Oh as casas as casas as casas
Oh as casas as casas as casas
as casas nascem vivem e morrem
Enquanto vivas distinguem-se umas das outras
distinguem-se designadamente pelo cheiro
variam até de sala pra sala
As casas que eu fazia em pequeno
onde estarei eu hoje em pequeno?
Onde estarei aliás eu dos versos daqui a pouco?
Terei eu casa onde reter tudo isto
ou serei sempre somente esta instabilidade?
As casas essas parecem estáveis
mas são tão frágeis as pobres casas
Oh as casas as casas as casas
mudas testemunhas da vida
elas morrem não só ao ser demolidas
Elas morrem com a morte das pessoas
As casas de fora olham-nos pelas janelas
Não sabem nada de casas os construtores
os senhorios os procuradores
Os ricos vivem nos seus palácios
mas a casa dos pobres é todo o mundo
os pobres sim têm o conhecimento das casas
os pobres esses conhecem tudo
Eu amei as casas os recantos das casas
Visitei casas apalpei casas
Só as casas explicam que exista
uma palavra como intimidade
Sem casas não haveria ruas
as ruas onde passamos pelos outros
mas passamos principalmente por nós
Na casa nasci e hei-de morrer
na casa sofri convivi amei
na casa atravessei as estações
Respirei – ó vida simples problema de respiração
Oh as casas as casas as casas
Ruy Belo
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Da Casa Fernando Pessoa trouxe esta informação:
CICLO LEITURAS/CONTOS SEM CASAS NÃO HAVERIA RUAS*
LEITURAS E CONTOS ENTRE A CASA FERNANDO PESSOA, A
FUNDAÇÃO JOSÉ SARAMAGO E A BOCA
Todos os meses a editora BOCA sai para a rua e celebra a
palavra em casa amiga. À Fundação José Saramago leva contadores de histórias,
reinventores da melhor tradição oral e popular. Na Casa Fernando Pessoa
desfruta em voz alta dos vários géneros da literatura consagrada e por
consagrar. Fica o encontro marcado: um sábado na Casa Fernando Pessoa, na
Fundação Saramago uma sexta-feira do mês seguinte e por aí adiante
alternadamente.
(*Oh as casas, as casas, as casas, de Ruy Belo)
E, claro, fui em busca do poema de Ruy Belo. Encontrei-o aqui, no site do Instituto Camões.
Depois da folia carnavalesca, centremo-nos na grande verdade da nossa fragilidade, no facto indesmentível de que somos pó. Apenas a nossa espiritualidade poderá colocar-nos acima da nossa condição.
A imagem - foto minha, uma vista da linha do Elevador da Bica - Lisboa.
(^‿^)✿
ResponderEliminarMERCI chère Olinda pour ce partage.
La photo de la rue est très belle !
GROS BISOUS d'Asie
et bonne journée !!!!
Bom Dia, cada casa guarda em si uma ou varias historias não reveladas, podem ser belas ou horríveis, sem casa não existiriam ruas nem a existência do colorido que as mesma nos oferecem.
ResponderEliminarRua da Bica, excelentemente fotografa da esquerda para a direita.
AG
Bom dia Olinda
ResponderEliminarQue poema magnífico!
Casas guardam sentimentos, vivências, amores, dores.
Cada casa com sua particularidade traz gravada dentro de histórias de muitas vidas
Soberbo e majestoso
Tenha um dia lindo e abençoado
Beijos
Magnífico, enternecedor, real... este Poema de Ruy Belo.
ResponderEliminarAs casas somos nós.
Beijo
SOL
A fotografia é muito boa. O texto magnífico. Muito adequado para o dia de hoje, quarta-feira de cinzas. Faz refletir.
ResponderEliminarEu adoro casas. Todas, mas especialmente aquelas que já se esmigalham, que são quase pó... Gosto de olhar para elas e pensar quem andou por ali, quem foi feliz lá dentro, que histórias de amor ou ódio as suas paredes viram um dia... Enfim, os mistérios das casas.
