o amor de quem quer que seja
do que quer que seja
o amor de um pequeno objecto
o amor dos teus olhos
o amor da liberdade
o estar à janela amando o trajecto voado
das pombas na tarde calma
nesta fase em que o amor é a música de rádio
que atravessa os quintais
e a criança que corre para casa
com um pão debaixo do braço
nesta fase em que o amor é não ler os jornais
podes vir podes vir em qualquer caravela
ou numa nuvem ou a pé pelas ruas
- aqui está uma janela acolá voam as pombas -
podes vir e sentar-te a falar com as pálpebras
pôr a mão sob o rosto e encher-te de luz
porque o amor meu amor é este equilíbrio
esta serenidade de coração e árvores
Egito Gonçalves (1920-2001)
in: Antologia Poética
Sentimento idílico este que nos envolve. Mas, onde andará o amor quando há mães que matam os próprios filhos? Ah! As mulheres, porto seguro, lugar de abnegação, capazes de todos os sacrifícios pelas suas crias. Vemo-las, idealmente, amoráveis, belas, embevecidas, com o filho ao colo livrando-o dos perigos. Então que mal lhes afecta o coração, o cérebro, para se esquecerem de tudo e praticarem actos incompreensíveis? Ou será que têm razão aqueles que dizem que o amor maternal não é inato e que "parir é dor, criar é amor", pondo a tónica naqueles que sem qualquer ligação de sangue conseguem dar amor e protecção?
Amigos, hoje, dia dedicado à Mulher, não pude deixar de inserir aqui a minha preocupação perante este tão grande problema que nos tem assolado.
Um abraço.
Olinda,
ResponderEliminarHá algo, no mundo em que vivemos, que corrói, subtilmente, todo e qualquer vestígio de dignidade. E, quando estas coisas acontecem, já sabemos, os mais vulneráveis são os primeiros a sucumbir.
Haverá forma de dar volta a isto? Com certeza que sim, quero acreditar, mas o cerco é cada vez maior.
Abraço
O amor de mãe nem sempre é aquele que idealizamos. Há mães que não matam os filhos, mas são sarcásticas, manipuladoras, interesseiras, violentas... É a realidade! Essas crianças sofrem muito. Não sofrem apenas os maus tratos e violências (físicas e psicológicas). Sofrem porque pensam que a culpa é delas. "Se a minha mãe me trata assim, é porque eu mereço, a culpa é minha" - é assim que elas pensam. Principalmente, porque a sociedade lhes ensina que a mãe é sempre carinhosa e protetora. Por isso, eu sou um pouco contra livros e histórias que idealizam e endeusam a figura da mãe. Acho que se exagera. E as crianças que apenas recebem indiferença e sarcasmo de sua mãe, são obrigadas a ler isso nas escolas. E mais uma vez pensam que o defeito é delas.
ResponderEliminarE, sim, também há mãe que abusam sexualmente de filhos e filhas!
Desculpe este comentário tão cruel, mas não se podia tratar as mães de maneira mais natural? Porquê endeusá-las? Elas não são seres humanos, com qualidades e defeitos?
Se tiver pachorra para ler:
http://andancasmedievais.blogspot.de/2012/11/a-ditadura-das-maes.html
... e já é tanto
ResponderEliminarUma excelente abordagem do dia.
ResponderEliminarGostei,
Um abraço
Um tema pertinente, que poucas vezes aflora à discussão. Continuo a pensar que a maior parte das mães ama e tenta proteger os seus filhos. Mas também as há que não o fazem. Tenho conhecido cada caso... Porquê? Pobreza moral, mais do que pobreza material. Problemas mentais, desequilíbrios, também os há. A sociedade humana não é sempre aquela coisa romântica que nós idealizamos.
ResponderEliminarBjs
equilíbrio na assimetria
ResponderEliminarQuerida Olinda
ResponderEliminarInfelizmente há Mulheres e MULHERES e hoje quero deixar a minha homenagem a você que é uma GRANDE MULHER
Mulher... Um ser forte de aparência delicada
Exuberante por obra do grandioso criador
Amada por suas qualidades
Querida por sua capacidade criativa
Respeitada pela sua nobreza de caráter
Parabéns por seres esta GRANDE MULHER
Beijinhos no coração
Olinda, com uma escolha preciosa, homenageou as mulheres. Os versos são lindos e o amor merece ser cantado, eis que está em falta em muitos corações. As tragédias das quais tomamos conhecimento são incompreensíveis. E o pior é que os assassinatos ocorrem sempre por motivos fúteis.
