Já não é preciso de rir.
Os dedos longos do medo
largaram minha fronte.
E as vagas do sofrimento me arrastaram
para o centro remoinho da grande força,
que agora flui, feroz, dentro e fora de mim...
Já não tenho medo de escalar os cimos
onde o ar limpo e fino pesa para fora,
e nem de deixar escorrer a força dos meus músculos,
e deitar-me na lama, o pensamento opiado...
Deixo que o inevitável dance, ao meu redor,
a dança das espadas de todos os momentos.
E deveria rir, se me restasse o riso,
das tormentas que pouparam as furnas da minha alma,
dos desastres que erraram o alvo de meu corpo...
João Guimarães Rosa
João Guimarães Rosa: Foi um escritor mineiro nascido na cidade de Cordisburgo em 27 de junho de 1908. Morreu aos 59 anos em 1967. Além de escritor também foi médico e diplomata. Seus contos e romances tem como tema e atmosfera central o sertão brasileiro, os acontecimentos e peripécias de seus personagens neste ambiente. O autor é conhecido especialmente pela inovação da linguagem, criando palavras novas através de palavras já existentes, transformando a linguagem popular em linguagem poética e reveladora. Sua grande obra é Grande Sertão Veredas. Escreveu também outras obras importantes, como Sagarana, Primeiras Estórias, Corpo de baile.
Nota: Com este autor, inicio o meu Ano do Brasil em Portugal.
Poema e dados biográficos: aqui e aqui
Sem me querer repetir, diria deste Senhor o mesmo que já disse, aqui, sobre Pessoa: conheço-o (bem) melhor afora da Lira.
ResponderEliminar(se é que o reforço 'bem' tenha validade factual...)
Escolho, para lembrar, 'A gente cresce sem saber para onde' e o conto 'Caçador de Camurças' que está, ali, na prateleira de cima...
abraço.
Eis um escritor que muito aprecio.
ResponderEliminarUm abraço.
Oi Olinda, passando para desejar uma boa tarde.
ResponderEliminarBela iniciativa a tua de nos presentear com este poema do Guimarães Rosa.
É de suma importância esta troca de cultura, onde podemos interagir e conhecer os mestres da lusofônia.
E se hoje temos essa veia poetica, sem dúvida nemhuma a herdamos de Portugal, berço dos Grandes.
Um abraço fraterno e um beijo.
Tive uma ausência forçada,,,,mas espero
ResponderEliminarem breve. estar tudo normal
Beijo
Querida Olinda:
ResponderEliminarIniciou muito bem.
Grande poeta, grande poema.
Beijinho
Maria
Belo poema...Espectacular....
ResponderEliminarCumprimentos
Grato pela partilha
ResponderEliminarGrato pela partilha
ResponderEliminarMinha querida
ResponderEliminarUma boa escolha este poema e este poeta.
Um beijinho com carinho
Sonhadora
Lindo poema querida amiga uma excelente escolha.
ResponderEliminarUm lindo final de semana beijos,Evanir.
Que coincidência, Olinda, Tenho um post preparado deste autor e aqui ele nos mostra um poema que encaixa bem com a nossa sociedade actual; temos que deixar que o inevitável aconteça ao nosso redor e continuar o nosso caminho sem medo; mais do que nunca é preciso coragem para seguirmos em frente com um sorriso nos lábios; sabemos que o optimismo é bom, que o sorriso alivia a nossa alma das aflições, mas onde estão os motivos para o optimismo, para o sorriso? Há que ter força para os encontrar. Um beijinho e parabéns pela escolha.
ResponderEliminarEmília
Olinda, estou aqui conhecendo Xaile de Seda...
ResponderEliminarGuimarães Rosa foi um grande escritor, gosto dos seus livros e também gostei de ler agora Consciência Cósmica!
Um Grande Abraço...
Admirável Guimarães Rosa! Leio e releio muito de sua obra, especialmente, Grande Sertão,Veredas.
ResponderEliminarUma amostrinha, de "palavra criada":
"Estou só
O gato está só.
As árvores estão sós.
Mas não o só da solidão:
O só da solistência"
Agora um AVISO importante:
Acabei de o posta o "DESAFIO", sem faltar a minha dedicatória a você.
Veja lá, na Cadeirinha de Arruar...
Um beijo, bem carinhoso
da Lúcia
Gostei de ler, mas o escritor brasileiro que melhor conheço é Jorge Amado (li, penso, toda a sua obra) e li também alguns livros de Erico Veríssimo.
ResponderEliminarGuimarães Rosa só conheço de nome.
Ah , li um livro que me agradou e tocou muito, mas não recordo o nome do autor, "O Meu Pé de Laranja _Lima"
Bons sonhos, querida amiga
E foi uma excelente escolha, Olinda, o universo roseano é muito amplo, Rosa trouxe uma renovação na linguagem e na estética da poesia brasileira, que influencia também grandes músicos daqui.
ResponderEliminarDá uma lidinha aqui e vais se apropriar ainda mais desse universo:
http://www.jorgefernandosantos.com.br/blog/?p=74
Um beijão e ótimo final de semana!
;)