Quem foi que, em minha ausência, regou flores
E me foi bom limpando a casa amiga?
Quem arrumou meus livros - os melhores
Postos no centro - em minha estante antiga?
Quem pôs em seu lugar essas cadeiras
Que desde muito o procuravam quedas,
E, com boas e anónimas maneiras,
Acomodou cortinas como sedas?
Foi qualquer fada, que me amou outrora
Antes que o tempo e o espaço fossem Deus?
Não sei, mas tenho a minha casa agora
Limpa e fechada contra a terra e os céus.
Fernando Pessoa
17-8-1934
In: Poesia do Eu
Em tempo: foto, manhã de Maio ou Junho/2012, cerca das 10h, na estrada entre Lisboa e Fátima.
No livro, 'amou', na 3ª quadra, aparece com um asterisco remetendo para este averbamento: Var.: amasse.
Este poema pertence a um conjunto intitulado:Superiores Incógnitos, pg. 293
Pessoa é sempre necessário para nos salvar de uma loucura qualquer!
ResponderEliminarBeijo, Olinda!
EliminarMuito interessante o que tu dizes, Canto da Boca. Parece, realmente, que Pessoa tentou exorcizar todas as loucuras possíveis, tornando-nos a nós imunes.Tudo é dito, tudo está previsto. Depois dele, com ele, sempre...
Beijinhos
Olinda
Querida Olinda:
ResponderEliminarQue maravilhoso poema! Pessoa é Pessoa. Cheio de sentimentos simples, vulgares, que ele transforma em arte.
Beijinho grande
Maria
EliminarQuerida Maria
Tudo numa simplicidade espantosa. Revemo-nos em cada palavra sua. Nele cuidamos ver-nos em qualquer situação que a vida nos apresente.
Que leitura fazer destas palavras, nos dias que correm?
A Reunião foi marcada
Para a véspera de nada.
Todos traziam segredos;
Os de alguns eram só medos,
Os de outros a vida errada
Ou a esperança perdida
A que chamamos vida.
(...)
in: Poesia do eu
Beijinhos
Olinda
Hoje, não há Pessoas como antes.
ResponderEliminarNem fadas tão interessantes...
a culpa é de um grupo de ignorantes
que se julgam importantes...
Ocupam o nosso espaço
neste tempo em que o cansaço
não dá espaço ao abraço
pois o Deus é um fidalgaço...
Assim seja o nosso eu
quer na terra quer no céu
derrotando quem esqueceu
o que um dia prometeu.
Fiquemos então fechados
de falsos deuses isolados
mas sejamos uns soldados
por dias afortunados...
Olá, Mariavaicomasoutras
EliminarExcelente poema,apontando arestas e, ao mesmo tempo, com uma prece implícita.
Que o abraço tenha agora e sempre o seu lugar, em nossas casas, no trabalho, na rua, em todo o lado. Isso e um clamor de boa vontade a coroar os nossos esforços no sentido de encontrarmos pontos de convergência na resolução dos nossos problemas.
Que dias afortunados povoem o nosso futuro, não muito distante de preferência...
Beijo
Olinda
Que bonita poesia, Olinda...Adorei.
ResponderEliminarDesejo que se encontre bem.
Beijinho
Irene Alves
EliminarOlá, Irene
Em Fernando Pessoa encontramos sempre poemas novos e diferentes. Segundo li algures, há ainda material para ser estudado que levará uns 50 anos, o que quer dizer que os especialistas ainda têm muito trabalho pela frente. Um portento!
Também lhe desejo saúde e muita alegria.
Bjs
Olinda
Não é atoa que se trata de um, ou do melhor poeta da nossa língua.
ResponderEliminarPara muitos é incompreensível e para outros trate-se desse jeito que você tratou. Dando uma bela lição em tempo.
Abraço
EliminarSim, Lu Cidreira, a nossa língua está muito bem representada por tantos e tão bons poetas e prosadores. Fernando Pessoa tem esta particularidade de se apresentar com facetas tais que nos parecem várias personagens em representação no grande palco da vida. Talvez por isso a sensação de que o que ele escreve poderia ter acontecido a qualquer um de nós.