ResponderEliminarCreio que já percebeu que meu blog Momentos Fragmentados está fechado. Não há opção no blogger para isso e quem tenta acessá-lo encontra aviso de que está aberto apenas para convidados, o que não é real. Só eu posso entrar lá. Estou avisando porque alguns amigos me questionaram. Criei um novo, o Respiro da Palavra, e mantenho o Olhares Silenciosos)
Grande beijo!
Duas parturientes estão no hospital. Um filho para cada uma, sem outra dificuldade para além da dor natural no parto. No berçário acontece um gesto descuidado e as crianças seguem destino diverso do que lhes era natural. As mães saem com filhos amados, mas trocados. Ache-se, agora, o fim à história: igual ou diferente se nada tivesse acontecido?
ResponderEliminarAfora isso, alguém diz que quando se nasce pode-se nascer de duas formas: de uma mãe ou de uma parideira.
abraço.
jorge
~~~
ResponderEliminarGrande abraço, querida amiga.
Beijinho.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~
"Ontem foi embora.Amanhã ainda não veio. Temos somente hoje, comecemos!!!Qualquer ato
ResponderEliminarde amor, por menor que seja, é um trabalho pela paz" (Madre Teresa de Calcutá)
Fico sempre feliz com sua doce presença lá no meu cantinho! Obrigada!
Um grande abraço querida, Marie.
Há mulher foi dada a capacidade de dar à luz, de ser a " parideira" mas isso não faz dela melhor do que os outros seres humanos. É uma bênção para a maioria delas serem o meio para que uma nova vida nasça, mas isso não daz delas deusas. O amor de uma mãe para com um filho não é maior nem menor do que aquele que o pai sente e, temos que acabar com essa ideia errada do tal amor incondicinal; infelizmente, men um nem o outro o é. Elvira, eu não conheci a minha avó materna; a minha mãe teve a ousadia de casar com o meu pai, contrariando a mãe que não gostava dele; enquanto o meu avô foi vivo a minha mãe frequentava a casa dos pais, porque ele não se zangou com a filha; ele faleceu tinha eu 15 dias e a partir dai deixamos de fazer parte da familia . Uma vez a minha mãe foi visitá-la, pois estava de cama e entramos no quarto ( o meu irmão tb) Ela estava de lado, virada para a parede e assim ficou até que viemos para casa. Essa é a única imagem que tenho da minha avó, o rosto conheço só por fotografia. Isto é amor de mãe? Neste caso o do pai sempre foi muito maior. E sabes há quantos anos os meus pais estão casados? Há 65.
ResponderEliminarAmiga, mãe é aquela que cria e não a que dá à luz e, no caso da minha mãe ela teve uma do sexo masculino; a outra foi só parideira,
Querida Olinda, espero que em todos os teus dias tenhas sempre algo para festejar, que tenhas muita saúde e que todos aqueles que te amam te saibam dar o devido valor pela grande mulher que és e te saibam respeitar pelo tanto que lhes dás. Pela parte que me toca, muito obrigada pelo belo poema. Um beijinho de grande amizade
Emilia
Difíceis são os tempos...ainda bem que o sublinhas.
ResponderEliminarBeijinho amiga Olinda.
Ainda não descobri o que se passa neste tempo, onde o Amor (qualquer Amor) seja de tão pouca valia e respeito. As excepções são, felizmente, em quantidade que nos dê alguma bênção e esperança.
ResponderEliminarOportuno, este Post e maravilhoso este Poema.
Obrigado pela escolha adequada e feliz.
Beijo
SOL
A natureza humana está cheia destes episódios macabros, mas valha-nos continuar a acreditar na Humanidade sabendo que não se trata de uma generalização...
ResponderEliminar:)
Olá, Olinda.
