domingo, 3 de abril de 2011

VENHO DE LONGE


Folheando a antologia de poetas africanos No Reino de Caliban, de Manuel Ferreira, em busca de Ovídio Martins apareceu-me logo um dos seus poemas mais envolventes, Nós somos os Flagelados do Vento Leste que fala das terríveis estiagens nas ilhas de Cabo Verde, inspirado no livro de Manuel Lopes, Os Flagelados do Vento Leste. 
Pelo caminho encontrei Pedro Corsino Azevedo. Deixo aqui este poema de que, também, gostei muito: 


Abandono

A catástrofe das vidas que tive e que perdi
Mói-me lentamente a vida que eu tenho.
Venho
De longe, a buscar aquilo que esqueci.

E canto
E choro
E gemo
E tremo

Diante de mil vidas
Que novamente hei-de ganhar.
Olalá! Olalá!
Mil vidas perdidas
Conseguidas
À força de querer!...
(Nem canto
Nem pranto.)

Nem gemo
Nem tremo...
E vou deixar-me embalar...

Pedro Corsino Azevedo
      1905-1942
Poeta cabo-verdiano
In: No Reino de Caliban







18 comentários:

  1. E eu tbm adorei...


    Um beijo e o meu deserto


    DESERTO

    Vou caminhando pelo deserto
    Ando e ando e é só areia...
    Areia, areia e nada mais...
    Estou cansada...
    Os meu lábios estão secos...
    Muito secos...
    E eu no meio do deserto...
    Só te queria ter...
    Para beijares os meus lábios...
    E me tirar a sede...
    E espero-te para acalmar...
    A minha ânsia....
    A minha sede...
    E o meu desejo...
    Desejo louco de te ter...
    De te poder tocar...
    E finalmente ser feliz...

    LILI LARANJO

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  2. Muito belo... o eterno balancear entre a vida, o vento e o sentimento, que constituem o perpétuo.
    Um dia, também escrevi algo na mesma linha de pensamento... xacáver...
    «Alternâncias»
    Deixo ficar pedaços de mim
    Espalhados pelo tempo
    Memórias âmbar e marfim
    De um passado que antecipo

    Guardo o perfumado jasmim
    Com que aromatizaste o meu campo
    Guardo o cenário em cetim
    Onde me fizeste deus do Olimpo

    Subo montanhas, penedias agrestes
    Sento-me, admirando o mundo
    Recordando os beijos que me deste
    Calando esta dor lá bem no fundo

    E fico, não me solto das memórias
    Vagueio por entre sons e imágens
    Rio das lembranças, das histórias
    Adormeço, escutando o vento entre as ramagens

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  3. Amiga Olinda!
    Vim lhe ler e deparei com este lindo poema! Parabéns pela linda e sentida forma que o faz sentir em mim!

    Siga-me em meu novo blogue:

    http://transpondo-barreiras.blogspot.com

    Um beijo e bom inicio de semana.

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  4. Eu não tenho jeito para a poesia...mas sei que
    gostei do conteúdo desse poema...
    Beijo

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  5. Amiga vim deixar para a semana... Poesia e um beijo



    a Crise
    Está retratada no meu poema apenas numa vertente a família
    Mas há muito mais e todos sabemos.
    Eu tenho uma família unida e com valores mas...
    para onde caminhamos???

    É muito preocupante esta sociedade
    que nos cerca..


    A crise

    O mundo caminha
    Por ondas e ciclos...
    O mundo caminha
    Para a queda...

    Porque a família
    Não está...
    Porque a família
    Perde a força...

    E a sociedade humana
    Por diversos factores
    Tem muita gente imatura...

    Sem união familiar...
    Sem amor...
    Sem gosto pela vida...

    A crise rapidamente...
    Fica instalada!...

    LILI LARANJO

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  6. Olá, Lili

    Muito obrigada pela sua visita e pela partilha.Adorei o seu 'Deserto':a ânsia da felicidade que todos nós almejamos...Também apreciei imenso o seu poema 'A crise' e concordo que a situação presente é mesmo preocupante.

    Beijinhos e uma boa semana.

    Olinda

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  7. Olá, José

    Obrigada pelo seu convite.Penso visitá-lo e seguir o seu blogue.

    Abraço
    Olinda

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  8. Olá, Bartolomeu

    Poema lindíssimo e muito obrigada por deixá-lo aqui.

    Abraço
    Olinda

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  9. Olá, Andrarte

    Os seus trabalhos são pura poesia.

    Abraço

    Olinda

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  10. Olinda querida!
    Boa noite...não conhecia e gostei muito.
    Beijos,
    Mara

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  11. Realmente lindo o poema escolhido!

    Bjos

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  12. Querida Olinda:
    Pedro Corsino Azevedo. Um nome a reter. Confesso que não conhecia nada deste autor, e constato que é uma lacuna grave.
    Um abraço grande.

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  13. E deixaste muito bem! Belo.
    Abraço

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  14. Minha amiga, confesso que gostei do estilo que soa-me como um som de um sino badalando em meu coração.
    Um abraço.

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  15. Amiga excelente escolha, um poema lindo.
    Bom fim de semana
    beijinhos
    Maria

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  16. Não conhecia o autor e vou ler mais sobre a sua obra.
    Todos gostaríamos de ter mil vidas embora uma,já seja tão dificil de a levar até ao fim...Mas seremos sempre uns eternos sonhadores e...ainda bem!
    Beijo e boa semana.
    Graça

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  17. Olinda,vim agradecer a sua visita e seguir o blog traga pra ca o selinho de seguidora que ofereço com muito carinho....obrigada pelo comentário...Bom inicio de semana,beijos de luz...

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  18. Olá, meus queridos

    Fa menor
    Isabel
    Álvaro
    Antônio
    Maria
    Graça
    Selma

    Muito grata pela vossa visita e comentários.

    Voltem sempre.Será um prazer.

    Beijos

    Olinda

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