Abraço
Olinda
Um excelente poema do nosso poeta maior (para mim pelo menos).
ResponderEliminarUm abraço
EliminarOlá, Elvira
Também eu tenho esta tendência, isto é, a de pensar nele com este cariz universalista, pelo menos no que diz respeito à sua multiplicação na expressividade e na vivência interior.
Bjs
Olinda
Querida Olinda
ResponderEliminarFoi muito bem vê-la! Gosto da sua amizade.
Pessoa, para mim, é muito difícil de comentar. É que tudo o que se possa dizer... ele já disse. E fá-lo duma maneira tão sublime que nos deixa mudos. Por isso ele é, simplesmente, Pessoa!
Um grande beijinho, e um bom fim de semana - que já vem a caminho
Minha querida amiga
EliminarE que melhor homenagem para ele e sua obra do que estas tuas palavras, Mariazita. Realmente, ele é, simplesmente, Pessoa!
Desejo-te saúde e muito sucesso na escrita do teu livro.
Beijinhos.
Olinda
Pessoa.....sempre belo....
ResponderEliminarNão conhecia este..
Beijo
EliminarÉ verdade Andradarte, uma incessante descoberta. É o que eu também sinto.
Abraço
Olinda
Gosto de todos os Pessoas
ResponderEliminar
EliminarOlá, Mar Arável
E como não gostar, não é? Cada um deles com a sua personalidade, com a sua vida organizada, com a sua forma de escrever e de ver o mundo. Confesso que tenho um fraquinho pelo menino-poeta que ele era em Alexander Search.
Abraço
Olinda
Que bonito e sentido!!!
ResponderEliminarBeijinhos, um bom dia!
Madalena
EliminarOlá, Madalena
Palavras que nos atingem na nossa sensibilidade e que no fim deixam esta mensagem intrigante:
'
(...)tenho a minha casa agora
Limpa e fechada contra a terra e os céus.'
Bjs
Olinda
Sem Fernando Pessoa, não haveria esta questão, abordada com tanta ternura e admiração a "Quem foi que..."
ResponderEliminarA delicadeza que ele pôs nos pormenores, é, deliciosamente, admirável.
Beijos
SOL
EliminarOlá, Sol
Um comentário doce e sensível tal como o perfumado soneto do seu último post (o último que eu comentei).
Abraço.
Olinda
Olinda Melo, este poema acaba de evocar em mim uma paz,um alento e um consolo para a alma.
ResponderEliminarGrande Pessoa, que vem dignificar os falantes da lusofonia. Lusofonia que traduzo para Sinfonia. No momento estou a ouvir de Michael Flatley's, Lord Of The Dance. Pareceu a mim com o poema.
Como este poema onde a fada deu o tom para a alma do poeta Pessoa.
Portanto deixo aqui minha homenagem a este espaço que ficou mais bonito aos olhos.
NO OUTONO
Junto ao Outono é que floresce a vida
Vicejam nas folhas, os almos encantos
Os doces eflúvios, singelos quebrantos
Na languidez de uma flora adormecida
De tal forma os dias ermos solitários
Cingem de encanto sagrado da essência
Cobrem de âmbar e cândida existência
Na transfiguração dos campos vários
Em tons de sépia e fúlgida imagem
Reveste-se o chão de singela paisagem
De cores amenas e mórbidos letargos...
Eis que surge o arrebol, luzindo na hera
Com imagens de uma estranha quimera
Em um sonho de amor e doces afagos...
Um abraço.
Beijos.
EliminarCaro Ântônio
Belas palavras a enquadrar este seu poema todo feito de fragrâncias da natureza. Gostei muito desse olhar sobre o Outono, um tempo de folhas caídas, entre vários tons de amarelo, de verde e de castanho, mas que também sabem embelezar os dias que começam a ser mais curtos. Nem por isso deixam de ter a medida certa para o amor e os afagos.
