Espaço privilegiado de contactos culturais, intensas relações comerciais e de confrontos políticos, desde a antiguidade, o mar mediterrâneo vira florescer e desaparecer diversas civilizações. Vários foram os povos que habitaram e habitam as suas margens.
A queda de Constantinopla, em 1453, que ditara o início da idade moderna para a Europa, também dera azo, por outro lado, ao encerramento do lado oriental desse mar à penetração europeia, pelos otomanos. (Oportunidade para os portugueses ousarem o Atlântico em busca do caminho marítimo para a Índia).
Muitas veredas foram percorridas a partir dessa altura. Com a gradual decadência do império otomano a Europa e os Estados Unidos ganharam influência sobre a região na sequência das duas grandes guerras, da guerra fria, da criação da Nato, sem contar com os conflitos israelo-árabes. Parece, assim, afirmar-se o nome que lhe foi dado pelo romanos, Mare Nostrum, e nem sempre pelos melhores motivos.
Hoje, mais do que nunca, impõe-se que recuperemos esse conceito ou arranjemos um novo, que o aperfeiçoemos e adoptemos medidas de ajuda aos refugiados que tentam alcançar terra firme, em fuga pela vida e que acabam por morrer afogados à vista daquilo que eles consideram o eldorado, perseguidos pela fome, pelos horrores da guerra e por tudo o que no dia a dia lhes faz a vida insuportável.
O que fazer? Um trabalho aturado no terreno, procurando prevenir o que é imprevisível, inverosímil, e que acaba por nos dar a sensação de que nos ultrapassa a todos?Alargar o estatuto de refugiado político, abrangendo todos os que procuram protecção nessas circunstâncias? Não há dúvida que o assunto terá de ser discutido por quem de direito, pelas instituições internacionais que têm poder de intervenção diplomática, de modo a minimizar o sofrimento desses povos martirizados.
E não esquecer que a Itália faz parte da União Europeia. Não é justo que esteja sozinha a braços com uma situação desta magnitude. É tempo desta entidade, a UE, assumir a sua responsabilidade neste contexto de tragédia humanitária. Mas, quem sabe se não accionou já as ferramentas necessárias nesse sentido. Esperemos que sim.
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ResponderEliminar~ ~ Simplesmente, contando com a sorte e caridade...
Sem saberem nadar, arriscam apenas o que possuem: a vida.
~ ~ Brilhante crónica que subscrevo, em absoluto. ~ ~
~~~~~~ Grande abraço, Olinda. ~~~~~~
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Tantos conceitos que precisam de ser redefinidos e reeditados...
ResponderEliminarMare Nostrum transformou-se numa horrenda vala comum onde jazem ( e vão jazer mais ainda) milhares de pessoas desesperadas e sem saída fugindo das guerras financiadas pelo mundo dito desenvolvido e que acabará por sofrer as consequências do flagelo que friamente lançou sobre o martirizado continente africano ( e não só).
ResponderEliminarUm abraço forte , dando parabéns pelo texto.
Lá no fundo o sistema não perdoa
ResponderEliminarC'est très intéressant !
ResponderEliminarMerci infiniment pour ces informations chère Olinda !
GROS BISOUS pour toi Olinda.
O valor das coisas não está no tempo que elas duram, mas na intensidade com que acontecem.
ResponderEliminarPor isso existem momentos inesquecíveis, coisas inexplicáveis e pessoas incomparáveis.(Fernando Sabino)
Fico pensando como a humanidade não evolui nessas situações...
Uma linda e abençoada semana!!!
Abraços Marie.
Enquanto o Mundo se encher de assimetrias gritantes não há Mare Nostrum que salve a humanidade.
ResponderEliminarTemos de repensar a coexistência entre países e as desigualdades.
Beijinhos
O Clube, denominado União Europeia, só olha pelo seu umbigo. Os demais Povos são estrangeiros com o sentido (prático) dos inícios do Século passado.
ResponderEliminarA sensibilidade do Clube, é aparente; só interessa resolver o que é incómodo.
A Itália está só, mais como polícia do que com qualquer projecto que seja especificado de AJUDA.
Os demais Países do Clube, assobiam para o lado porque não é nada com eles.
Lamenta-se!
Beijos
SOL
Infelizmente não vejo uma solução para este flagelo.
ResponderEliminarA UE funciona muito lentamente e burocraticamente...
Pobres seres humanos...a que ponto chegámos.
Bj.
Irene Alves
Não consigo entender o comportamento das nações diante desses fatos. Horroriza-me a falta de humanidade. Bjs.
ResponderEliminarExcelente texto, muito equilibrado e coerente, sem acusações gratuitas. Sim, algo terá de ser feito, mas não há dúvida de que é difícil «prevenir o que é imprevisível, inverosímil». Sim, a UE afoga-se em burocracia e certos egoísmos. Mas como controlar criminosos sem escrúpulos, que prometem este mundo e outro a gente mal informada e/ou desesperada, apenas para lhe sacar dinheiro, não se importando com o seu destino?
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