas incontornáveis no Fado.
Faleceu em 1984. Retirado de aqui
FRIA CLARIDADE
Quinzena do Amor
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Poema: Citador
1ª imagem: aqui
2ª imagem:
Estes amores obsessivos fazem-me medo.
ResponderEliminarGostei de ouvir a Amália.
Um abraço
grande poeta, nem sempre considerado.
ResponderEliminargostei de ler aqui, Olinda
um abraço