Abraço.
Olinda
Confesso, pessoalmente, que não é pela poesia que ele me tange os sentidos. Mas, claro, jamais desdenharia lê-las sempre que haja vez. Creio até, que ele concordaria com tamanho despautério...
ResponderEliminarabraço.
Caro Jorge
EliminarEste seu comentário trouxe-me uma boa dose daquele mistério que envolve Fernando Pessoa. Um homem que é um enigma para alguns e que outros acham que, nem quando ele veste a roupagem de ortónimo, ele está a sê-lo na realidade. Por isso, não me admiraria nada que ele concordasse com o tal 'despautério' de que fala...
:)
Abraço
Olinda
Fico feliz em perceber que certas pessoas,
ResponderEliminarcomo nós, têm a capacidade de reconstruir para recomeçar.
Isso é sinal de garra e de luta, é saber viver, é tirar o
melhor de todos os passageiros.
Agradeço a Deus por você fazer parte da minha viagem,
e por mais que nossos assentos não estejam lado a lado,
com certeza,o vagão é o mesmo.
Com saudades desejo um feliz Domingo,
beijos na sua alma carinhosamente,Evanir.
A Viagem..
EliminarQuerida Evanir
Belas palavras as suas. Companheiros desta viagem, com o objectivo de recomeçar todos os dias.
Muito obrigada, minha amiga.
Beijos
Olinda
Gosto do blog estou a seguir!
ResponderEliminar
EliminarMuito Obrigada, Marta.
:)
Bj
Olinda
Querida amiga
ResponderEliminarTens um desafio/miminho no Farol que gostaría que aceitasses.
Beijinhos
EliminarMuito obrigada, querida Tétis, por te lembrares de mim.
Beijinhos
Olinda
Belíssimas linhas de um génio!!!
ResponderEliminarBeijinhos, boa semana!
EliminarOlá, Gata
Muito obrigada pela sua visita e comentário.
Uma boa semana também para si.
Beijos
Olinda
De vez em quando precisamos de arrumar a nossa casa; precisamos de parar....de meditar e colocar em ordem os nossos pensamentos...as nossas ideias...as nossas emoções. Nem sempre conseguimos fazê-lo sozinhas, mas há que procurar quem nos ajude e assim arrumar tudo bem direitinho nas prateleiras da nossa alam. Lindo, Olinda! Espero que tenhas uma bela semana. Fica bem, amiga! Beijinhos
ResponderEliminarEmília
EliminarQuerida Emíllia
Uma bela interpretação deste poema numa perspectiva de entreajuda, indispensável neste nosso caminhar por este mundo. Na verdade, podermos contar uns com os outros é um consolo nos momentos de maiores apuros e em que necessitamos arrumar a nossa casa, pôr em ordem os nossos pensamentos.
Emília, também te desejo uma excelente semana.
Beijinhos
Olinda
Belo poema...Bela fotografia...Excelente post....
ResponderEliminarCumprimentos
EliminarOlá, Fernando
Muito obrigada pela visita e comentário.
Abraço
Olinda
Bom dia Olinda!
ResponderEliminarQue lindo esse post e esse poema de Pessoa.
Parabéns!
Beijo e uma ótima semana.
ResponderEliminarQuerida Mara
Fico muito feliz com a tua visita.
Uma excelente semana também para ti.
Beijinhos
Olinda
...e também por aqui passei...
ResponderEliminare nem sei o que direi...
Pessoa não se comenta...
mas a sua poesia tanto que me tenta!!!!:)
Este poema não conhecia...
que belo...que mestria!!!!:)
Um obrigada e um beijito de carinho enfeitadito :)
EliminarMinha querida Bailarina
Tens razão, Pessoa não se comenta, mas sempre vamos arranjando alguma coisa para dizer dele e da sua obra.É uma tentação!!! E o resultado é que os seus poemas causam-nos espanto, invariavelmente.
Muitos beijinhos, com votos de saúde e alegria. :)
Olinda