ResponderEliminarA mulher é, por natureza, mãe. Tal como com outra fêmea de qualquer outra espécie, o instinto de protecção está instalado no chip. Ninguém ensina a uma gata a maternidade, mas ela desempenha-a com garra. Nos seres humanos, para além do instinto, há toda a educação, a reforçar sua condição de protectora e educadora.
Mas é claro que, antes de ser mulher e mãe, é um ser humano - espécie que deixa muito a desejar no seu comportamento e atitudes, com provas ao longo da História.
E há quem nasça com o chip avariado, ou acaba por perdê-lo a meio do percurso.
Não é natural nem deve ser passível de compreensão, por mais justificações que se arranje, ver uma mãe, de forma gratuita ou baseada numa qualquer perturbação causal, maltratar, ferir, explorar, matar um ser gerado por ela. Não.
Da mesma forma que não é natural um filho agredir, matar sua mãe, ou seu pai.
E tantas outras situações macabras e horrorosas que se poderia acrescentar, também não são naturais mas acontecem.
Há uma boa parte dos seres humanos que são naturalmente loucos, mesmo que nos pareçam completamente saudáveis e equilibrados q.b.. É triste, mas é verdade.
Mais triste é quem tem o azar de estar ao lado ou atravessar o caminho desses.
De qualquer maneira, não deixemos de louvar as almas minimamente equilibradas que cá andam neste mundo e que, ainda são uma boa parcela da humanidade.
um bjn amg e tem um bom fim-de-semana
Venho deixar um beijinho de fim-de-semana.
ResponderEliminarQuerida amiga
ResponderEliminarNão sabia que tinhas voltado! Foi por ver um comentário teu num qualquer blog que fiquei a saber... A última vez que estive cá dizias que ias fazer uma pausa, e imaginei que seria mais prolongada. Felizmente não foi.
Muito linda a tua homenagem no Dia da Mãe.
Bom Domingo e luminoso início de Primavera.
Beijinhos
MARIAZITA / A CASA DA MARIQUINHAS
Criamos imagens idealizadas e depois vemos a crua realidade.
ResponderEliminarNão podemos julgar ninguém, mas actos existem que são chocantes, sim.
Mães que matam as suas crianças, pais que abandonam as suas crianças, pessoas velhas maltratadas , pessoas velhas maltratantes....tudo quanto compões a Humanidade é complexo.
Amiga minha, feliz Primavera
Meus amigos
ResponderEliminarÀ medida que os dias passam vamos tomando consciência da nossa condição humana, com momentos de grande altruísmo e outros em que as nossas fraquezas e defeitos nos colocam num grau demasiadamente negativo. Vemo-nos confrontados com situações terríveis que nos levam a duvidar, muitas vezes, de valores que nos inculcam desde a mais tenra idade.
Muito obrigada pelos vossos comentários, palavras sábias que vieram complementar o desabafo que inseri neste post, analisando o papel da Mulher como Mãe e também tendo em conta variadíssimos factores que poderão influenciar o seu discernimento. Realmente, há uma grande desatenção em relação à mulher deixando-a entregue às suas depressões. Lembremo-nos, por exemplo, da depressão pós-parto uma patologia perigosa a que não se dá, normalmente, a devida atenção. Além disso, como qualquer outra pessoa ela poderá sofrer de outras patologias de foro psicológico ou psiquiátrico levando-a a exacerbar a sua noção de protecção e amor sendo vítimas disso os próprios filhos, conforme situações amplamente noticiadas.
Penso que todos nós temos de estar atentos, no nosso círculo, não só a situações de doença mas também a desvios de comportamento ou àquilo a que se costuma chamar de "mau génio" o que poderá levar a maus-tratos, de modo a que as nossas crianças não sofram às mãos de quem as deveria proteger.
Daqui vai todo o meu apreço a todas as Mulheres que trazem dentro de si essa pérola imensa da maternidade, mães dedicadas, sublimes, magnânimas, tantas e tantas que eu conheço. Àquelas que em qualquer momento da vida se sintam menos bem, receosas, deprimidas, que desabafem com alguém amigo, procurem ajuda expondo os seus problemas.
Um grande abraço.
Olinda