Convite da amiga Rosélia Bezerra para
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
"XVI Interação Fraterna do Natal"
terça-feira, 9 de dezembro de 2025
Falavam-me de amor
de um sentimento com nozes e com pinhas,
menino eras de lenha e crepitavas
porque do fogo o nome antigo tinhas
e em sua eternidade colocavas
o que a infância pedia às andorinhas.
Depois nas folhas secas te envolvias
de trezentos e muitos lerdos dias
e eras um sol na sombra flagelado.
O fel que por nós bebes te liberta
e no manso natal que te conserta
só tu ficaste a ti acostumado.
Natália Correia,
quarta-feira, 3 de dezembro de 2025
Tertúlia de Amor (5)
Tertúlia de Amor
a decorrer até Dezembro
(Um post por mês)
BLOG: AMORAZUL
segunda-feira, 1 de dezembro de 2025
"Sabugal - o maior presépio natural do País"
Sabugal é uma cidade localizada no distrito da Guarda, na região da Beira Interior, em Portugal. Faz fronteira com a Espanha e está situada a cerca de 2 horas de carro da cidade do Porto.
É para lá que vamos, meus amigos. Virtualmente, quem lá não mora. Porque é lá que existe o maior Presépio natural de Portugal que neste ano adopta o seguinte slogan: O Maior Presépio Natural… Da Tradição ao Renascer das Florestas!
Os funcionários do Município e a artista plástica Beatriz Rodrigues idealizaram e concretizaram este Presépio que se alonga por 1500 m2 pela cidade de Sabugal, entrelaçando tradição e a vontade de trazer para o presente o renascimento das florestas, o mesmo é dizer, a defesa dos espaços verdes e da natureza.
A inauguração do Presépio está marcada para o próximo dia 6 de Dezembro e fica entre nós até ao dia 6 de Janeiro, Dia de Reis. Inclui uma programação que vai desde pista de gelo, mercadinho de Natal, comboio turístico que percorre o Centro Histórico de Sabugal e mais actividades.
sexta-feira, 28 de novembro de 2025
Terramoto de 1755 - 270 anos (2)
Ainda não acabei de ler o livro. Vou na página 91 das 136 que o compõem. Sempre tive curiosidade em saber mais pormenores sobre esse sismo, ocorrido a 1 de Novembro de 1755. E este autor deu-me essa oportunidade. O livro traz muitos termos técnicos que ficam para quem resolver a lê-lo. Da minha parte aqui vão mais uns apontamentos no que diz respeito ao sofrimento das pessoas, aumentado pelos incêndios que foram a principal causa dos danos materiais, já para não falar dos milhares de volumes perdidos nessa tragédia. A reconstrução de Lisboa, já com o espírito iluminista em evidência, foi de pronto levada a efeito.
Alguns lisboetas estavam em casa, outras nas igrejas, onde se festejava o Dia de todos os Santos. O caos torna difícil o retrato preciso dos fenómenos. Nos palácios, casas e igrejas, desabam paredes. As abóbadas cedem na simetria geométrica e abatem-se sobre as pessoas. O estrondo das derrocadas e dos gritos torna ainda mais difícil a precisão das observações. Os gritos, gemidos e lamentos constam de todos os relatos. O choro e o alarido das crianças causam ainda mais perturbação entre as testemunhas. (...)
A magnitude do colossal sismo acaba de provocar um efeito tremendo no fundo do oceano. A massa de água sobe numa gigantesca escala, cerca de 20 metros, provocando um tsunami transoceânico. A escala da deslocação de água na fonte do do sismo é praticamente inimaginável, um valor estimado em mil biliões de litros. As ondas propagam a energia, a caminho da costa de Portugal, Sul de Espanha e Marrocos. pg 53
Na verdade, o incêndio foi a principal causa dos danos materiais mais profundos e massivos. pg 59
Os historiadores nunca falham em referir a perda de 53 palácios, 60 capelas e 46 conventos. No entanto, nestas salas e corredores habitaram adolescentes angustiados por uma palavra severa do seu primeiro amor, criadas e lavadeiras extenuadas de trabalho alimentando sonhos de vida autónoma, mães inconsoláveis agarradas à almofada onde os filhos deixaram o último suspiro...p.67
Os 55 mil volumes do Conde de Ericeira, as livrarias de vários duques eruditos (tanto o Duque de Lafões como o Marquês de Valença eram cultíssimos leitores de obras clássicas), além das riquíssimas bibliotecas de numerosos conventos.
