Os homens temem as longas viagens,
os ladrões da estrada, as hospedarias,
os ladrões da estrada, as hospedarias,
e temem morrer em frios leitos
e ter sepultura em terra estranha.
Por isso os seus passos os levam
de regresso a casa, às veredas da infância,
ao velho portão em ruínas, à poeira
das primeiras, das únicas lágrimas.
Quantas vezes em
desolados quartos de hotel
esperei em vão que me batesses à porta,
voz da infância, que o teu silêncio me chamasse.
E perdi-vos para sempre entre prédios altos,
sonhos de beleza, e em ruas intermináveis
e no meio das multidões dos aeroportos.
Agora só quero dormir um sono sem olhos
e sem escuridão, sob um telhado por fim.
À minha volta estilhaça-se
o meu rosto em infinitos espelhos
e desmoronam-se os meus retratos nas molduras.
Só quero um sítio onde pousar a cabeça.
Anoitece em todas as cidades do mundo,
acenderam-se as luzes de corredores sonâmbulos
onde o meu coração, falando, vagueia.
Ala dos Namorados
Caçador de Sóis
(Nuno Guerreiro)
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In: Manuel António Pina - Poesia, Saudade da Prosa
(uma antologia pessoal) pgs 26 e 27
Vide Manuel António Pina - aqui
Boa.noite de paz, querida amiga Olinda!
ResponderEliminarQue video mais lindo!
De uma suave alegria musical encheu meu coração.
A segunda estrofe me chamou a atenção de forma particular...
O retorno à infância , ao lado bom dela, é uma forma de consolo ao coração já cansado de caminhar.
Um poema cheio de sentimento.
Tenha dias abençoados!
Beijinhos fraternos
Olinda, que linda poesia que trouxeste e o vídeo muito lindo igualmente!
ResponderEliminarTenhas um ótimo dia! beijos, tuuuuuuuuudo de bom,chica
Uma extraordinária poesia acompanhada de um belíssimo vídeo, Olinda bjs.
ResponderEliminarA vida é uma viagem nem sempre fácil, e todos queremos um dia encontrar um lugar especial, onde seja possível pousar a cabeça tranquilamente, deixando apenas o coração vaguear.
ResponderEliminarBelíssimo poema.
Beijinhos