Tira-me
o pão, se quiseres,
tira-me o ar, mas não
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
me tires o teu riso.
Não me tires a rosa,
a lança que desfolhas,
a água que de súbito
brota da tua alegria,
a repentina onda
de prata que em ti nasce.
A minha luta é dura e regresso
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
com os olhos cansados
às vezes por ver
que a terra não muda,
mas ao entrar teu riso
sobe ao céu a procurar-me
e abre-me todas
as portas da vida.
Meu amor, nos momentos
mais escuros solta
o teu riso e se de súbito
vires que o meu sangue mancha
as pedras da rua,
ri, porque o teu riso
será para as minhas mãos
como uma espada fresca.
À beira do mar, no outono,
teu riso deve erguer
sua cascata de espuma,
e na primavera , amor,
quero teu riso como
a flor que esperava,
a flor azul, a rosa
da minha pátria sonora.
Ri-te da noite,
do dia, da lua,
ri-te das ruas
tortas da ilha,
ri-te deste grosseiro
rapaz que te ama,
mas quando abro
os olhos e os fecho,
quando meus passos vão,
quando voltam meus passos,
nega-me o pão, o ar,
a luz, a primavera,
mas nunca o teu riso,
porque então morreria.
(1904-1973)
Ricardo Eliécer Neftalí Reyes Basoalto, de seu nome. Poeta chileno. O pseudónimo "Pablo Neruda", uma declaração de afinidade com o escritor checo Jan Neruda, tornou-se o seu nome legal após acção de modificação de nome civil.
Fiquei maravilhada com este poema de Pablo Neruda.
Esta versão que aqui trago encontrei-a no Pensador. Há uma outra no Citador. Talvez diferenças de tradução. Muitas vezes, quando os poemas ou textos não provêm de leituras cuja fonte conheço procuro confirmação em vários sites. Lembro-me de um poema atribuído a Jorge Luís Borges, escritor argentino, que eu publiquei aqui no Xaile, afinal era apócrifo. Fui alertada por Canto da Boca. Deixei-o ficar com as devidas ressalvas.
Tenham uma muito boa noite.
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Imagens: Pixabay
Este poema é magnifico, nunca me canso de o ler.
ResponderEliminarA apresentação ficou linda.
Beijinhos
Maria de
Divagar Sobre Tudo um Pouco
Não conheço bem a poesia de Neruda; poucos, um punhado só. Mas este 'Riso' deixa um som infinito na alma!
ResponderEliminarjorge
poema muito belo. muito bem "encenado".
ResponderEliminargostei de ler aqui
Um belo poema que já tinha lido e que vale bem a pena ser relido por uma ou mais vezes.
ResponderEliminarAbraço.
O Pablo é o Pablo e este poema é belíssimo!
ResponderEliminarBjinho