Recordar 1755 - André Canhoto Costa
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Na capa traz esta informação:
Nos 270 anos do Grande Terramoto de Lisboa
QUAKE - Museu do Terramoto de Lisboa
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Tenham um bom fim de semana, amigos.
Abraços
Olinda
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Terramoto de 1755 - 270 anos (1)
imagem - Net
terça-feira, 25 de novembro de 2025
UM AMOR
ainda apanhámos o crepúsculo.
As luzes acendiam-se nos autocarros; um ar
diferente inundava a cidade. Sentei-me
nos degraus do cais, em silêncio.
Lembro-me do som dos teus passos,
uma respiração apressada, ou um princípio de lágrimas,
e a tua figura luminosa atravessando a praça
até desaparecer. Ainda ali fiquei algum tempo, isto é,
o tempo suficiente para me aperceber de que, sem estares ali,
continuavas ao meu lado. E ainda hoje me acompanha
essa doente sensação que
me deixaste como amada
recordação.
Nuno Júdice,
terça-feira, 18 de novembro de 2025
Junto à água
os ladrões da estrada, as hospedarias,
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Terramoto de 1755 - 270 anos
Em 1755, Lisboa seria a quarta maior cidade da Europa e a sua escala era acompanhada por uma ostentação ímpar. Os viajantes costumavam elencar o cortejo das raridades: a Igreja Patriarcal, com a sua legião de músicos e cantores, as joias da Igreja de S. Roque, o faiscar dos diamantes encrustados em toalhas, cortinas e paramentos, as alfaias forjadas em metais preciosos. No Paço da Ribeira - habitação do rei - havia tapeçarias da Flandres, tetos pintados por mestres italianos, porcelanas chinesas e uma biblioteca vastíssima. (...)
As famílias enriquecidas pelo comércio imperial compravam artigos de luxo às melhores lojas da Europa, relógios e baixelas de prata, bordados e porcelanas, não esquecendo a roupa das mulheres ricas, vestidas à francesa, com os seus caríssimos xailes e luvas de tecido oriental.
Era sobretudo o ouro do Brasil, chegado a Lisboa, o que permitia comprar os distintos casacos, as meias de seda e as cabeleiras de fabrico francês, os ricos móveis do Oriente, e o que permitia alimentar festas e sumptuosos fogos-de-artifício, para além dos monumentos majestosos, como a famosa e gigantesca Ópera, onde havia camarotes luxuosos e até uma porta para introduzir cavalos no palco. (...)
André Canhoto Costa, Recordar 1755, pgs 40,41
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Faltavam apenas dois meses para o ano seguinte. Mas, como diz o ditado, o homem põe e Deus dispõe. O terramoto viria abalar irremediavelmente o status quo em vigor. Acontecera o impensável, o que abalaria a Europa nos seus fundamentos societais e, inclusivamente, no aspecto das crenças das pessoas que viram nisso o castigo de Deus.
O autor, neste seu livro, começa por falar da Lisboa antiga com todos os seus privilégios que viria a ser destruída, literalmente, pelo abalo sísmico de 1755. Uma obra que toca nos pontos nevrálgicos do Império e que traz muitos Code QR para nos informar sobre os documentos a que faz referência.
O homem que se distinguiu nesse trágico acontecimento, como sabemos, foi o Marquês de Pombal e Conde de Oeiras, Sebastião Jose de Carvalho e Melo, Secretário de Estado do Reino, de 1750 a 1777, durante o reinado de D José. Além da sua acção no terramoto de 1755, com a consequente reconstrução da cidade de Lisboa, protagonizou o processo dos Távoras e a expulsão dos Jesuítas de Portugal e colónias.