Nunca tinha pensado que sem casas não havia ruas! Mas é claro! Então ainda bem que há casas. Porque eu não poderia viver sem casas ou sem ruas. A minha casa, que faz um pedaçinho da minha rua, é o meu "céu" na terra, o meu pequeno mundo...
Adorei este post. Parabéns. Gosto muito de vir aqui.
Beijinhos
Isabel Gomes
As casas onde tudo acontece. Beijo Lisette.
ResponderEliminarAs casas são aquilo que as pessoas que nela habitam fazem. Ou quem sabe elas têm viva própria, e nós só somos uma partícula dessa vida.
ResponderEliminarUm abraço
Adorei este poema de Ruy Belo Já tive varias casas, como sabes duas no Brasil onde vivi. Todas elas marcaram épocas diferentes da minha vida, cada uma delas guarda dentro delas a vida das pessaos que nelas viveram Nunca tinha pensado que elas nascem, crescem e morrem assim como eu. Dessas que fizeram e fazem parte da minha história, uma única morreu, talvez a mais importante de todas; a casa onde nasci ainda está lá na aldeia que me viu crescer. Apesar de ainda estarem nesta dimensão as pessoas que deram vida a esta casa,considero que ela morreu; não há pessoas dentro dela, não há cheiros, risadas e nem choro; há ruas mas nninguém na janela para apreciar o movimento No Brasil elas continuam vivas, diferentes por fora e por dentro; outras histórias se estão escrevendo e é com grande alegria que estão felizes as casas onde fui muito feliz. Obrigada, Olinda, pelo grande momento.. nem imaginas como foi bom para mim fazer esta reflexão sobre a vida das minhas casas. Agora resta-me está que a cada dia se torna diferente;está muito mais vazia, mais sossegada, exactamente como os dois seres que com ela vivem. ! Mas continua viva e com lndas histórias para contar. Um beijinho, querida amiga e desejo-te tudo de bom. ADOREI!
ResponderEliminarEmilia
Olinda , querida amiga, só Ruy Belo para conseguir , numa quase naiveté", dar a verdadeira dimensão de uma Casa na nossa vida, com a profundidade desta poesia arrasadora. Tanto está e tanto esconde uma casa! Tanto se limpa o pó "à casa " para ficar com mais pó ainda . E nunca é tanto , sendo tanto...
ResponderEliminarBeijinhos
Adorei este poema, não conhecia mas basta dizer que é de Ruy Belo.
ResponderEliminarObrigada por partilhar
Beijinhos
~ Profunda dissertação poética, sobre essas grandes companheiras de uma vida, as casas.
ResponderEliminar~ Uma abordagem sensível, completa e interessante.
~ ~ ~ Abraço amigo. ~ ~ ~
.
Muito bem! Concordo quando vejo casas abandonadas há muito: as casas mantêm-se erguidas, mas morreram.
ResponderEliminarBeijinhos e um bom dia cheio de sol!
Querida amiga
ResponderEliminarAlém de recolher a inspiração
deste maravilhoso espaço
de sentimentos e amizade,
aproveito a visita para convidá-la
a partilhar a alegria,
de ouvir um poema de minha autoria
musicado em Minas Gerais.
O mesmo se encontra no meu blog
www.sonhosdeumprofessor.blogspot.com.br
e para mim,
ter este poema
escutado por pessoas
que fazem do mundo virtual,
um mundo melhor,
será um tributo a felicidade.
As casas são um mundo vivo...
ResponderEliminarNunca te aconteceu amiga (o)Linda
Entrares numa casa de alguém
E sentires calafrio
E sentires que vive ninguém?...
Assim como entrares noutra além
Na mesma rua
E sentires aquele calorzinho
Aconchegante que faz lembrar a tua?
Existe casa cheia, tão nua
E casa mesmo vazia com cheiro a perfume
Quentinha, como da lareira o lume...
Pois assim é, como eu sinto...
O nosso mundo material
Tem no nosso lar, um espacinho
Que faz a casa ter vida e carinho...
Ai a casa na rua qu` eu moro
Tem tanta estória no tempo...
Tanta...respiro-as
E com gosto, no espaço as decoro
E faço da sua vida, um coro! :)
Beijos minha amiga querida