Representante do despotismo esclarecido em Portugal, que defendia a exaltação do Estado e o poder do soberano, incorporada por ideias iluministas, várias foram as reformas administrativas, sociais e económicas que levou a efeito. Entre elas assinala-se a criação da Real Mesa Censória em 1768, com o objetivo de transferir, na totalidade, para o Estado a fiscalização das obras que se pretendessem publicar ou divulgar no Reino, o que até então estava a cargo do Tribunal do Santo Ofício. aqui
Na sequência do terramoto, vemos intelectuais da época analisar e opinar sobre o que acontecera como, por exemplo, M. de Voltaire, de seu nome, François-Marie Arouet. Ele produz, sobre o assunto, um extenso poema.
Eis um excerto:
"Ó infelizes mortais! Ó terra lastimável!
Na gestão desta calamidade, foi atribuída ao Marquês de Pombal esta frase: Enterrar os mortos e cuidar dos vivos. Contudo, a mesma terá sido da autoria de Pedro de Almeida, 1º Marquês de Alorna.
Voltarei com mais um apontamento.
Abraços, meus amigos
Olinda
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Recordar 1755 - De André Canhoto Costa, 1ª edição Outubro de 2025
imagem: net
sexta-feira, 7 de novembro de 2025
Que desabrochem flores...
Havia em Babilónia uma canção. Tão prenhe de memória que explodia em multidões...
Um dia, alquebrados, mas vivos, os babilónios ocuparam a rua. Com fome de pão e de Futuro. E abarrotaram avenidas e praças, num coro de estrofes e emoções...
Hammurabi, o legislador, cofia a barba: há que subir o pré aos generais.
Chegou tarde, porém - os generais estão indignados...
Dizem alguns que os Escribas estão a mudar de campo. E relatam...
**
Um poeta cego e semilouco exclama: que desabrochem flores na ponta dos sabres!...
In: Notícias de Babilónia e outras metáforas, pg 95, de Manuel Veiga
O autor entende a crise racionalmente, mas sente-a emocionalmente. É sobretudo um criador de poesia, da qual não se desembaraça nestes textos. As suas metáforas políticas, quase sempre amargas, constituem, de alguma forma, insurgências de uma zombaria ancestral, com que a arraia-miúda se vingava dos desmandos dos poderosos. Outras vezes, os textos ecoam uma plangência dorida e esperançosa, como gestos solidários que se expõem desamparados ao leitor (…) do prefácio de António Bica João Corregedor
terça-feira, 4 de novembro de 2025
Tertúlia de Amor (4)
Tertúlia de Amor
a decorrer até Dezembro
(Um post por mês)
BLOG: AMORAZUL
Reencontro
cheirava a maresia.
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Imagem: net
quinta-feira, 30 de outubro de 2025
LISBON REVISITED (1923)
Não: não quero nada
Já disse que não quero nada.
Não me venham com conclusões!
A única conclusão é morrer.
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Que mal fiz eu aos deuses todos?
Se têm a verdade, guardem-na!
Sou um técnico, mas tenho técnica só dentro da técnica.
Fora disso sou doido, com todo o direito a sê-lo.
Com todo o direito a sê-lo, ouviram?
Não me macem, por amor de Deus!
Queriam-me casado, fútil, quotidiano e tributável?
Queriam-me o contrário disto, o contrário de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciência!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sozinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sozinho.
Já disse que sou sozinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!
Ó céu azul — o mesmo da minha infância —
Eterna verdade vazia e perfeita!
Ó macio Tejo ancestral e mudo,
Pequena verdade onde o céu se reflecte!
Ó mágoa revisitada, Lisboa de outrora de hoje!
Nada me dais, nada me tirais, nada sois que eu me sinta.
Deixem-me em paz! Não tardo, que eu nunca tardo...
E enquanto tarda o Abismo e o Silêncio quero estar sozinho!
Não me tragam estéticas!
Não me falem em moral!
Tirem-me daqui a metafísica!
Não me apregoem sistemas completos, não me enfileirem conquistas
Das ciências (das ciências, Deus meu, das ciências!) —
Das ciências, das artes, da civilização moderna!
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
Poesias de Álvaro de Campos. Fernando Pessoa. Lisboa: Ática, 1944 (imp. 1993).
- 247.1ª publ. in Contemporânea, nº 8. Lisboa: 1923.
domingo, 26 de outubro de 2025
João Chagas - o jornalista panfletário*
Anteontem, no banquete oferecido em Santarém aos republicanos de Lisboa, deu-se um episódio ao qual tive a boa fortuna de assistir.
Ao terminar um brinde, um republicano da região ergueu um viva à República a que todos os assistentes se associaram. Mas, neste momento, o Sr José Relvas, que assistia ao banquete, levantou-se do seu lugar e considerou um momento com serenidade a sala agitada da festa, como parecendo pedir silêncio, que de resto, logo se fez. No meio do silêncio, então, o Sr Relvas, com a serenidade que é própria do seu porte e das suas palavras, disse:
_Mais alto! Mais alto para que se ouça em Lisboa!
E, levantando a voz, bradou por sua vez:
_Viva a República!
(...)
João Chagas, 1908, in diário da Liberdade, de Aniceto Afonso, pgs 356/357
João Chagas
***
Estamos em 1908, ano em que se deu o regicídio. O rei D.Carlos I e o príncipe herdeiro Luís Filipe foram assassinados, marcando um ponto de viragem na história política portuguesa.
Desde 1876 que o Partido Republicano vinha fazendo história ganhando ainda mais proeminência com o Ultimato Inglês, que exigia que Portugal retirasse as suas tropas dos territórios entre angola e Moçambique, hoje Zimbabwe e Malawi.
O partido propunha a substituição da monarquia constitucional por uma república liberal parlamentar e vai beber os seus fundamentos na Revolução Francesa, 1789, defendendo os valores da liberdade, igualdade, fraternidade. Não esquecer que a Revolução Francesa foi inspirada pela Revolução Americana, 1776, que defendia a participação dos cidadão nas decisões governamentais.
Entre os vários seguidores de ideais republicanos temos João Pinheiro Chagas, (1863-1925), homem multifacetado, jornalista, escritor, crítico literário, político, diplomata e conspirador, republicano liberal que, por via disso, foi por variadas vezes preso e degredado para a colónia penal de Angola, por um período de 6 anos, donde fugiu.
A 1 de Novembro de 1891, foi enviado de novo para Angola, fugindo de novo, desta feita para o Brasil, sua terra natal, donde depois regressou tendo fundado a Marselhesa e continuando a sua acção em prol de regime republicano.
Do seu curriculum consta que deixou uma das obras mais importantes, e por isso mesmo mais injustamente esquecida, do jornalismo político, de ideias e de doutrinação democrática publicadas em Portugal, sendo autor de alguns dos textos basilares para a compreensão do processo formativo, evolução e parâmetros ideológicos do republicanismo português e continuou a lutar pela causa republicana.
Da sua experiência do degredo escreveu Trabalhos Forçados (1900) e Diário de um Condenado Político (1913).
Na altura da sua morte, Carlos Olavo expressou no Diário de Notícias (1 de Junho de 1925) a devoção inteira a essa causa: "A figura de João Chagas implica uma página das mais sugestivas da história da República. Direi melhor da pré-história porque a sua acção começa vinte anos antes da implantação do regime. (...) Traçar o perfil político de João Chagas é escrever a história desse período imediatamente anterior à implantação da República no que ela tem de mais emocionante de mais agitado e de mais febril. Em todos os acontecimentos que nele se desenrolaram João Chagas teve sempre um papel dominante." aqui
No passado dia 5 de Outubro homenageou-se a data da Implantação da República. Todos os anos faço menção a essa data, não me esquecendo, normalmente, dos três conspiradores Miguel Augusto Bombarda, Cândido dos Reis e António Machado Santos.
Se lhe interessar, veja aqui um dos meus textos, escrito em 18 de Janeiro de 2019, com o título, Heróis Trágicos da República.
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João Chagas: Itinerários de um intelectual republicano - Noêmia Novais, link indicado por José Carlos Sant Anna.
Muito obrigada, amigo.
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Bom fim de semana, amigos.
Abraços.
Olinda
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*daqui - biografia no Público
quarta-feira, 22 de outubro de 2025
Esta lembrança
Esta doce lembrança
Cruel no seu âmago
Colou-se-me à pele
Imprimiu-se em mim
É força positiva, aliás,
Energia quase negativa
Conforme eu visiono
O meu mundo interior
Um desejo insatisfeito
Muito para além de mim
Universo assaz perdido
Num dia aziago e distante
Dinola Melo
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Imagem: pixabay